Era uma manhã fresca, com o sol nascendo suavemente sobre as colinas de Canaã, quando Abrão, agora com noventa e nove anos, sentiu um chamado divino que ecoou profundamente em seu coração. Ele estava acostumado a ouvir a voz de Deus, mas naquele dia, algo era diferente. O ar parecia carregado de uma solenidade celestial, como se o próprio céu estivesse se inclinando para testemunhar o que estava prestes a acontecer.
Deus apareceu a Abrão e disse: “Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei grandemente.” Abrão caiu com o rosto em terra, sentindo o peso da santidade de Deus. Ele sabia que aquela não era uma conversa comum, mas um momento que marcaria sua vida e a história de sua descendência para sempre.
Deus continuou, dizendo: “Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de uma multidão de nações. Não serás mais chamado Abrão, mas teu nome será Abraão, porque te constituí por pai de muitas nações. Far-te-ei fecundo sobremodo, de ti farei nações, e reis procederão de ti. Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti, de geração em geração, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência.”
Abraão, ainda prostrado, sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele, um homem idoso, seria o pai de nações? Sua mente se encheu de perguntas, mas seu coração estava cheio de fé. Ele sabia que Deus era fiel e que Suas promessas nunca falham.
Deus então acrescentou: “Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.” Abraão sentiu uma onda de gratidão e reverência. A terra que ele havia peregrinado por anos, a terra que Deus lhe havia mostrado, seria agora uma herança eterna para sua descendência.
Mas a aliança não era apenas uma promessa; havia um sinal visível que marcaria aquela relação especial entre Deus e Abraão e sua descendência. Deus disse: “Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações, tanto o nascido em casa como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.”
Abraão ouviu atentamente, entendendo que a circuncisão não era apenas um ritual, mas um sinal de separação, de pertencimento a Deus. Era uma marca física que representava uma realidade espiritual: eles eram o povo escolhido de Deus, separados para Ele.
Deus também falou sobre Sarai, a esposa de Abraão: “Quanto a Sarai, tua mulher, não lhe chamarás mais Sarai, mas Sara. Abençoá-la-ei e dela te darei um filho; sim, eu a abençoarei, e ela se tornará mãe de nações; reis de povos sairão dela.”
Abraão, ainda prostrado, riu-se consigo mesmo, pensando: “A um homem de cem anos há de nascer um filho? E Sara, já de noventa anos, dará à luz?” Mas Deus, conhecendo os pensamentos de Abraão, disse: “Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque. Com ele estabelecerei a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência depois dele.”
Abraão sentiu uma mistura de emoções: incredulidade, alegria, temor. Ele sabia que Deus estava falando sério, e que Sua palavra não voltaria vazia. Ele levantou-se do chão, determinado a obedecer a tudo o que Deus havia ordenado.
Naquele mesmo dia, Abraão chamou todos os homens de sua casa, tanto os nascidos em sua casa como os comprados por dinheiro, e os circuncidou, conforme Deus havia ordenado. Foi um dia de dor, mas também de profunda alegria espiritual, pois eles estavam selando uma aliança eterna com o Deus Todo-Poderoso.
Abraão, agora com um novo nome e uma nova identidade, sentiu-se renovado. Ele sabia que sua vida nunca mais seria a mesma. Ele era Abraão, o pai de muitas nações, e Sara, sua esposa, seria a mãe de reis. A promessa de Deus era clara, e Abraão estava disposto a caminhar em fé, confiando que o Deus que havia falado era fiel para cumprir Sua palavra.
E assim, naquele dia, sob o céu aberto de Canaã, a aliança entre Deus e Abraão foi estabelecida, uma aliança que ecoaria através das gerações, até o cumprimento final em Jesus Cristo, o descendente prometido que traria bênção a todas as nações da terra.