Bíblia em Contos

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A Escolha em Siquém: Renovando a Aliança com Deus

**A Aliança em Siquém: A Escolha do Povo de Deus**

Era um dia de sol radiante na terra de Canaã. O ar estava carregado de uma mistura de expectativa e reverência, enquanto o povo de Israel se reunia em Siquém, um lugar sagrado, cheio de memórias e promessas. Josué, o líder escolhido por Deus para guiar o povo após a morte de Moisés, estava envelhecido, mas sua voz ainda ecoava com autoridade e paixão. Ele sabia que seu tempo na terra estava se esgotando, e havia uma mensagem crucial que precisava ser transmitida ao povo.

Josué convocou todas as tribos de Israel para se apresentarem diante do Senhor. Homens, mulheres, crianças e até os estrangeiros que haviam se unido ao povo de Deus se reuniram diante do tabernáculo. O cenário era majestoso: as colinas de Siquém se erguiam ao fundo, e o céu azul parecia testemunhar o momento solene que estava prestes a acontecer.

Josué, vestido com suas vestes simples, mas dignas, levantou-se diante da multidão. Sua presença era imponente, e todos os olhos estavam fixos nele. Ele começou a falar, e sua voz ecoou como um trovão, carregada de convicção e amor pelo Senhor.

— Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Há muito tempo, os seus antepassados, inclusive Terá, pai de Abraão e de Naor, viviam além do Eufrates e prestavam culto a outros deuses. Mas eu tirei Abraão, seu pai, da terra além do Eufrates e o conduzi por toda a terra de Canaã. Multipliquei os seus descendentes e dei-lhe Isaque. A Isaque dei Jacó e Esaú. A Esaú dei os montes de Seir, mas Jacó e seus filhos desceram para o Egito.’

Josué fez uma pausa, permitindo que as palavras ecoassem no coração do povo. Ele continuou, relembrando a história de Israel, desde a escravidão no Egito até a libertação milagrosa pelas mãos de Deus. Ele falou sobre as pragas, a travessia do Mar Vermelho, a provisão de maná no deserto e a água que brotou da rocha. Cada palavra era uma lembrança do poder e da fidelidade de Deus.

— E vocês viram com os próprios olhos o que fiz ao Egito. Vocês viveram no deserto por muito tempo. Eu trouxe vocês à terra dos amorreus, que viviam a leste do Jordão. Eles lutaram contra vocês, mas eu os entreguei nas suas mãos. Destruí-os diante de vocês. Depois, Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, preparou-se para lutar contra Israel. Ele mandou chamar Balaão, filho de Beor, para amaldiçoar vocês. Mas eu não quis ouvir Balaão; pelo contrário, ele os abençoou, e eu os livrei das mãos dele.

Josué prosseguiu, relembrando como Deus havia entregado os reis cananeus nas mãos de Israel, como Jericó havia caído e como a terra havia sido conquistada passo a passo. Ele enfatizou que não foram as espadas ou os arcos de Israel que garantiram a vitória, mas a mão poderosa do Senhor.

— Eu lhes dei uma terra que não lhes pertence, cidades que vocês não construíram, e nelas vocês vivem. Comem de vinhas e oliveiras que não plantaram.

Então, Josué fez uma pausa e olhou profundamente para os olhos do povo. Ele sabia que era hora de confrontá-los com uma escolha crucial.

— Agora, temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito e sirvam ao Senhor. Mas, se não lhes agrada servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir: se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

O silêncio que se seguiu foi quase palpável. O povo olhou ao redor, sentindo o peso da decisão que precisavam tomar. Então, um murmúrio começou a surgir, crescendo até se tornar uma declaração unânime.

— Longe de nós abandonar o Senhor para servir a outros deuses! Foi o próprio Senhor, o nosso Deus, que nos tirou, a nós e aos nossos pais, da terra do Egito, daquela casa de escravidão. Foi ele que realizou aqueles grandes sinais diante dos nossos olhos e nos protegeu no caminho por onde andamos e entre as nações pelas quais passamos. O Senhor expulsou todas as nações, inclusive os amorreus, que viviam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porque ele é o nosso Deus.

Josué, porém, não se deixou levar pela emoção do momento. Ele conhecia a natureza humana e sabia que palavras fáceis nem sempre refletiam um coração verdadeiramente comprometido.

— Vocês não serão capazes de servir ao Senhor. Ele é um Deus santo; é um Deus zeloso. Ele não perdoará a rebelião e o pecado de vocês. Se abandonarem o Senhor e servirem a deuses estrangeiros, ele se voltará contra vocês e os destruirá, depois de ter sido bom para vocês.

Mas o povo insistiu, com firmeza e determinação:

— Não! Nós serviremos ao Senhor.

Josué, então, tomou uma atitude simbólica e poderosa. Ele ergueu uma grande pedra e a colocou debaixo do carvalho que ficava próximo ao santuário do Senhor.

— Vejam esta pedra! Ela será uma testemunha contra nós. Ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos disse. Será uma testemunha contra vocês, caso neguem o seu Deus.

E assim, naquele dia, Josué fez uma aliança com o povo e lhes deu decretos e leis em Siquém. Ele escreveu essas coisas no Livro da Lei de Deus e ergueu a pedra como um memorial permanente.

O povo se dispersou, cada um para sua herança, mas aquele dia ficou gravado em seus corações. Eles haviam renovado seu compromisso com o Senhor, mas Josué sabia que a verdadeira prova de sua fé viria nos dias, meses e anos seguintes. A pedra permaneceu ali, silenciosa, mas poderosa, como uma lembrança da escolha que haviam feito.

E Josué, filho de Num, servo do Senhor, morreu com cento e dez anos de idade. Ele foi sepultado na terra da sua herança, em Timnate-Sera, nos montes de Efraim. E Israel serviu ao Senhor durante toda a vida de Josué e dos anciãos que sobreviveram a ele e que sabiam de tudo o que o Senhor havia feito por Israel.

Assim, a história de Josué e a aliança em Siquém se tornaram um marco na jornada de Israel, um chamado eterno para escolher servir ao Senhor de todo o coração, com integridade e fidelidade.

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