Bíblia em Contos

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Jesus Ensina sobre Casamento, Riqueza e o Reino dos Céus

Era uma vez, em uma região montanhosa da Judeia, onde o sol brilhava intensamente sobre as colinas áridas e os vales verdejantes, que Jesus continuava Sua jornada de ensinamentos e milagres. Ele havia deixado Cafarnaum e seguia em direção à Judeia, atravessando aldeias e cidades, sempre acompanhado por uma multidão de pessoas ávidas por ouvir Suas palavras e testemunhar Seus feitos extraordinários. Entre os que O seguiam, havia fariseus, discípulos, mulheres, crianças e até mesmo homens ricos e influentes, todos atraídos pela sabedoria e autoridade que emanavam dEle.

Certo dia, enquanto Jesus caminhava por uma estrada poeirenta, cercada por oliveiras e figueiras, um grupo de fariseus se aproximou dEle com uma pergunta que carregava consigo uma intenção oculta. Eles queriam testá-Lo, colocá-Lo à prova, para ver se Ele cairia em alguma contradição ou se Suas palavras poderiam ser usadas contra Ele. Um deles, um homem de barba bem cuidada e vestes impecáveis, perguntou com um tom de desafio:

— Mestre, é lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?

Jesus, que conhecia os corações e as intenções de todos, olhou para eles com um olhar penetrante, mas cheio de compaixão. Ele sabia que a pergunta não vinha de um desejo sincero de aprender, mas de uma tentativa de enredá-Lo em uma discussão legalista. No entanto, Ele respondeu com sabedoria e clareza, levando-os de volta às origens do plano de Deus para o casamento.

— Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez homem e mulher? — perguntou Jesus, Sua voz suave, mas firme, ecoando no ar. — E disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne’. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.

Os fariseus ficaram em silêncio por um momento, ponderando Suas palavras. Eles estavam acostumados a debater sobre as nuances da lei mosaica, especialmente no que dizia respeito ao divórcio, mas Jesus havia trazido a discussão de volta ao coração do propósito divino. Ele continuou:

— Por que, então, Moisés ordenou dar carta de divórcio e repudiar a mulher?

Jesus olhou para eles com um olhar que parecia penetrar suas almas, e respondeu:

— Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas, no princípio, não foi assim. Eu vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, exceto por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério.

As palavras de Jesus eram como uma espada afiada, cortando através das justificativas humanas e trazendo à tona a verdade divina. Os fariseus, acostumados a manipular a lei para seus próprios interesses, ficaram perplexos. Eles não esperavam uma resposta tão direta e profunda. Enquanto isso, os discípulos, que haviam ouvido a conversa, começaram a murmurar entre si, refletindo sobre o que Jesus havia dito.

Mais tarde, quando Jesus e Seus discípulos estavam a sós, eles O abordaram com mais perguntas. Pedro, sempre impulsivo e sincero, perguntou:

— Senhor, se essa é a condição do homem em relação à mulher, não é melhor não casar?

Jesus olhou para Pedro com um sorriso gentil, reconhecendo a sinceridade de sua pergunta. Ele respondeu:

— Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem é concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram feitos pelos homens; e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.

Enquanto Jesus falava, uma multidão começou a se reunir ao Seu redor, trazendo crianças pequenas para que Ele as abençoasse. Os discípulos, pensando que as crianças poderiam atrapalhar ou distrair o Mestre, tentaram afastá-las. Mas Jesus, vendo o que estava acontecendo, repreendeu-os com ternura:

— Deixai os pequeninos, e não os impeçais de vir a Mim, porque dos tais é o reino dos céus.

Ele então colocou Suas mãos sobre as crianças, uma por uma, abençoando-as com palavras de amor e proteção. Os pais, emocionados, agradeciam a Deus por terem tido a oportunidade de trazer seus filhos até Jesus.

Enquanto isso, um jovem rico, vestido com roupas finas e com um ar de nobreza, aproximou-se de Jesus. Ele havia ouvido os ensinamentos do Mestre e estava profundamente impressionado. Ajoelhando-se diante de Jesus, ele perguntou:

— Bom Mestre, que bem farei para alcançar a vida eterna?

Jesus olhou para ele com um olhar que parecia ver além das riquezas e das aparências, e respondeu:

— Por que Me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

O jovem, ansioso por agradar a Deus, perguntou:

— Quais?

Jesus enumerou alguns dos mandamentos:

— Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.

O jovem respondeu com confiança:

— Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade. O que me falta ainda?

Jesus, conhecendo o coração do jovem, olhou para ele com compaixão e disse:

— Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me.

Ao ouvir essas palavras, o rosto do jovem mudou. Ele ficou triste e abatido, pois era muito rico e possuía muitas propriedades. Ele não estava disposto a abrir mão de suas riquezas para seguir Jesus. Com o coração pesado, ele se afastou, cabisbaixo.

Jesus, então, voltou-Se para Seus discípulos e disse:

— Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

Os discípulos ficaram espantados com essas palavras e perguntaram:

— Quem poderá, então, salvar-se?

Jesus olhou para eles com um olhar cheio de esperança e respondeu:

— Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Pedro, sempre rápido em expressar seus pensamentos, disse:

— Eis que nós deixamos tudo e Te seguimos; que receberemos, pois?

Jesus sorriu para ele e respondeu:

— Em verdade vos digo que, na regeneração, quando o Filho do Homem Se assentar no trono da Sua glória, vós, que Me seguistes, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor do Meu nome, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna. Mas muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros.

Enquanto Jesus falava, o sol começava a se pôr, pintando o céu com tons de laranja e roxo. A multidão, ainda maravilhada com Seus ensinamentos, começou a se dispersar, cada um refletindo sobre as palavras que haviam ouvido. Jesus e Seus discípulos continuaram sua jornada, seguindo em direção a Jerusalém, onde eventos ainda maiores os aguardavam.

E assim, naquele dia, Jesus ensinou sobre o casamento, a riqueza e o sacrifício, mostrando que o reino dos céus exige um coração disposto a abrir mão de tudo para seguir a vontade de Deus. Suas palavras ecoaram nos corações daqueles que O ouviam, desafiando-os a viverem vidas de integridade, amor e entrega total ao Senhor.

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