No princípio, antes que o tempo fosse contado e o mundo fosse formado, a Palavra já existia. A Palavra não era uma simples expressão humana, mas algo divino, eterno, que estava com Deus e que era Deus. Ela estava presente desde o princípio, envolvida em tudo o que foi criado. Nada do que existe veio à existência sem ela. A vida estava nela, e essa vida era a luz de todos os homens. A luz brilhou nas trevas, e as trevas não a compreenderam, nem puderam apagá-la.
Havia um homem enviado por Deus, chamado João. Ele não era a luz, mas veio para testemunhar sobre a luz, para que todos cressem por meio dele. João era uma voz que clamava no deserto, preparando o caminho para algo maior, algo que mudaria o curso da história. Ele batizava com água, mas anunciava que alguém viria depois dele, alguém tão grandioso que ele, João, não era digno nem de desamarrar as sandálias. Esse alguém traria um batismo não apenas com água, mas com o Espírito Santo.
E então, em um dia como qualquer outro, mas que se tornaria eternamente memorável, a Palavra se fez carne e habitou entre os homens. Ela veio ao mundo que havia criado, mas o mundo não a reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não a receberam. No entanto, àqueles que a receberam, que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus. Esses não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
A Palavra se manifestou em forma humana, cheia de graça e de verdade. E aqueles que a viram testemunharam sua glória, a glória do Unigênito do Pai. João, o Batista, ao vê-la, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que é maior do que eu, porque já existia antes de mim.'”
A presença da Palavra entre os homens era como a luz que ilumina todo ser humano. Ela estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Mesmo assim, ela não desistiu de revelar-se. Aos poucos, começou a chamar discípulos, homens simples que deixaram tudo para segui-la. André foi um deles. Ele havia sido discípulo de João Batista, mas ao ouvir João dizer: “Eis o Cordeiro de Deus!”, ele seguiu a Palavra. André, então, foi encontrar seu irmão, Simão, e disse-lhe: “Achamos o Messias!” E o levou até ela. Ao vê-lo, a Palavra olhou profundamente nos olhos de Simão e disse: “Você é Simão, filho de João. Será chamado Cefas”, que significa Pedro, a pedra.
No dia seguinte, a Palavra decidiu ir para a Galileia. Encontrou Filipe e disse-lhe: “Siga-me.” Filipe, por sua vez, encontrou Natanael e disse: “Achamos aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei, e sobre quem os profetas também escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José.” Natanael, cético, respondeu: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?” Mas Filipe insistiu: “Venha e veja.”
Quando a Palavra viu Natanael se aproximando, disse: “Aqui está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade.” Natanael, surpreso, perguntou: “De onde me conheces?” A Palavra respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira.” Natanael, maravilhado, exclamou: “Mestre, tu és o Filho de Deus! Tu és o Rei de Israel!” A Palavra, então, disse-lhe: “Você crê porque eu disse que te vi debaixo da figueira? Você verá coisas maiores do que estas.” E acrescentou: “Digo a verdade: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.”
Assim, a Palavra começou a revelar-se ao mundo, não com pompa e circunstância, mas com simplicidade e profundidade. Ela era a luz verdadeira que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. E embora muitos ainda não a compreendessem, aqueles que a receberam encontraram em si mesmos uma transformação tão profunda que só poderia vir do próprio Deus. A Palavra, que era Deus, tornou-se homem e habitou entre nós, cheia de graça e de verdade. E aqueles que a viram jamais foram os mesmos.