Bíblia em Contos

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O Milagre no Portão Formoso: Cura e Fé em Jerusalém

Era uma manhã ensolarada em Jerusalém, e a cidade estava repleta de peregrinos que haviam vindo de todas as partes para celebrar as festas sagradas. O templo, com suas imponentes colunas e pátios amplos, era o coração da vida religiosa e social. Entre os portões do templo, conhecido como Portão Formoso, um homem coxo desde o nascimento era carregado todos os dias por amigos e familiares. Ele se sentava ali, mendigando esmolas dos que passavam, esperando que a generosidade dos fiéis pudesse aliviar um pouco o peso de sua condição.

Esse homem, cujo nome não é mencionado nas Escrituras, tinha mais de quarenta anos e nunca havia conhecido a sensação de caminhar. Suas pernas, finas e atrofiadas, eram incapazes de sustentar seu corpo. Ele dependia da bondade alheia para sobreviver, e o Portão Formoso era seu lugar de esperança, onde ele podia contar com a piedade dos adoradores que entravam no templo.

Naquela manhã, enquanto o sol começava a aquecer as pedras do pátio, dois homens se aproximaram do portão. Eram Pedro e João, discípulos de Jesus, que haviam sido transformados pelo poder do Espírito Santo após a ascensão do Mestre. Eles vinham ao templo para orar, como era seu costume, mas naquele dia, algo extraordinário estava prestes a acontecer.

O homem coxo, ao ver Pedro e João se aproximando, estendeu a mão e pediu uma esmola. Ele não sabia quem eles eram, mas esperava receber algo que pudesse ajudá-lo a sobreviver mais um dia. Pedro, olhando fixamente para ele, disse: “Olhe para nós!” O homem levantou os olhos, esperando receber uma moeda ou algum alimento, mas o que ele ouviu a seguir mudaria sua vida para sempre.

“Não tenho prata nem ouro”, disse Pedro, “mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!”

E, dizendo isso, Pedro estendeu a mão e o ajudou a se levantar. No mesmo instante, os pés e os tornozelos do homem, que antes eram fracos e inúteis, se fortaleceram. Ele sentiu uma força desconhecida percorrer seu corpo, como se a vida que nunca havia conhecido estivesse fluindo através dele. Com um salto, ele se pôs de pé e começou a caminhar. Pela primeira vez em sua vida, ele sentiu o chão sob seus pés, o vento em seu rosto e a liberdade de se mover por conta própria.

Cheio de alegria e gratidão, ele entrou no templo com Pedro e João, saltando e louvando a Deus. As pessoas que o conheciam ficaram maravilhadas ao vê-lo andando. Elas se aglomeraram ao redor dos três homens, atônitas com o que havia acontecido. O homem que antes era um mendigo coxo agora era um testemunho vivo do poder de Deus.

Pedro, vendo a multidão se reunir, aproveitou a oportunidade para pregar. Ele disse ao povo: “Homens de Israel, por que vos maravilhais com isto? Ou por que fitais os olhos em nós, como se pelo nosso próprio poder ou piedade tivéssemos feito andar este homem? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este havia resolvido soltá-lo. Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que vos fosse concedido um homicida. E matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. E pela fé em seu nome, este homem, que vedes e conheceis, foi fortalecido. Sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este homem esta perfeita saúde na presença de todos vós.”

Pedro continuou a pregar, chamando o povo ao arrependimento e à conversão. Ele falou sobre as profecias que haviam se cumprido em Jesus e sobre a promessa de restauração que Deus havia feito através dos profetas. Ele exortou o povo a se voltar para Deus, a fim de que seus pecados fossem perdoados e que eles pudessem receber o refrigério que vem da presença do Senhor.

A multidão ficou profundamente comovida com as palavras de Pedro. Muitos creram na mensagem que ele proclamou, e naquele dia, cerca de cinco mil pessoas se converteram. O milagre realizado no Portão Formoso não foi apenas uma demonstração do poder de Deus, mas também um sinal de que o nome de Jesus continuava a operar maravilhas, mesmo após sua ascensão.

O homem que havia sido curado não parava de louvar a Deus. Ele se tornou um testemunho vivo da graça e do poder de Jesus, e sua história foi contada por toda Jerusalém. O milagre também trouxe perseguição, pois os líderes religiosos, perturbados pela pregação dos apóstolos, prenderam Pedro e João. Mas mesmo diante da oposição, a mensagem do Evangelho continuou a se espalhar, e o nome de Jesus foi glorificado.

Assim, aquele dia no Portão Formoso tornou-se um marco na história da Igreja primitiva. Um homem que antes era conhecido por sua fraqueza e dependência tornou-se um símbolo da força e da liberdade que só podem ser encontradas em Cristo. E Pedro e João, cheios do Espírito Santo, continuaram a proclamar as boas novas, sabendo que o poder de Jesus não estava limitado pelo tempo ou pelas circunstâncias, mas estava disponível para todos os que cressem em seu nome.

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