**O Sábio e o Tolo: Uma História Baseada em Eclesiastes 10**
Era uma vez, em uma pequena cidade cercada por colinas verdejantes e banhada pelo sol dourado da Palestina, um rei chamado Eliab. Ele governava com justiça, mas, como todos os homens, estava sujeito aos erros e às armadilhas da vaidade. Em seu palácio de mármore branco, adornado com tapeçarias ricamente bordadas, ele se cercava de conselheiros—alguns sábios, outros tolos.
Entre os servos do rei, havia um jovem chamado Jônatas, conhecido por sua sabedoria e discrição. Ele trabalhava nos campos, cuidando das vinhas do palácio, mas muitas vezes era chamado para aconselhar o rei em assuntos delicados, pois suas palavras eram como “maçãs de ouro em salvas de prata” (Provérbios 25:11). No entanto, havia também um homem chamado Reúben, orgulhoso e precipitado, que ocupava um cargo elevado no reino, mas cujas ações eram marcadas pela insensatez.
Certo dia, o rei Eliab decidiu convocar seus conselheiros para discutir um problema que afligia o povo: uma praga de gafanhotos ameaçava destruir as colheitas. Reúben, ansioso por demonstrar sua importância, foi o primeiro a falar.
— Ó grande rei! — exclamou, erguendo as mãos com pompa. — Devemos reunir todos os homens da cidade e ordenar que queimem os campos infestados! Assim, os gafanhotos serão exterminados!
O rei, impressionado pela veemência de Reúben, inclinou a cabeça, considerando a proposta. Mas Jônatas, que observava em silêncio, sentiu um peso no coração. Ele sabia que queimar os campos destruiria não apenas os gafanhotos, mas também as plantações que alimentavam o povo.
— Meu senhor — disse Jônatas, curvando-se respeitosamente —, permita que eu fale.
O rei acenou com a mão, concedendo-lhe a palavra.
— Se queimarmos os campos agora, o povo passará fome no inverno. Em vez disso, sugiro que enviemos homens para colher o que ainda pode ser salvo e, depois, usemos aves e redes para capturar os gafanhotos restantes. Assim, teremos alimento e resolveremos o problema sem destruir o sustento de muitas famílias.
O conselho de Jônatas era sábio, mas Reúben, sentindo-se humilhado, bufou de indignação.
— Esse camponês ousa questionar minha autoridade? — gritou, apontando para Jônatas. — Eu sou o conselheiro-chefe do rei!
O palácio ficou em silêncio. Todos sabiam que “como o estrume que atrai as moscas, a ira do tolo revela sua loucura” (Eclesiastes 10:1). O rei, porém, hesitou. A arrogância de Reúben o impressionava, enquanto a humildade de Jônatas parecia fraqueza aos seus olhos.
— Seguiremos o plano de Reúben — declarou o rei.
Jônatas abaixou a cabeça, mas não protestou. Ele sabia que “as palavras do sábio são ouvidas com quietude, mas o tolo fala sem temor” (Eclesiastes 10:12).
Nos dias que se seguiram, os campos foram queimados. O fogo consumiu não apenas os gafanhotos, mas também o trigo, as uvas e as oliveiras. Quando o inverno chegou, a fome assolou a cidade. O povo, desesperado, clamou ao rei por ajuda.
Eliab, então, percebeu seu erro. Ele chamou Jônatas e pediu-lhe conselho.
— O que devo fazer agora? — perguntou, angustiado.
Jônatas respondeu com calma:
— Ainda há tempo, meu senhor. Podemos negociar com as cidades vizinhas, trocando nossos tecidos e azeite por alimento. Além disso, devemos replantar imediatamente, mesmo que a colheita seja pequena.
O rei seguiu o conselho de Jônatas, e, com o tempo, a cidade se recuperou. Reúben, envergonhado por sua insensatez, afastou-se do palácio.
Assim, cumpriu-se a palavra do Eclesiastes: “A sabedoria do homem humilde o fará prosperar, mas o tolo será derrubado por sua própria língua” (Eclesiastes 10:12).
E o rei Eliab aprendeu que “melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só erro destrói muitos bens” (Eclesiastes 9:18). A partir daquele dia, ele passou a valorizar mais a humildade do que a arrogância, e a cidade floresceu sob o temor do Senhor.
**Fim.**
