Bíblia em Contos

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A Unção de Saul O Escolhido de Deus

**A Unção de Saul: O Escolhido de Deus**

O sol começava a se levantar sobre as colinas de Ramá, lançando raios dourados sobre a terra de Benjamim. Samuel, o profeta envelhecido mas ainda vigoroso, caminhava com determinação em direção à pequena cidade de Gibeá. Ele carregava consigo um pequeno frasco de azeite sagrado, consagrado ao Senhor, e seu coração ardia com a mensagem divina que precisava entregar.

Havia um jovem naquela região chamado Saul, filho de Quis, um homem imponente da tribo de Benjamim. Saul era mais alto que todos os homens de Israel, com ombros largos e uma presença que naturalmente chamava atenção. Porém, apesar de sua estatura, ele não buscava glória para si mesmo. Naquele dia, Saul estava preocupado com um problema bem terreno: algumas jumentas de seu pai haviam se perdido, e ele, junto com um servo, saíra em busca delas.

Depois de dias percorrendo as montanhas e vales sem sucesso, Saul decidiu que era hora de voltar para casa antes que seu pai ficasse mais preocupado com eles do que com os animais. Foi então que o servo sugeriu:

— Olhe, há um homem de Deus nesta cidade, um profeta respeitado. Tudo o que ele diz se cumpre. Vamos até ele; talvez ele nos mostre o caminho que devemos seguir.

Saul concordou, embora relutante. Ele não era um homem que buscava orientação espiritual com frequência, mas naquele momento, qualquer ajuda era bem-vinda.

Quando os dois se aproximavam da cidade, encontraram mulheres saindo para tirar água do poço e perguntaram se o profeta estava ali.

— Sim, ele está à frente de vocês! — responderam as mulheres. — Apressem-se, pois hoje há um sacrifício no alto, e ele deve abençoar a refeição.

Assim, Saul e seu servo seguiram adiante e, ao entrar na cidade, viram Samuel vindo em sua direção. O profeta já havia sido avisado pelo Senhor:

— Amanhã, a esta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Unja-o como líder sobre o meu povo Israel; ele libertará o meu povo das mãos dos filisteus. Eu olhei para o meu povo, pois o seu clamor chegou a mim.

Quando Samuel viu Saul, o Senhor lhe disse:

— Este é o homem de quem eu falei. Ele governará o meu povo.

Saul, sem saber de nada, aproximou-se e perguntou:

— Por favor, você poderia me dizer onde fica a casa do vidente?

Samuel respondeu com um sorriso misterioso:

— Eu sou o vidente. Vá adiante de mim ao alto, pois hoje você comerá comigo. Amanhã de manhã eu lhe direi tudo o que está em seu coração e o deixarei partir. Quanto às jumentas que você perdeu há três dias, não se preocupe; elas já foram encontradas. Mas para quem pertence todo o desejo de Israel, senão a você e a toda a família de seu pai?

Saul ficou perplexo.

— Eu sou apenas um benjamita, da menor das tribos de Israel, e minha família é a menos importante entre todas as famílias de Benjamim. Por que você está me dizendo isso?

Samuel, porém, não explicou mais. Em vez disso, conduziu Saul e seu servo ao lugar do banquete, onde lhes reservou os melhores lugares entre trinta convidados. O cozinheiro trouxe a porção especial que Samuel havia separado—a coxa e a melhor parte—e a colocou diante de Saul.

Naquela noite, Saul dormiu no terraço da casa do profeta, enquanto sua mente se enchia de perguntas.

Ao amanhecer, Samuel chamou Saul:

— Levante-se, é hora de você partir.

Enquanto os dois caminhavam para as redondezas da cidade, Samuel pediu que o servo fosse adiante. Então, parando em um lugar solitário, o profeta pegou o frasco de azeite e o derramou sobre a cabeça de Saul. O óleo escorreu por seu rosto enquanto Samuel declarava com voz solene:

— O Senhor o unge como governante sobre a sua herança, Israel. Você reinará sobre o povo do Senhor e o livrará das mãos de seus inimigos. Esta é a prova de que o Senhor o escolheu:

E Samuel lhe deu três sinais que aconteceriam naquele dia:

1. Ele encontraria dois homens perto do túmulo de Raquel, que lhe diriam que as jumentas haviam sido encontradas e que seu pai agora estava preocupado com ele.
2. Mais adiante, em Carvalho de Tabor, três homens indo adorar a Deus lhe dariam dois pães, que ele deveria aceitar.
3. Por fim, ao chegar em Gibeá de Deus, onde havia uma guarnição filisteia, ele seria tomado pelo Espírito do Senhor, profetizaria com um grupo de profetas e se transformaria em um novo homem.

Assim que Samuel se afastou, tudo aconteceu exatamente como o profeta havia dito. Quando Saul se encontrou com o grupo de profetas, o Espírito de Deus veio sobre ele com poder, e ele começou a profetizar no meio deles. Todos que o conheciam ficaram maravilhados e perguntavam uns aos outros:

— O que aconteceu com o filho de Quis? Saul está entre os profetas?

Ao final daquele dia, Saul não era mais o mesmo. O Espírito do Senhor o havia transformado, e ele sabia que um grande chamado repousava sobre seus ombros.

Quando chegou em casa, seu tio Abner perguntou-lhe onde ele havia estado. Saul apenas respondeu que estiveram com Samuel, mas não revelou a unção nem as palavras do profeta sobre o reino.

Pouco tempo depois, Samuel convocou todo o Israel em Mispá para anunciar publicamente o rei que Deus havia escolhido. Quando a sorte caiu sobre Saul, ele estava escondido entre a bagagem, talvez temeroso diante da grande responsabilidade. Mas o povo o trouxe à frente, e quando ele se ergueu, todos viram que não havia ninguém como ele em Israel.

— Viva o rei! — gritaram.

Assim começava a jornada de Saul, o primeiro rei de Israel, ungido pelo Senhor através de Samuel. Apesar dos desafios que viriam, naquele momento, o povo celebrava, esperançoso de que Deus estava guiando seus passos.

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