No décimo quarto ano do reinado de Roboão, filho de Salomão, o reino de Israel foi dividido. Dez tribos seguiram Jeroboão, enquanto apenas Judá e Benjamim permaneceram fiéis a Roboão, o rei de Judá. Foi um tempo de grande turbulência e incerteza, mas também de provação e aprendizado para o jovem rei.
Roboão, que havia herdado o trono de seu pai, Salomão, inicialmente agiu com arrogância e dureza de coração. Ele havia ignorado os conselhos dos anciãos e optado por seguir os jovens que cresceram com ele, aumentando os impostos e a carga sobre o povo. Essa decisão precipitada levou à rebelião das tribos do norte, e o reino foi dividido. Agora, Roboão estava diante de uma realidade que ele nunca imaginara: seu reino estava reduzido, e ele precisava aprender a governar com sabedoria.
Após a divisão, Roboão voltou para Jerusalém e começou a reunir seu exército, composto pelas tribos de Judá e Benjamim. Ele estava determinado a lutar contra Jeroboão e as tribos do norte para reunificar o reino. No entanto, antes que ele pudesse agir, o profeta Semaías recebeu uma palavra do Senhor. O profeta foi até Roboão e todos os líderes de Judá e Benjamim e disse:
— Assim diz o Senhor: ‘Não subam para lutar contra os seus irmãos israelitas. Voltem para casa, pois fui eu que fiz isso acontecer.’
Roboão, embora inicialmente relutante, decidiu obedecer à voz do Senhor. Ele compreendeu que a divisão do reino não era apenas uma consequência de suas más decisões, mas também parte do plano divino. O Senhor havia permitido que isso acontecesse como juízo sobre a casa de Davi por causa dos pecados de Salomão, que havia se desviado nos seus últimos anos, permitindo que a idolatria entrasse em Israel.
Com o coração humilhado, Roboão voltou sua atenção para fortalecer o reino que lhe restara. Ele começou a fortificar cidades em Judá e Benjamim, transformando-as em fortalezas inexpugnáveis. Entre essas cidades estavam Belém, Etã, Tecoa, Bete-Zur, Socó, Adulão, Gate, Maressa, Zife, Adoraim, Laquis, Azeca, Zorá, Aijalom e Hebrom. Cada uma dessas cidades foi reforçada com muros altos, portas e ferrolhos, e foram abastecidas com alimentos, armas e tudo o que era necessário para resistir a um possível cerco.
Roboão também nomeou comandantes para cada uma dessas cidades, homens valentes e experientes em guerra. Ele sabia que, embora o Senhor o tivesse proibido de lutar contra Jeroboão, ele ainda precisava estar preparado para defender seu povo de possíveis invasões de nações estrangeiras. Além disso, ele fortaleceu as defesas de Jerusalém, a cidade santa, onde o templo do Senhor estava localizado.
Enquanto Roboão trabalhava para fortalecer seu reino, ele também começou a refletir sobre sua relação com o Senhor. Ele havia aprendido, da maneira mais difícil, que a arrogância e a desobediência só traziam destruição. Agora, ele buscava seguir os caminhos de Davi, seu avô, que havia sido um homem segundo o coração de Deus. Roboão começou a incentivar o povo de Judá e Benjamim a adorar o Senhor e a manter-se fiéis à aliança.
No entanto, nem tudo era fácil. Jeroboão, o rei de Israel, havia estabelecido ídolos em Betel e Dã, incentivando o povo a adorar bezerros de ouro. Ele também havia expulsado os sacerdotes e levitas que eram fiéis ao Senhor, substituindo-os por sacerdotes de sua própria escolha. Muitos desses sacerdotes e levitas, que haviam sido fiéis ao Senhor, fugiram para Judá e Jerusalém, onde podiam adorar a Deus de acordo com a Lei.
Roboão recebeu esses sacerdotes e levitas de braços abertos. Ele sabia que eles eram fundamentais para manter a adoração verdadeira ao Senhor em seu reino. Além disso, muitas pessoas das tribos do norte, que ainda amavam o Senhor, também migraram para Judá para não participar da idolatria que Jeroboão havia introduzido. Essas pessoas fortaleceram o reino de Roboão, trazendo consigo sua fé e seu compromisso com o Senhor.
Por três anos, Roboão governou com sabedoria e temor ao Senhor. Durante esse tempo, Judá e Benjamim prosperaram. O povo vivia em paz, e a adoração ao Senhor era mantida no templo em Jerusalém. Roboão casou-se com várias mulheres, seguindo o costume da época, e teve muitos filhos e filhas. Ele escolheu Abias, um de seus filhos, como seu sucessor, preparando-o para governar com justiça e retidão.
No entanto, apesar desses anos de relativa estabilidade, Roboão ainda enfrentava desafios. Jeroboão continuava a ser uma ameaça, e a idolatria que ele havia introduzido em Israel era uma pedra de tropeço para muitos. Além disso, Roboão sabia que a fidelidade ao Senhor era essencial para a prosperidade do reino. Ele havia aprendido que, sem o favor de Deus, todas as suas fortalezas e exércitos seriam inúteis.
Assim, Roboão continuou a buscar o Senhor e a encorajar seu povo a fazer o mesmo. Ele sabia que, no final das contas, era o Senhor quem governava os reinos dos homens e que somente Nele havia verdadeira segurança e paz. E, por um tempo, Judá e Benjamim permaneceram fiéis ao Senhor, desfrutando de Sua proteção e bênção.
Essa história nos ensina que, mesmo em meio às consequências de nossos erros, Deus ainda pode nos usar e nos abençoar quando nos voltamos para Ele com humildade e obediência. Roboão, embora tenha começado seu reinado com arrogância, aprendeu a depender do Senhor e a governar com sabedoria. Que possamos, como ele, buscar sempre a vontade de Deus em nossas vidas, confiando em Seu plano e em Sua misericórdia.