Bíblia em Contos

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Jonas e a Misericórdia Divina em Nínive (98 caracteres)

**A Ira de Jonas e a Misericórdia de Deus**

O sol escaldante do oriente queimava o céu de Nínive, tingindo-o de um laranja avermelhado, como brasas sopradas pelo vento. Jonas, o profeta, sentava-se a leste da grande cidade, onde outrora anunciara a destruição iminente. Seu rosto estava marcado pela frustração, os olhos fixos no horizonte como se esperasse ver, a qualquer momento, colunas de fogo consumindo aquela metrópole pecadora. Mas nada acontecia.

A mensagem de Jonas havia sido clara: “Daqui a quarenta dias, Nínive será destruída!” (Jonas 3:4). No entanto, contra todas as suas expectativas, o povo se arrependera. Desde o rei até o mais humilde servo, todos haviam se vestido de pano de saco, jejuado e clamado a Deus por misericórdia. E o Senhor, em Sua infinita compaixão, decidira poupar a cidade.

Jonas, porém, não conseguia aceitar isso. Seu coração estava tomado por uma ira amarga. “Ah, Senhor!”, ele clamou, sentado no chão árido, as mãos cerradas. “Não foi isso que eu temia quando ainda estava na minha terra? Por isso me adiantei, fugindo para Társis, porque sabia que és Deus clemente e misericordioso, tardio em irar-te e grande em benignidade, e que te arrependes do mal!” (Jonas 4:2). Ele não queria que Nínive fosse poupada. Queria ver a justiça divina em ação, o juízo sobre aquela nação cruel e opressora.

Enquanto murmurava suas queixas, o calor do deserto parecia aumentar. O suor escorria por seu rosto, e a sombra escassa de um arbusto ressequido não era suficiente para aliviar seu desconforto. Então, num ato de misericórdia mesmo para com o profeta rebelde, Deus fez crescer uma planta, uma aboboreira, que em uma noite brotou e se estendeu sobre Jonas, oferecendo-lhe sombra fresca e alívio. O coração de Jonas se alegrou com aquela dádiva inesperada.

Mas a alegria durou pouco. Na manhã seguinte, ao raiar do dia, Deus enviou um verme que atacou a raiz da planta, fazendo-a murchar rapidamente. E, como se não bastasse, um vento abrasador soprou do deserto, enquanto o sol inclemente batia sobre a cabeça de Jonas até que ele quase desfaleceu.

Exausto e irritado, o profeta desejou a morte. “Melhor me é morrer do que viver!”, ele resmungou, sentindo o peso do desespero.

Foi então que a voz do Senhor veio até ele, suave mas firme: “Tens tu razão por te irares por causa desta planta?”

Jonas, sem hesitar, respondeu com amargura: “Tenho razão em me irar até à morte!”

O Senhor, então, falou com paciência infinita: “Tiveste compaixão desta planta, que não te custou trabalho nenhum, que não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu. E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a esquerda, e também muitos animais?” (Jonas 4:10-11).

As palavras do Senhor ecoaram no coração de Jonas como um chamado à reflexão. Ele havia se preocupado mais com uma planta passageira do que com milhares de vidas. Seu desejo de justiça havia se transformado em sede de vingança, enquanto o coração de Deus transbordava de misericórdia.

E assim, a história de Jonas terminava sem um desfecho definitivo sobre sua reação final. Mas a lição permanecia clara: Deus não se alegra com a morte do ímpio, mas deseja que todos se arrependam e vivam (Ezequiel 33:11). Sua compaixão é maior que a ira humana, e Seu amor alcança até os mais distantes pecadores.

Jonas, sentado sob o sol implacável, ficou em silêncio. E naquele momento, talvez tenha começado a entender o verdadeiro coração de Deus.

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