**A Reconstrução e a Fidelidade de Neemias**

Na cidade de Jerusalém, os muros haviam sido reconstruídos com suor e determinação sob a liderança de Neemias, o copeiro do rei Artaxerxes. O povo, antes desanimado e humilhado, agora via suas muralhas erguidas novamente, pedra sobre pedra, como um testemunho do favor de Deus. Mas Neemias sabia que a obra não estava completa. Um muro sem portas bem guardadas e um povo sem organização seria como uma casa sem alicerces.

Foi então que Neemias reuniu os nobres, os magistrados e o restante do povo para uma importante decisão. Ele nomeou Hanani, seu irmão, e Hananias, comandante da fortaleza, como responsáveis por Jerusalém. Hananias era um homem fiel, temente a Deus mais do que a muitos, e Neemias confiava nele para manter a ordem na cidade.

— Jerusalém é grande e espaçosa — disse Neemias, olhando para as casas ainda não reconstruídas e as ruas que precisavam de mais habitantes —, mas o povo dentro dela é pouco. Precisamos garantir que as famílias estejam seguras e que a cidade seja bem administrada.

Neemias então se lembrou de um registro sagrado, guardado há muitos anos: o livro da genealogia dos que haviam retornado do exílio na Babilônia. Era um documento precioso, pois continha os nomes das famílias que, movidas pela fé, haviam deixado a segurança do cativeiro para reconstruir a terra de seus antepassados.

Com cuidado, ele abriu o pergaminho e começou a ler os nomes diante do povo. Cada nome era uma história de coragem, cada família um elo na corrente da promessa divina.

— No primeiro retorno — anunciou Neemias —, sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Jesua, vieram os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois; os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois…

E assim continuou, citando cada família, cada clã, cada servo do templo que havia respondido ao chamado de Deus. Os levitas, os cantores, os porteiros, os netinins — todos tinham seu lugar no plano divino. Algumas famílias não puderam provar sua linhagem, e por isso foram excluídas do sacerdócio até que se consultasse o Urim e o Tumim, os meios sagrados de discernimento.

Enquanto Neemias lia, o povo ouvia em silêncio, lembrando-se de suas raízes. Muitos se emocionaram ao ouvir os nomes de seus antepassados, homens e mulheres que, apesar das dificuldades, não abandonaram sua identidade como povo de Deus.

Ao final da leitura, Neemias ergueu as mãos e declarou:

— Vejam, irmãos! Deus nos trouxe de volta a esta terra, nos deu força para reconstruir o que estava em ruínas e agora nos chama a viver em santidade. Não negligenciemos esta oportunidade. Que cada um de nós contribua com sua parte, seja guardando as portas, servindo no templo ou habitando Jerusalém.

O povo respondeu com um grande amém, e muitos se ofereceram para morar na cidade santa. Outros, por sorteio, foram designados a deixar suas aldeias e se estabelecerem em Jerusalém, para que a cidade não ficasse vazia.

E assim, sob a orientação de Neemias, Jerusalém não apenas ganhou muros fortes, mas também uma comunidade organizada, firmada na Palavra e na fidelidade a Deus. Cada nome no registro era uma prova de que o Senhor não Se esquecera de Suas promessas. E Neemias, homem de oração e ação, sabia que a verdadeira reconstrução começava no coração do povo.

E assim, com gratidão e temor, Jerusalém prosseguiu, guardada não apenas por portões de ferro, mas pela bênção do Deus que nunca abandona os Seus.