**A Montanha e o Sermão da Vida Verdadeira**
Era uma manhã fresca e serena na região montanhosa da Galileia. O sol começava a despontar no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e avermelhados. As colinas verdejantes estavam cobertas por um leve véu de neblina, e o ar carregava o perfume da terra molhada pelo orvalho da noite. Jesus, como era seu costume, subiu a uma das montanhas próximas ao Mar da Galileia para orar. Logo, uma multidão começou a se reunir ao seu redor. Homens, mulheres, crianças, idosos, ricos e pobres — todos vinham atraídos por suas palavras de sabedoria e pelo poder de seu amor.
Jesus, vendo a multidão, sentou-se sobre uma grande pedra plana. Seus olhos percorreram os rostos ansiosos daqueles que o cercavam. Ele sabia que muitos estavam ali não apenas para ouvir, mas para encontrar respostas para suas dúvidas mais profundas. Com voz suave, mas cheia de autoridade, Ele começou a ensinar.
“Bem-aventurados os humildes de espírito, pois deles é o Reino dos céus”, disse Ele, e suas palavras ecoaram pelas colinas como um murmúrio divino. A multidão se calou, atenta a cada palavra que saía de seus lábios. Jesus continuou, falando sobre as bem-aventuranças, ensinando sobre o amor ao próximo, a importância da pureza de coração e a necessidade de buscar a justiça de Deus acima de todas as coisas.
Mas, ao chegar ao capítulo sete do Evangelho de Mateus, Jesus começou a falar sobre julgamentos e escolhas. Ele olhou fixamente para a multidão e disse: “Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois, da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.”
As palavras de Jesus eram como uma espada afiada, cortando diretamente ao coração de muitos que estavam ali. Alguns baixaram os olhos, sentindo o peso de suas próprias falhas. Outros se entreolharam, reconhecendo que muitas vezes haviam sido rápidos em criticar os outros, mas lentos em enxergar seus próprios erros.
Jesus continuou, usando uma imagem vívida para ilustrar seu ponto: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu próprio olho; e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.”
A multidão riu baixinho ao imaginar a cena absurda que Jesus descrevia, mas logo a seriedade de suas palavras os fez refletir. Eles entenderam que Jesus estava falando sobre a hipocrisia, sobre a tendência humana de ver os erros dos outros enquanto ignora os próprios.
Jesus então mudou o tom de sua voz, falando com uma ternura que acalmou os corações inquietos. “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.”
Ele olhou para uma mãe que segurava seu filho pequeno nos braços e continuou: “Qual de vocês, se seu filho pedir um pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Se vocês, que são maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!”
As palavras de Jesus trouxeram conforto à multidão. Eles entenderam que Deus, em Sua infinita bondade, estava sempre pronto a ouvir e responder às suas orações. Mas Jesus não parou por aí. Ele queria que entendessem que a fé verdadeira não era apenas sobre pedir, mas também sobre viver de acordo com a vontade de Deus.
“Entrem pela porta estreita”, Ele disse, apontando para um caminho sinuoso que subia a montanha. “Pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Mas estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos são os que a encontram.”
A multidão olhou para o caminho que Jesus indicava. Era íngreme e cheio de pedras, mas Ele os encorajou a seguir adiante, mesmo quando o caminho fosse difícil. Ele os alertou sobre falsos profetas, que pareciam ovelhas, mas por dentro eram lobos devoradores. “Pelos seus frutos vocês os reconhecerão”, disse Ele. “Acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de ervas daninhas? Assim, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore má dá frutos ruins.”
Jesus então concluiu seu ensino com uma parábola poderosa. Ele contou sobre dois homens que construíram suas casas. Um deles construiu sua casa sobre a rocha, cavando fundo até encontrar uma base sólida. O outro construiu sua casa sobre a areia, sem se preocupar com o alicerce. Quando a tempestade chegou, a casa construída sobre a rocha permaneceu firme, mas a casa construída sobre a areia desmoronou completamente.
“Portanto”, disse Jesus, “quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um homem insensato que construiu sua casa sobre a areia.”
A multidão ficou em silêncio, absorvendo cada palavra. Eles entenderam que Jesus não estava apenas ensinando, mas os convidando a uma vida de obediência e fé. Muitos se levantaram com o coração transformado, decididos a seguir o caminho estreito que Ele havia mostrado.
Jesus desceu da montanha, e a multidão o seguiu, ainda maravilhada com suas palavras. O sol já estava alto no céu, e os raios de luz iluminavam o rosto de Jesus, como se o próprio céu estivesse aprovando seu ensino. E assim, naquele dia, na montanha da Galileia, Jesus deixou um legado de sabedoria que ecoaria através dos séculos, guiando todos aqueles que buscavam a verdadeira vida em Deus.