**A Ressurreição e a Grande Missão**

Na madrugada do primeiro dia da semana, quando o sol ainda não havia despontado no horizonte, um silêncio profundo envolvia Jerusalém. A cidade dormia, exausta após os acontecimentos tumultuados da crucificação. Mas algo extraordinário estava prestes a acontecer.

Maria Madalena e a outra Maria, mãe de Tiago, caminhavam em direção ao túmulo onde Jesus havia sido sepultado. Levavam consigo aromas e especiarias para ungir o corpo do Mestre, conforme o costume judaico. Seus corações estavam pesados de tristeza, mas movidos por um amor que nem a morte podia apagar.

Enquanto se aproximavam do sepulcro, escavado na rocha e selado com uma grande pedra, a terra de repente estremeceu. Um terremoto sacudiu o chão, e elas viram, atônitas, um anjo do Senhor descer dos céus. Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes, brancas como a neve. O anjo rolou a pedra para o lado e sentou-se sobre ela. Os guardas romanos, postados ali para evitar qualquer furto do corpo, tremeram de terror e caíram como mortos.

O anjo, porém, dirigiu-se às mulheres com voz serena:

— Não temais! Sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, pois ressuscitou, como havia dito. Vinde e vede o lugar onde jazia.

Com corações acelerados, elas olharam para dentro do túmulo. O lençol que envolvera o corpo de Jesus estava ali, dobrado cuidadosamente, mas o Senhor não se encontrava mais naquele lugar. O anjo continuou:

— Ide depressa e dizei aos seus discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e que vai adiante de vós para a Galileia. Lá O vereis. Eis que eu vos disse!

As mulheres, tomadas por uma mistura de temor e alegria, saíram rapidamente do sepulcro. Seus pés pareciam não tocar o chão, tamanha era a pressa em anunciar a notícia. Enquanto corriam, eis que o próprio Jesus lhes apareceu no caminho!

— Alegrai-vos! — disse Ele, com um sorriso que dissipou todo o medo.

Elas se prostraram diante dEle, abraçando-Lhe os pés em adoração.

— Não tenhais medo — continuou Jesus. — Ide e avisai a meus irmãos que se dirijam à Galileia. Lá me verão.

Enquanto isso, os guardas que haviam caído desfalecidos recobraram os sentidos. Assustados e confusos, correram para a cidade e relataram aos principais sacerdotes tudo o que acontecera. Os líderes religiosos, perturbados pela notícia, reuniram-se em segredo.

— Se essa história se espalhar, o povo crerá que Jesus realmente ressuscitou! — murmuravam entre si.

Decidiram então subornar os soldados, dando-lhes uma grande soma de dinheiro.

— Digam a todos que os discípulos dEle vieram durante a noite e roubaram o corpo enquanto vocês dormiam — ordenaram. — E, se o governador Pilatos ficar sabendo, nós o acalmaremos para que vocês não sejam punidos.

Os soldados, tentados pela prata, aceitaram a mentira e espalharam a falsa história. Mas a verdade já se propagava pelos lábios das mulheres e, em breve, pelos discípulos.

Na Galileia, como Jesus havia prometido, os onze discípulos se reuniram no monte que Ele lhes indicara. Quando O viram, alguns ainda duvidaram, mas Ele se aproximou e falou com autoridade:

— Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Suas palavras ecoaram como um mandato eterno. Os discípulos saíram pelo mundo, pregando o Evangelho, batizando e ensinando, certos de que Aquele que venceu a morte jamais os abandonaria.

E assim, a Ressurreição não foi apenas um milagre do passado, mas o início de uma missão que atravessaria os séculos, levando a luz de Cristo até os confins da terra.