**A Conquista de Midiã: A História de Números 31**
Era um tempo de decisões e juízos divinos. Os israelitas, após longas jornadas pelo deserto, estavam prestes a testemunhar mais uma demonstração do poder e da justiça de Deus. Moisés, o líder escolhido pelo Senhor, recebeu uma ordem clara e solene: “Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois serás recolhido ao teu povo” (Números 31:2). A voz de Deus ecoava com autoridade, e Moisés sabia que aquela seria uma missão crucial antes de sua partida deste mundo.
Os midianitas haviam sido instrumentos de tentação e queda para Israel. Lembravam-se bem de Balaão, o profeta contratado para amaldiçoar o povo de Deus, mas que, em vez disso, acabou por abençoá-los. No entanto, foi ele quem, mais tarde, aconselhou os midianitas a seduzir os israelitas à idolatria e à imoralidade, levando muitos a se desviarem do caminho do Senhor. Agora, era chegada a hora de prestar contas.
Moisés convocou os líderes das tribos e escolheu mil homens de cada uma das doze tribos de Israel, totalizando doze mil soldados preparados para a batalha. Cada homem estava armado com espadas, escudos e lanças, mas acima de tudo, estavam revestidos da confiança de que o Senhor lutaria por eles. Finéias, filho de Eleazar, o sumo sacerdote, foi designado para liderar a tropa, carregando consigo os objetos sagrados do tabernáculo e as trombetas que anunciariam a presença de Deus no campo de batalha.
A marcha começou ao amanhecer. O sol nascia sobre as colinas áridas, lançando sombras longas sobre o deserto. Os passos dos soldados ecoavam em uníssono, enquanto o pó levantado pelo exército formava uma nuvem que subia aos céus. O coração de cada guerreiro batia forte, não apenas pelo medo da guerra, mas pela certeza de que estavam cumprindo a vontade do Senhor.
Ao chegarem às terras de Midiã, os israelitas se organizaram em formação de batalha. Os midianitas, surpresos pela investida, tentaram resistir, mas logo perceberam que estavam diante de um inimigo muito maior do que suas espadas e lanças. O Senhor estava com Israel, e Seu poder se manifestou de forma avassaladora. Os midianitas foram derrotados sem chance de defesa. Todos os seus homens foram mortos, incluindo os cinco reis de Midiã: Evi, Requém, Zur, Hur e Reba. Até Balaão, o profeta que havia traído o povo de Deus, foi encontrado entre os mortos, cumprindo-se assim a justiça divina.
As mulheres e crianças midianitas foram capturadas, e suas cidades, tendas e rebanhos foram tomados como despojo. Os israelitas incendiaram todas as habitações e fortalezas, deixando para trás apenas cinzas e memórias de um povo que havia desafiado o Deus de Israel.
Ao retornarem ao acampamento, os soldados foram recebidos com alegria, mas também com uma ordem severa de Moisés. Ele percebeu que as mulheres midianitas, que haviam sido poupadas, eram as mesmas que haviam seduzido os israelitas à idolatria. “Deixastes viver todas as mulheres?”, perguntou Moisés, com voz firme e olhar penetrante. “Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram transgredir os filhos de Israel contra o Senhor no caso de Peor, pelo que houve praga entre a congregação do Senhor” (Números 31:15-16).
Moisés ordenou que todos os meninos midianitas e todas as mulheres que haviam conhecido homem fossem mortos, poupando apenas as meninas virgens. Foi um momento difícil e doloroso, mas necessário para purificar o povo de Israel e evitar que a idolatria e a imoralidade se infiltrassem novamente em seu meio.
Os despojos foram divididos entre os soldados e o restante da congregação. Uma parte foi separada como oferta ao Senhor, entregue a Eleazar, o sumo sacerdote, como gratidão pela vitória concedida. Ouro, prata, bronze, tecidos e animais foram contabilizados e distribuídos conforme a orientação divina. Tudo foi feito com ordem e reverência, honrando a Deus por Sua provisão e proteção.
Ao final, Moisés e Eleazar apresentaram um relatório detalhado a toda a congregação, mostrando que cada detalhe da missão havia sido cumprido conforme a vontade do Senhor. O povo de Israel reconheceu que a vitória não havia sido por sua própria força, mas pela mão poderosa de Deus, que lutava por Seu povo e garantia o cumprimento de Suas promessas.
Assim, os israelitas aprenderam uma lição valiosa sobre obediência, justiça e fidelidade. A história da conquista de Midiã ficou gravada em suas memórias como um testemunho do poder de Deus e de Sua santidade, que exige que Seu povo viva em retidão e separação do mal. E Moisés, sabendo que seu tempo estava próximo, olhou para o futuro com a certeza de que o Senhor continuaria a guiar Israel, cumprindo Seus propósitos eternos.