**A Contagem do Povo de Deus**

No vasto deserto do Sinai, sob um céu abrasador que parecia derreter a areia sob os pés, o povo de Israel acampava em ordem, suas tendas dispostas como um exército prestes a marchar. Havia pouco mais de um ano desde que deixaram o Egito, libertos pela mão poderosa de Yahweh, e agora o Senhor ordenou a Moisés que contasse Seu povo.

Moisés, homem de cabelos grisalhos e rosto marcado por anos de provação, mas ainda com o vigor de quem conversava face a face com o Todo-Poderoso, recebeu a palavra divina dentro da Tenda do Encontro. O ar dentro do tabernáculo era pesado com a presença santa, e a voz do Senhor ecoou como um trovão distante:

— *”Moisés, tome o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens capazes de sair à guerra em Israel, de vinte anos para cima.”*

Era um comando claro. O povo não seria contado por vaidade, mas para que Israel soubesse sua força, sua capacidade de defender a aliança e marchar rumo à Terra Prometida. Moisés não hesitou. Chamou Arão, seu irmão, cujas vestes sacerdotais brilhavam com ouro e pedras preciosas, e juntos convocaram os príncipes de cada tribo, homens de reputação, líderes escolhidos por Deus para auxiliar na grande contagem.

**A Chamada das Tribos**

Um a um, os representantes das doze tribos se apresentaram diante da tenda sagrada. Cada homem trazia consigo o emblema de sua família, e Moisés os recebia com solenidade. Havia Naassom, príncipe de Judá, alto e de olhar firme; Netanel, líder de Issacar, homem sábio e ponderado; Eliab, de Zebulom, cuja postura revelava coragem. E assim por diante, até que todos os doze estivessem reunidos.

O trabalho começou ao raiar do sol seguinte. Os chefes de família traziam seus registros, listas cuidadosamente guardadas desde os tempos de Jacó. Homens de vinte anos para cima, fortes, capazes de empunhar espada e escudo, eram alinhados diante dos contadores. O som de vozes ecoava pelo acampamento enquanto os números eram anotados em rolos de pergaminho.

**Os Números da Fidelidade**

Tribo por tribo, o censo avançava. Judá, a tribo real, apresentou 74.600 guerreiros. Rúben, o primogênito, contou 46.500. A tribo de Dã, numerosa, somou 62.700. E assim seguiu, até que todas as doze tribos fossem registradas.

Os levitas, porém, não foram contados entre os demais. Separados para o serviço do Tabernáculo, sua missão era carregar a Arca da Aliança, cuidar dos utensílios sagrados e ensinar a Lei. Eles eram o escudo espiritual de Israel, e Moisés sabia que sua proteção vinha não da espada, mas da obediência.

Quando o último nome foi registrado e o sol já se punha no horizonte, lançando sombras douradas sobre as tendas, Moisés olhou para o total: **603.550 homens** aptos para a guerra. Um exército formidável, nascido da promessa feita a Abraão séculos antes.

**O Propósito da Contagem**

Aquela não era apenas uma lista de nomes. Era um lembrete de que Yahweh mantinha Sua palavra. Cada número representava uma vida, uma família, um destino ligado ao plano divino. Israel não era apenas um povo errante—era uma nação santa, preparada para conquistar, mas também para servir.

E assim, sob as estrelas do deserto, Moisés se ajoelhou em gratidão. O Senhor os guiaria, como sempre fizera. E agora, sabendo sua força, Israel estava pronto para o próximo passo na jornada rumo à Terra que mana leite e mel.

E Yahweh observava, satisfeito, Seu povo contado, organizado e fiel.