No primeiro livro dos Reis, capítulo 6, encontramos uma narrativa rica e detalhada sobre a construção do Templo de Salomão, um dos eventos mais significativos da história de Israel. Vamos explorar essa história com profundidade, mantendo a precisão teológica e utilizando descrições vívidas para trazer à vida esse momento sagrado.
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Era o ano 480 após o Êxodo do povo de Israel do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive, que corresponde ao segundo mês do calendário judaico. O Senhor havia concedido paz ao reino, e Salomão, cumprindo o desejo de seu pai, Davi, decidiu construir uma casa para o nome do Senhor, um lugar onde a glória de Deus pudesse habitar entre o Seu povo.
Salomão mobilizou todo o reino para essa obra grandiosa. Ele enviou mensageiros a Hirão, rei de Tiro, um aliado de seu pai, solicitando madeira de cedro do Líbano, conhecida por sua durabilidade e aroma agradável. Hirão concordou, e grandes toras de cedro foram cortadas e transportadas pelo mar em jangadas até o porto de Jope, de onde eram levadas para Jerusalém. Além disso, Salomão recrutou milhares de trabalhadores: pedreiros, carpinteiros, artesãos e escultores, tanto de Israel quanto de outras nações.
O local escolhido para o Templo foi o monte Moriá, onde outrora Abraão havia oferecido Isaque em sacrifício e onde Davi havia comprado a eira de Araúna, o jebuseu, para construir um altar ao Senhor. Era um lugar sagrado, carregado de significado espiritual.
O Templo foi projetado com precisão divina. Suas dimensões eram impressionantes: sessenta côvados de comprimento, vinte côvados de largura e trinta côvados de altura. O Santo Lugar, ou Hekal, era a parte principal do Templo, enquanto o Santo dos Santos, ou Debir, era um cubo perfeito de vinte côvados de cada lado, separado por um véu bordado com querubins. Era ali que a Arca da Aliança seria colocada, simbolizando a presença de Deus entre o Seu povo.
As paredes do Templo foram construídas com pedras lavradas, cortadas e polidas com tanta precisão que não se ouvia o som de martelo, cinzel ou qualquer ferramenta de ferro durante a construção. Isso simbolizava a reverência e o silêncio sagrado que acompanhavam a obra de Deus. O interior do Templo era revestido com madeira de cedro, desde o chão até o teto, e o assoalho era de madeira de cipreste. As paredes de cedro eram adornadas com entalhes de querubins, palmeiras e flores abertas, tudo coberto de ouro puro, que refletia a luz das lamparinas e criava uma atmosfera celestial.
No Santo dos Santos, Salomão mandou esculpir dois querubins de madeira de oliveira, cada um com dez côvados de altura. Suas asas estendidas tocavam as paredes do santuário e uma à outra, formando um arco protetor sobre a Arca. Esses querubins, revestidos de ouro, representavam os guardiões do trono de Deus, lembrando ao povo da santidade e majestade do Senhor.
O Templo também possuía janelas com grades, que permitiam a entrada de luz natural, e três andares de câmaras laterais, que serviam como depósitos para os tesouros do Templo e para os utensílios sagrados. Essas câmaras eram conectadas por escadas e portas, todas cuidadosamente projetadas para não comprometer a estrutura principal.
Enquanto o Templo era construído, o Senhor falou a Salomão, dizendo: “Quanto a esta casa que você está edificando, se você andar nos meus estatutos, executar os meus juízos, guardar todos os meus mandamentos e andar neles, então cumprirei a minha palavra com você, a qual falei a Davi, seu pai. Habitarei no meio dos filhos de Israel e não abandonarei o meu povo.”
Essas palavras eram um lembrete solene de que o Templo, embora magnífico, não era um fim em si mesmo. Era um símbolo da aliança entre Deus e o Seu povo, um lugar onde Ele seria adorado em espírito e em verdade. A presença de Deus não estava limitada às paredes do Templo, mas Ele prometeu habitar ali enquanto o povo permanecesse fiel à Sua aliança.
A construção do Templo levou sete anos, e cada detalhe foi executado com cuidado meticuloso. Quando finalmente foi concluído, o Templo de Salomão se erguia como um testemunho da fidelidade de Deus e da dedicação do rei e do povo. Era uma obra de arte divina, um santuário onde o céu e a terra se encontravam, e onde o povo de Israel poderia se aproximar do seu Criador.
Assim, o capítulo 6 de 1 Reis nos ensina sobre a importância de dedicar nossos melhores esforços à obra de Deus, sobre a reverência que devemos ter ao nos aproximarmos dEle e sobre a promessa de Sua presença quando vivemos em obediência à Sua vontade. O Templo de Salomão não era apenas um edifício; era um símbolo da aliança eterna entre Deus e o Seu povo, um lembrete de que Ele deseja habitar no meio de nós.