**A Terra Prometida: Uma História Baseada em Deuteronômio 11**
O sol começava a se pôr sobre as vastas planícies de Moabe, tingindo o horizonte de dourado e púrpura. Uma brisa suave agitava as tendas de Israel, enquanto o povo se reunia ao redor de Moisés, cujo rosto, marcado pelos anos e pelas provações, ainda brilhava com a autoridade divina. Ele ergueu as mãos, e um silêncio reverente tomou conta da multidão.
— *”Escutem, ó Israel!”* — sua voz ecoou, firme e cheia de convicção. — *”Hoje, falo não apenas como seu líder, mas como testemunha dos grandes feitos do Senhor. Lembrem-se de tudo o que seus olhos viram!”*
Os mais velhos baixaram a cabeça, recordando as maravilhas do Egito: as pragas que assolaram Faraó, o mar que se abriu em duas paredes de água, a coluna de fogo que os guiava nas noites mais escuras. Os jovens, que não haviam presenciado tudo aquilo, ouviam com atenção, sentindo o peso da história que moldara seu povo.
— *”Não foram seus filhos, mas vocês mesmos que viram a disciplina do Senhor”* — continuou Moisés, apontando para o deserto além. — *”Lembram-se de Datã e Abirão, engolidos pela terra por sua rebeldia? Lembram-se de como o maná caía do céu, e mesmo assim alguns duvidaram?”*
Um murmúrio de concordância percorreu a multidão. Moisés sabia que a memória era frágil, e o coração humano, inclinado ao esquecimento. Por isso, sua mensagem era clara: *guardar os mandamentos não era apenas um dever, mas uma questão de vida ou morte.*
— *”A terra que vocês estão prestes a entrar não é como o Egito, onde plantavam e dependiam de suas próprias mãos para regar as sementes. Não! É uma terra de montanhas e vales, que bebe a chuva do céu. Uma terra que o Senhor cuida com seus próprios olhos, desde o início do ano até o fim.”*
Os israelitas imaginaram aquela terra fértil, onde o trigo cresceria abundante e as videiras se carregariam de uvas suculentas. Mas Moisés advertiu:
— *”Se obedecerem aos mandamentos do Senhor, amando-O de todo o coração, Ele enviará chuvas no tempo certo. Mas se se desviarem, servindo a outros deuses, o céu se fechará, e a terra não dará seu fruto.”*
Uma criança, sentada nos ombros do pai, perguntou em voz baixa:
— *”Pai, como não esquecer disso tudo?”*
O homem sorriu e apontou para Moisés, que agora instruía o povo:
— *”Ensinem estas palavras a seus filhos. Falem delas ao se levantarem e ao se deitarem. Amarrem-nas como sinal em suas mãos e como faixa na testa. Escrevam-nas nos umbrais de suas casas e em seus portões!”*
Era um chamado não apenas à obediência, mas a uma fé viva, que permeasse cada aspecto de suas vidas.
Moisés concluiu com uma promessa e um desafio:
— *”Sejam fortes e não temam, pois o Senhor vai adiante de vocês. Ele lutará por vocês, como fez no Egito. Mas escolham hoje: a bênção ou a maldição, a vida ou a morte. Eu lhes dou o céu e a terra como testemunhas. Escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam na terra que o Senhor prometeu a seus antepassados!”*
Quando ele terminou, o sol já havia desaparecido, e as primeiras estrelas cintilavam no firmamento. O povo dispersou-se em silêncio, cada coração ponderando as palavras ouvidas. Alguns olharam para o horizonte, onde além do Jordão estava Canaã — a terra que fluía leite e mel, o lugar onde sua fé seria provada, e sua fidelidade, recompensada.
E assim, sob o manto da noite, Israel se preparou não apenas para conquistar uma terra, mas para viver nela como povo escolhido, guardando no coração as palavras que Moisés lhes deixara como herança eterna.