Bíblia em Contos

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Jeremias e a Advertência Contra a Idolatria em Judá

No décimo capítulo do livro de Jeremias, o profeta recebe uma mensagem direta de Deus, destinada ao povo de Judá, que havia se desviado dos caminhos do Senhor. A mensagem é clara e contundente: o povo estava se entregando à idolatria, adorando deuses feitos por mãos humanas, e isso provocava a ira do Deus verdadeiro. Jeremias, com o coração pesado, mas cheio de unção divina, começa a transmitir as palavras que o Senhor lhe havia confiado.

Era uma manhã fresca em Jerusalém. O sol começava a subir no horizonte, iluminando as ruas da cidade com um tom dourado. Jeremias caminhava pelas vielas estreitas, observando o movimento das pessoas. Ele via artesãos trabalhando em suas oficinas, comerciantes preparando suas barracas e crianças correndo pelas ruas. Mas o que mais chamava sua atenção eram os altares erguidos em cada esquina, com ídolos de madeira e metal brilhando sob a luz do sol. Estatuetas de Baal, Astarote e outros deuses pagãos eram reverenciados pelo povo, que oferecia incenso, alimentos e até sacrifícios de animais.

Jeremias sentiu um nó na garganta. Ele sabia que aqueles ídolos não passavam de objetos inanimados, feitos por mãos humanas, incapazes de salvar, ouvir ou agir. Mas o povo havia se deixado enganar, trocando a glória do Deus vivo por imagens sem vida. O profeta parou em frente a um altar onde um homem estava prostrado, orando fervorosamente a uma estátua de prata. Jeremias aproximou-se e, com voz firme, começou a falar:

— Escutem a palavra do Senhor, ó casa de Judá! Assim diz o Senhor: “Não aprendam o caminho das nações, nem se assustem com os sinais no céu, embora as nações se assustem com eles. Os costumes dos povos são inúteis; corta-se uma árvore da floresta, um artesão a modela com seu formão. Ele a adorna com prata e ouro, e a fixa com martelo e pregos para que não balance. Esses ídolos são como espantalhos em uma plantação de melões; não podem falar e precisam ser carregados, pois não conseguem andar. Não tenham medo deles, pois não podem fazer nem bem nem mal.”

O homem que estava orando ao ídolo levantou-se, confuso e irritado. Ele olhou para Jeremias com desdém e respondeu:

— Quem é você para falar assim? Esses deuses nos protegem e nos abençoam. Eles são poderosos!

Jeremias, com olhos cheios de compaixão, respondeu:

— Nenhum deles é semelhante a você, ó Senhor; você é grande, e o seu nome é poderoso em majestade. Quem não o temeria, Rei das nações? Pois a você é devido todo o respeito. Entre todos os sábios das nações e em todos os seus reinos, não há ninguém comparável a você. Todos eles são estúpidos e tolos; são ensinados por ídolos inúteis, que não passam de madeira. Trazem prata batida de Társis e ouro de Ufaz, que são trabalhados por artesãos e ourives. Vestem esses ídolos de azul e púrpura, todos obra de homens habilidosos. Mas o Senhor é o verdadeiro Deus; ele é o Deus vivo, o Rei eterno. Quando ele se ira, a terra treme, e as nações não podem suportar o seu furor.

O homem ficou em silêncio, mas outros ao redor começaram a murmurar. Alguns concordavam com Jeremias, enquanto outros o acusavam de blasfêmia. O profeta, porém, não se intimidou. Ele sabia que sua missão era alertar o povo sobre a iminente destruição que viria se eles não se arrependessem.

Jeremias continuou:

— Digam-lhes isto: “Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo dos céus.” Mas o Senhor fez a terra pelo seu poder, estabeleceu o mundo por sua sabedoria e estendeu os céus por seu entendimento. Quando ele troveja, as águas no céu rugem; ele faz as nuvens subirem dos confins da terra. Ele envia relâmpagos com a chuva e traz o vento dos seus depósitos. Todo homem é estúpido e ignorante; todo ourives é envergonhado pelos ídolos que fabrica, pois as imagens que ele funde são uma fraude; elas não têm fôlego de vida. São inúteis, um objeto de zombaria; quando chegar o dia do juízo, perecerão. A porção de Jacó não é como elas, pois ele é o Criador de todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança; o Senhor dos Exércitos é o seu nome.

Enquanto Jeremias falava, uma multidão começou a se formar ao seu redor. Alguns ouviam com atenção, enquanto outros riam e zombavam. Mas o profeta não se importava com o ridículo. Ele sabia que as palavras que saíam de sua boca eram as palavras do próprio Deus, e ele não podia calar-se.

— Reúnam os seus pertences, vocês que serão levados para o exílio — continuou Jeremias, com voz trêmula de emoção. — Pois assim diz o Senhor: “Desta vez lançarei fora os habitantes desta terra. Eu os afligirei para que sejam encontrados.” Ai de mim! Estou ferido! Minha chaga é dolorosa! Mas eu disse: “Esta é a minha enfermidade, e eu devo suportá-la.” Minha tenda está destruída; todas as suas cordas estão rompidas. Meus filhos foram embora e não estão mais aqui. Não há ninguém para armar minha tenda novamente ou para erguer minhas cortinas. Os pastores são estúpidos e não consultam o Senhor; por isso não prosperam, e todos os seus rebanhos estão dispersos.

Jeremias olhou para o céu, onde nuvens escuras começavam a se formar. Ele sabia que o julgamento de Deus era iminente. O povo de Judá havia se afastado do Senhor, e agora colheria as consequências de sua rebeldia. Mas mesmo em meio à escuridão, o profeta enxergava um raio de esperança.

— Ouçam! Está chegando um barulho, um grande tumulto vindo da terra do norte! As cidades de Judá serão arrasadas e se tornarão um lugar deserto, uma morada de chacais. Eu sei, ó Senhor, que o caminho do homem não está em seu próprio controle; não compete ao homem dirigir os seus passos. Corrige-me, Senhor, mas somente com justiça — não com ira, para que não me reduzas a nada. Derrama a tua ira sobre as nações que não te conhecem e sobre os povos que não invocam o teu nome; pois eles devoraram Jacó, devoraram-no completamente e destruíram a sua terra.

Com essas palavras, Jeremias sentiu uma paz profunda em seu coração. Ele havia cumprido sua missão, entregando a mensagem que Deus lhe confiara. Agora, cabia ao povo escolher: continuar na idolatria e enfrentar a destruição, ou voltar-se para o Senhor e encontrar misericórdia.

Enquanto o profeta se afastava, a multidão começou a se dispersar. Alguns refletiam sobre as palavras que haviam ouvido, enquanto outros as ignoravam, voltando aos seus ídolos e rituais. Jeremias sabia que o caminho à frente seria difícil, mas ele confiava no Senhor, o Deus vivo, que jamais abandonaria aqueles que o buscassem de todo o coração.

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