Bíblia em Contos

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A Última Ceia: Noite de Amor e Traição

**A Última Ceia: Uma Noite de Amor e Traição**

Era o primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando os judeus sacrificavam o cordeiro pascal. Jerusalém estava repleta de peregrinos, e o ar carregava o aroma de pães frescos e ervas amargas. Os discípulos, seguindo as instruções de Jesus, prepararam-se para celebrar a Páscoa.

— Mestre, onde queres que preparemos para que comas o cordeiro pascal? — perguntaram Pedro e João, aproximando-se Dele com reverência.

Jesus, cujos olhos refletiam uma profunda serenidade misturada com tristeza, respondeu:

— Ao entrarem na cidade, encontrarão um homem carregando um cântaro de água. Sigam-no até a casa em que ele entrar e digam ao dono da casa: “O Mestre pergunta: Onde é o meu aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?” Ele lhes mostrará uma grande sala mobiliada e preparada. Fazei ali os preparativos.

Os dois discípulos partiram e tudo aconteceu exatamente como Jesus dissera. A sala era ampla, com tapetes estendidos e mesas baixas dispostas em forma de “U”, conforme o costume. O cheiro de pão sem fermento e vinho doce enchia o ambiente.

Quando a noite caiu, Jesus chegou com os Doze. As lamparinas de azeite lançavam sombras dançantes nas paredes, iluminando os rostos daqueles que haviam caminhado com Ele por três anos. Mas havia um peso no ar, uma tensão silenciosa.

Enquanto reclinavam-se à mesa, Jesus, com voz grave, declarou:

— Em verdade vos digo que um de vós, que agora come comigo, me trairá.

Os discípulos entreolharam-se, consternados. Um a um, começaram a perguntar:

— Porventura, sou eu, Senhor?

Judas, cujo coração já estava dominado pela ganha, também indagou, tentando disfarçar sua agitação:

— Mestre, serei eu?

Jesus fitou-o profundamente e respondeu em voz baixa, para que só ele ouvisse:

— Tu o disseste.

E então, como se cumprisse um ritual sagrado, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e o entregou aos discípulos, dizendo:

— Tomai, isto é o meu corpo.

Em seguida, pegou o cálice de vinho, deu graças e o ofereceu a eles. Todos beberam, e Ele prosseguiu:

— Isto é o meu sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira até aquele dia em que o beberei, novo, no reino de Deus.

Após cantarem um hino, saíram para o Monte das Oliveiras. A noite estava escura, e o vento soprava frio. Jesus, profundamente angustiado, levou consigo Pedro, Tiago e João um pouco mais adiante.

— A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Ficai aqui e vigiai — pediu-lhes, antes de se afastar para orar.

Caindo de rosto em terra, suou gotas de sangue, tamanha era a agonia.

— Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas o que tu queres.

Ao voltar, encontrou os discípulos dormindo.

— Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.

Três vezes Ele orou, e três vezes os achou adormecidos. Então, chegou a hora.

— Levantai-vos! Eis que o traidor se aproxima.

E eis que Judas, à frente de uma multidão armada com espadas e varapaus, adiantou-se e beijou Jesus no rosto, sinal combinado para identificá-Lo.

— Amigo, a que vieste? — perguntou Jesus, com tristeza infinita.

Os soldados O prenderam, e todos os discípulos, tomados de medo, fugiram. Pedro, seguindo de longe, entrou no pátio do sumo sacerdote, onde negou Jesus três vezes antes que o galo cantasse.

Enquanto isso, no palácio de Caifás, falsas testemunhas levantaram acusações contra o Filho de Deus. Mas Ele permaneceu em silêncio, até que o sumo sacerdote, exasperado, perguntou:

— És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?

— Eu sou. E vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu.

Foi o suficiente. Caifás rasgou as próprias vestes e O condenou por blasfêmia.

Enquanto a madrugada se aproximava, o destino de Jesus estava selado. O amor havia sido traído, mas a redenção da humanidade estava prestes a começar.

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