Bíblia em Contos

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José: Dos Sonhos à Salvação do Egito

No coração do Egito, em meio ao esplendor do rio Nilo e às majestosas pirâmides que se erguiam como testemunhas silenciosas do poder faraônico, um homem chamado José vivia como prisioneiro. Ele havia sido injustamente acusado e lançado na prisão, mas mesmo ali, a mão de Deus estava sobre ele. José era um homem de sonhos e de interpretações, um dom que Deus lhe concedera desde sua juventude. E foi esse dom que o levou a um momento crucial na história do Egito e do mundo.

Dois anos haviam se passado desde que José interpretara os sonhos do copeiro e do padeiro do faraó. O copeiro, cujo sonho prenunciava sua restauração ao serviço real, havia se esquecido de José, como se ele fosse apenas uma lembrança distante. Mas Deus não se esquece de seus servos, e o tempo de José estava prestes a chegar.

Uma noite, o faraó, o governante mais poderoso do Egito, teve dois sonhos que o perturbaram profundamente. No primeiro sonho, ele estava à margem do rio Nilo, e eis que sete vacas, belas e gordas, subiam das águas e pastavam nos juncos. Logo após, sete outras vacas, feias e magras, subiam do rio e devoravam as vacas gordas. O faraó acordou perturbado, mas ao adormecer novamente, teve um segundo sonho. Desta vez, via sete espigas de trigo, cheias e boas, crescendo em um único talo. De repente, sete espigas mirradas e queimadas pelo vento oriental brotavam e engoliam as espigas cheias.

Ao amanhecer, o coração do faraó estava agitado. Ele convocou todos os magos e sábios do Egito, mas nenhum deles foi capaz de interpretar os sonhos. O faraó estava desesperado, pois sentia que aqueles sonhos carregavam uma mensagem importante, mas ninguém podia decifrá-la. Foi então que o copeiro, lembrando-se de José, aproximou-se do faraó e disse: “Hoje me lembro de minhas faltas. Havia um jovem hebreu na prisão, servo do capitão da guarda, que interpretou meus sonhos com precisão. Talvez ele possa ajudar o faraó.”

Imediatamente, o faraó ordenou que José fosse trazido à sua presença. José foi rapidamente tirado da prisão, barbeado e vestido com roupas limpas. Quando ele se apresentou diante do faraó, o governante do Egito olhou para ele e disse: “Ouvi dizer que você interpreta sonhos.” José, humilde e cheio de fé, respondeu: “Não está em mim o poder de interpretar sonhos, mas Deus dará ao faraó uma resposta que trará paz.”

O faraó então contou seus sonhos a José, detalhando as vacas gordas e magras, as espigas cheias e mirradas. José ouviu atentamente e, inspirado por Deus, começou a explicar: “Os dois sonhos do faraó são na verdade um só. Deus revelou ao faraó o que está prestes a fazer. As sete vacas gordas e as sete espigas cheias representam sete anos de grande abundância que virão sobre o Egito. No entanto, as sete vacas magras e as sete espigas mirradas simbolizam sete anos de fome que seguirão a abundância. A fome será tão severa que toda a prosperidade dos anos anteriores será esquecida.”

José continuou, sua voz firme e cheia de convicção: “O fato de o sonho ter sido repetido duas vezes significa que a questão está decidida por Deus, e Ele se apressará em cumpri-la. Portanto, o faraó deve escolher um homem sábio e capaz e colocá-lo sobre a terra do Egito. Durante os sete anos de abundância, ele deve recolher um quinto de toda a colheita e armazená-la sob a supervisão do faraó. Esse estoque será guardado para os anos de fome, para que a terra não pereça.”

O faraó e todos os seus conselheiros ficaram impressionados com a sabedoria de José. O faraó disse a seus servos: “Poderíamos encontrar alguém como este, em quem habita o Espírito de Deus?” E, voltando-se para José, declarou: “Uma vez que Deus te revelou tudo isso, não há ninguém tão sábio e prudente como você. Você estará sobre a minha casa, e todo o meu povo se sujeitará às suas ordens. Somente no trono eu serei maior que você.”

Assim, o faraó deu a José seu anel-selo, vestiu-o com roupas de linho fino e colocou uma corrente de ouro em seu pescoço. Ele o fez governador de todo o Egito, dizendo: “Eu sou o faraó, mas sem a sua ordem ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito.” José recebeu um novo nome, Zafenate-Paneia, que significa “descobridor de segredos”, e foi-lhe dada como esposa Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.

José tinha trinta anos quando se tornou governador do Egito. Durante os sete anos de abundância, ele percorreu toda a terra, supervisionando a coleta e o armazenamento de grãos em cidades estrategicamente localizadas. A colheita foi tão abundante que os grãos armazenados se tornaram incontáveis, como a areia do mar.

Quando os sete anos de fome chegaram, como José havia predito, a escassez se espalhou por toda a terra. Mas no Egito havia alimento. O povo clamou ao faraó por pão, e ele respondeu: “Vão a José e façam o que ele disser.” A fome se estendeu por toda a terra, e José abriu os celeiros, vendendo trigo aos egípcios e aos povos de outras nações que vinham ao Egito em busca de sustento.

Assim, a sabedoria e a fé de José, guiadas pela mão de Deus, não apenas salvaram o Egito da ruína, mas também prepararam o caminho para o cumprimento de um plano maior. A história de José nos lembra que, mesmo em meio às adversidades, Deus está no controle, trabalhando todas as coisas para o bem daqueles que O amam e são chamados segundo o Seu propósito.

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