**A Grande Confissão de Israel: Nehemias 9**
Era uma manhã fresca em Jerusalém, com o sol nascendo suavemente sobre as colinas da cidade. O ar estava carregado de uma solenidade incomum, pois o povo de Israel havia se reunido para um momento de profunda reflexão e arrependimento. Após a celebração da Festa dos Tabernáculos, que havia sido um tempo de alegria e gratidão, o coração do povo foi tocado por um sentimento de contrição. Eles haviam se vestido com roupas simples, cobrindo-se de sacos e colocando terra sobre suas cabeças, sinais externos de sua humilhação diante de Deus.
Os israelitas se reuniram na praça em frente ao Portão das Águas, onde Esdras, o escriba, e Neemias, o governador, estavam à frente do povo. Havia uma multidão de homens, mulheres e crianças, todos unidos em um só propósito: buscar o perdão de Deus. Eles haviam se separado dos estrangeiros, reconhecendo que suas alianças com povos pagãos haviam sido uma fonte de pecado e infidelidade. Agora, estavam prontos para ouvir a Palavra de Deus e confessar seus pecados.
Esdras abriu o Livro da Lei e começou a ler em voz alta. Sua voz ecoava pelas ruas de Jerusalém, e o povo permaneceu em pé, atento, por horas. À medida que as palavras da Lei eram proclamadas, os corações dos ouvintes eram profundamente tocados. Eles choravam, não apenas por seus próprios pecados, mas também pelos pecados de seus antepassados, que haviam desobedecido a Deus repetidamente. Era um choro de arrependimento genuíno, misturado com um desejo ardente de renovar sua aliança com o Senhor.
Após a leitura da Lei, os levitas se levantaram em um lugar elevado e começaram a liderar o povo em uma oração de confissão. Eles invocaram o nome do Senhor, reconhecendo Sua grandeza e misericórdia. A oração foi uma jornada através da história de Israel, relembrando os atos poderosos de Deus e a infidelidade do povo.
“Tu, ó Senhor, és o único Deus,” começaram os levitas. “Tu criaste os céus, a terra, os mares e tudo o que neles há. Tu escolheste Abraão, um homem fiel, e fizeste uma aliança com ele, prometendo dar a seus descendentes a terra de Canaã. Tu cumpriste a Tua promessa, pois viste a aflição de nossos pais no Egito e os libertaste com mão poderosa e braço estendido.”
A multidão ouvia em silêncio, enquanto os levitas continuavam a narrar a história de Israel. Eles falaram sobre a travessia do Mar Vermelho, quando Deus abriu as águas para que Seu povo passasse em segurança e afogou os exércitos do Faraó. Eles lembraram como Deus guiou Israel pelo deserto com uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo à noite. Ele lhes deu a Lei no Monte Sinai e os sustentou com maná do céu e água da rocha.
“Mas nossos pais foram rebeldes,” confessaram os levitas, suas vozes carregadas de tristeza. “Eles endureceram seus corações e se recusaram a obedecer aos Teus mandamentos. Eles se esqueceram das Tuas maravilhas e voltaram-se para a idolatria, adorando deuses de prata e ouro. Mesmo assim, Tu, ó Deus, foste paciente e misericordioso. Não os abandonaste no deserto, mas continuaste a guiá-los e a prover para suas necessidades.”
A oração continuou, relembrando como Deus havia dado a Israel a terra prometida, derrotando nações poderosas diante deles. Ele os estabeleceu como um povo próspero, mas, mais uma vez, eles se voltaram para a desobediência. Eles se misturaram com os povos pagãos, adotaram seus costumes e abandonaram o Senhor. Como consequência, Deus permitiu que fossem oprimidos por seus inimigos, mas sempre que clamavam por ajuda, Ele levantava juízes para libertá-los.
“Tu és um Deus perdoador, clemente e misericordioso,” declararam os levitas, suas vozes cheias de reverência. “Tu és tardio em irar-Te e grande em bondade. Mesmo assim, nossos pais continuaram a desafiar-Te, e Tu os entregaste nas mãos de seus inimigos. Mas, em Tua grande compaixão, não os destruíste completamente, nem os abandonaste, pois Tu és um Deus gracioso e misericordioso.”
A oração chegou ao presente, reconhecendo que, apesar de todas as bênçãos de Deus, o povo havia continuado a pecar. Eles haviam sido levados para o exílio na Babilônia como punição por sua infidelidade, mas agora, pela graça de Deus, haviam retornado à sua terra. No entanto, ainda estavam sob o domínio de reis estrangeiros, e sua situação era difícil.
“Hoje, somos escravos,” confessaram os levitas, suas vozes tremendo de emoção. “A terra que Tu deste a nossos pais está nas mãos de reis estrangeiros, e nós somos oprimidos por causa de nossos pecados. Mas, ó Senhor, Tu és justo em tudo o que fizeste, pois nós temos sido desobedientes.”
A oração terminou com um apelo sincero: “Agora, ó nosso Deus, o grande, o poderoso e o temível Deus, que guardas a aliança e a misericórdia, não Te esqueças de toda a aflição que tem caído sobre nós. Nós Te pedimos que olhes para nós com compaixão e nos restaures. Renova a Tua aliança conosco, e que nossos corações sejam totalmente dedicados a Ti.”
Quando os levitas terminaram de orar, o povo permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse absorvendo a profundidade de suas palavras. Então, Neemias se levantou e declarou: “Levantem-se e bendigam ao Senhor, vosso Deus, de eternidade a eternidade. Bendito seja o Teu glorioso nome, que está acima de toda bênção e louvor!”
O povo respondeu com uma voz uníssona: “Amém! Amém!” Eles levantaram as mãos ao céu, chorando e adorando a Deus. Era um momento de profunda conexão com o Senhor, um momento em que o povo reconhecia Sua grandeza e sua própria pequenez. Eles haviam confessado seus pecados e agora estavam prontos para renovar sua aliança com Deus, comprometendo-se a viver de acordo com Sua Lei.
Naquele dia, os israelitas fizeram um pacto solene, prometendo seguir os mandamentos de Deus, honrar o sábado, cuidar dos pobres e não se misturar com os povos pagãos. Eles assinaram um documento, selando sua promessa com seus nomes, e Neemias e os líderes do povo colocaram seus selos sobre ele.
E assim, aquele dia marcou um novo começo para Israel. Eles haviam se humilhado diante de Deus, confessado seus pecados e se comprometido a viver em obediência. A graça de Deus brilhou sobre eles, e eles sabiam que, embora fossem falhos, o Senhor continuaria a ser fiel à Sua aliança. Era um momento de esperança, de renovação e de profunda gratidão pelo amor inabalável de Deus.