**O Sacerdote Eterno: Uma Narrativa Baseada no Salmo 110**

O sol começava a se pôr sobre Jerusalém, tingindo as muralhas da cidade com tons dourados e avermelhados. No templo, o aroma do incenso misturava-se ao cheiro dos sacrifícios recentes, enquanto os levitas entoavam cânticos de louvor. Era um dia como qualquer outro na Cidade Santa, mas nas profundezas da eternidade, um decreto divino ecoava, estabelecendo um reinado que jamais teria fim.

O Salmo 110, revelado ao rei Davi pelo Espírito Santo, não era apenas um hino, mas uma profecia poderosa sobre Aquele que viria: o Messias, o Sacerdote eterno, o Rei dos reis.

**”O SENHOR disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.”**

Essas palavras ressoavam como um trovão celestial. O próprio Deus Pai convidava o Filho, o Messias prometido, para sentar-se em glória, acima de todos os poderes e principados. Era um convite à vitória, uma declaração de soberania. Os anjos no céu inclinavam-se diante dessa verdade, sabendo que o tempo chegaria em que todo joelho se dobraria e toda língua confessaria que Jesus Cristo é o Senhor.

Enquanto isso, na terra, os séculos passavam. Reis subiam e caíam, impérios surgiam e desapareciam, mas a promessa permanecia. O profeta Isaías falava d’Aquele que seria “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Daniel contemplava em visões o Filho do Homem vindo sobre as nuvens, recebendo um reino que nunca seria destruído.

E então, na plenitude dos tempos, Ele veio.

Jesus de Nazaré, o Filho de Davi, caminhava pelas estradas poeirentas da Judeia, pregando o Reino de Deus. Suas palavras eram como fogo, Suas obras, sinais incontestáveis de que o Pai estava com Ele. Ele curava os enfermos, libertava os oprimidos, e até mesmo os ventos e as ondas Lhe obedeciam. Mas acima de tudo, Ele era o Sacerdote perfeito, não da linhagem de Levi, mas segundo a ordem de Melquisedeque.

**”Jurou o SENHOR e não se arrependerá: Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.”**

Melquisedeque, o misterioso rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, que abençoou Abraão, era uma sombra d’Aquele que haveria de vir. Jesus não pertencia a um sacerdócio temporário, sujeito à morte e à sucessão. Seu sacerdócio era eterno, imutável, capaz de salvar completamente os que por Ele se achegam a Deus.

Na noite em que foi traído, Jesus partiu o pão e ofereceu o cálice, instituindo a Nova Aliança em Seu sangue. Na cruz, Ele ofereceu-Se como sacrifício perfeito, uma vez por todas. Quando bradou “Está consumado!”, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, simbolizando que o caminho para Deus estava aberto.

Três dias depois, ressuscitou, vitorioso sobre a morte. E antes de ascender aos céus, declarou: “Todo o poder me foi dado no céu e na terra.”

Agora, assentado à direita do Pai, Ele intercede por nós. Um dia, voltará em glória, e então o último inimigo, a morte, será derrotado. Os reinos deste mundo se tornarão d’Ele, e todos os que O rejeitaram serão postos por escabelo de Seus pés.

Enquanto isso, a Igreja, Seu corpo, proclama: “Maranata! Vem, Senhor Jesus!”

E assim, o Salmo 110 continua a se cumprir, desde as cortes celestiais até os confins da terra, até que Ele reine para sempre.