Era uma tarde ensolarada na região da Galileia, e Jesus estava cercado por uma multidão de pessoas que O seguiam de perto. Havia fariseus, mestres da lei, pecadores e pessoas comuns, todos reunidos para ouvir Seus ensinamentos. O ar estava carregado de expectativa, e os olhos de todos estavam fixos n’Ele. Jesus, percebendo a diversidade daquela multidão, decidiu contar algumas histórias que revelariam o coração amoroso de Deus.
Ele começou a falar com uma voz suave, mas cheia de autoridade: “Um homem tinha dois filhos. O mais novo deles, impaciente e ansioso por viver sua própria vida, aproximou-se do pai e disse: ‘Pai, quero a minha parte da herança agora.’” A multidão ficou em silêncio, surpresa com a audácia do filho. Naquela cultura, pedir a herança antes da morte do pai era um ato de extrema desrespeito, quase como desejar que ele morresse.
O pai, porém, embora profundamente magoado, não discutiu. Ele dividiu a herança entre os dois filhos. Poucos dias depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, partiu para uma região distante e lá desperdiçou toda a sua riqueza em uma vida de extravagância e pecado. Ele gastou seu dinheiro em festas, bebidas e más companhias. Mas, quando o dinheiro acabou, uma grande fome assolou aquela terra, e ele começou a passar necessidade.
Desesperado, o jovem arrumou um emprego cuidando de porcos, um trabalho humilhante para um judeu, já que os porcos eram considerados animais impuros. Ele estava tão faminto que desejava comer a comida dos porcos, mas ninguém lhe dava nada. Foi então que, sentado na lama, cercado pelos animais, ele caiu em si e pensou: ‘Quantos empregados do meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Vou voltar para meu pai e dizer: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.’
Com o coração cheio de arrependimento, ele se levantou e começou a longa jornada de volta para casa. Enquanto caminhava, imaginava como seria a reação do pai. Será que ele o perdoaria? Ou o expulsaria de casa? O jovem estava preparado para aceitar qualquer consequência, pois sabia que havia falhado.
Mas, enquanto ainda estava longe, seu pai o viu. O coração do ancião se encheu de compaixão. Ele correu em direção ao filho, abraçou-o e o beijou. O filho, surpreso e emocionado, começou a dizer: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho.’ Mas o pai, sem deixá-lo terminar, chamou os servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e sandálias em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e celebrar, porque este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi encontrado.’
A casa se encheu de alegria. A música tocava, as pessoas dançavam, e o cheiro da comida deliciosa enchia o ar. Mas, enquanto isso, o filho mais velho estava no campo trabalhando. Quando ele voltou e ouviu o som da festa, perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. O servo respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo porque o recuperou são e salvo.’
O filho mais velho ficou furioso e se recusou a entrar na casa. O pai, percebendo sua ausência, saiu para falar com ele. ‘Filho’, disse o pai com ternura, ‘você sempre esteve comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas tínhamos que celebrar e nos alegrar, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi encontrado.’
Jesus concluiu a história, e Seus olhos percorreram a multidão. Ele sabia que alguns ali, como os fariseus, se identificavam com o filho mais velho, que se sentia injustiçado. Outros, como os pecadores, se viam no filho mais novo, que havia se perdido mas foi perdoado. A mensagem era clara: o amor de Deus é incondicional, e Ele celebra cada pessoa que volta para Ele, não importa o quão longe tenha ido.
A multidão ficou em silêncio, refletindo sobre as palavras de Jesus. Alguns se comoveram, outros se questionaram, mas todos foram tocados pela profundidade daquela história. Jesus, com um sorriso suave, continuou a ensinar, sabendo que aquelas palavras ecoariam nos corações de muitos, levando-os a compreender a imensidão do amor e da misericórdia de Deus.