Bíblia em Contos

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Comunhão Sagrada no Deserto: A Oferta de Paz de Eliabe

No coração do deserto, sob o vasto céu azul que se estendia como um manto sobre o acampamento de Israel, o povo de Deus se reunia ao redor do Tabernáculo. Era um dia especial, pois uma família havia decidido trazer uma oferta de paz ao Senhor, conforme as instruções dadas por Moisés, que havia recebido diretamente de Deus no Monte Sinai. A oferta de paz, ou “oferta pacífica”, como alguns a chamavam, era uma expressão de gratidão e comunhão com o Criador, um momento sagrado em que o povo se aproximava de Deus com alegria e reverência.

A família escolhida para trazer a oferta era composta por um homem chamado Eliabe, sua esposa, Débora, e seus dois filhos, Caleb e Miriam. Eliabe era um pastor de ovelhas, um homem simples, mas profundamente devoto. Ele havia selecionado uma ovelha macho, sem defeito, de seu rebanho para ser a oferta. A ovelha era jovem, com a lã branca como a neve e os olhos brilhantes, um animal que ele havia cuidado com carinho desde o nascimento. Eliabe sabia que a oferta precisava ser perfeita, pois representava a pureza e a santidade de Deus.

Ao amanhecer, a família se dirigiu ao Tabernáculo, carregando a ovelha com cuidado. O ar estava fresco, e o sol começava a surgir no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. O som dos levitas cantando salmos de louvor ecoava pelo acampamento, criando uma atmosfera de adoração e expectativa. O povo de Israel sabia que o sacrifício não era apenas um ritual, mas um ato de fé e obediência, uma maneira de se conectar com o Deus que os havia libertado do Egito.

Ao chegarem ao pátio do Tabernáculo, Eliabe entregou a ovelha aos sacerdotes, que eram da tribo de Levi. Os sacerdotes, vestidos com suas túnicas brancas e cintos bordados, receberam a oferta com solenidade. Um deles, chamado Abias, um homem de cabelos grisalhos e olhos cheios de sabedoria, examinou a ovelha cuidadosamente, certificando-se de que ela era sem defeito, conforme exigido pela lei. Satisfeito, ele acenou com a cabeça e conduziu a família para dentro do pátio.

O altar de bronze, onde os sacrifícios eram queimados, estava no centro do pátio. O fogo ardia constantemente, alimentado pelos sacerdotes, e o cheiro de madeira queimada e carne assada permeava o ar. Abias instruiu Eliabe a colocar as mãos sobre a cabeça da ovelha, um gesto simbólico que representava a transferência da culpa e da gratidão do ofertante para o animal. Eliabe obedeceu, e em voz baixa, ele orou: “Senhor, aceita esta oferta como expressão de nossa gratidão e comunhão contigo. Que este sacrifício nos una mais profundamente a Ti.”

Em seguida, Abias pegou uma faca afiada e, com um movimento rápido e preciso, sacrificou a ovelha. O sangue, que representava a vida, foi coletado em uma tigela de bronze e aspergido ao redor do altar pelos sacerdotes. Era um momento solene, pois o sangue era sagrado, um lembrete de que a vida pertence a Deus e que sem derramamento de sangue não há perdão de pecados.

Depois que o sangue foi aspergido, Abias começou a preparar a ovelha para ser queimada no altar. Ele removeu a gordura que cobria as entranhas, a gordura que estava sobre os rins e a que cobria o fígado. Essas partes eram consideradas as mais ricas e preciosas do animal, e eram queimadas como uma oferta de aroma agradável ao Senhor. O cheiro da gordura queimando subia ao céu, simbolizando a doação completa e a devoção do ofertante a Deus.

Enquanto isso, o restante da ovelha foi dividido entre os sacerdotes e a família de Eliabe. A carne era considerada sagrada, e todos que participavam dela estavam se unindo em comunhão com Deus e uns com os outros. Eliabe e sua família receberam sua parte com gratidão, sabendo que estavam participando de uma refeição sagrada, um banquete de paz com o Senhor.

Débora, a esposa de Eliabe, preparou a carne com ervas e especiarias, e a família se sentou juntos para comer. Enquanto compartilhavam a refeição, eles conversavam sobre as maravilhas que Deus havia feito por eles: a libertação do Egito, a travessia do Mar Vermelho, o maná que caía do céu todas as manhãs. Era um momento de alegria e gratidão, um lembrete de que Deus estava sempre presente, cuidando de Seu povo.

Ao final da refeição, Eliabe levantou-se e disse: “Que o Senhor seja louvado por Sua bondade e misericórdia. Que este sacrifício de paz nos lembre sempre de Sua fidelidade e nos una mais profundamente a Ele e uns aos outros.”

E assim, naquele dia, no deserto, sob o céu infinito, uma família simples de Israel experimentou a profunda alegria de estar em comunhão com o Deus vivo. A oferta de paz não era apenas um ritual, mas um encontro sagrado, um momento em que o céu e a terra se tocavam, e o povo de Deus se lembrava de que Ele era o centro de suas vidas.

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