**O Profeta Escolhido por Deus**

Num tempo em que o povo de Israel acampava às margens do Jordão, prestes a entrar na Terra Prometida, Moisés reuniu as tribos para transmitir as últimas instruções do Senhor. O sol poente tingia o céu de dourado, e uma brisa suave agitava as bandeiras das doze tribos, enquanto todos se ajuntavam em reverência ao homem que os guiara por quarenta anos no deserto.

Moisés, já idoso mas com os olhos ainda ardendo com o fogo da sabedoria divina, ergueu as mãos para acalmar a multidão. Sua voz, grave e cheia de autoridade, ecoou pelas colinas:

— Ouçam, ó Israel! O Senhor, vosso Deus, levantará dentre vós um profeta como eu. A Ele devereis obedecer!

O povo se entreolhou, murmurando. Alguns lembravam-se dos terríveis enganos do passado, quando seus pais haviam consultado adivinhos e feiticeiros em busca de respostas, desviando-se do caminho do Altíssimo. Moisés prosseguiu, com severidade:

— Quando entrarem na terra que o Senhor lhes dá, não imitem as abominações daqueles povos! Não pratiquem encantamentos, não consultem os mortos, nem busquem agouros. Pois o Senhor abomina os que fazem tais coisas!

Um silêncio pesado pairou sobre a assembleia. Mulheres apertaram seus filhos contra o peito, e homens robustos baixaram a cabeça, lembrando-se dos ídolos mudos do Egito e das falsas promessas de magos e feiticeiros.

— Mas o Senhor não os deixará sem guia — continuou Moisés, suavizando a voz. — Ele mesmo lhes dará um profeta, que falará em Seu nome. E aquele que não ouvir as palavras desse profeta, prestará contas ao próprio Deus!

Dentre a multidão, um jovem chamado Eliabe inclinou-se para seu pai e sussurrou:

— Será que esse profeta já está entre nós?

O velho Isaque, cujas barbas brancas balançavam ao vento, sorriu com mistério.

— Quem sabe, meu filho? Mas uma coisa é certa: quando Ele vier, será como Moisés — intermediário entre Deus e os homens, portador da verdade divina.

Anos se passaram. Israel conquistou Canaã, estabeleceu-se na terra e, em tempos de crise, o Senhor sempre levantou profetas para guiá-los: Samuel, Elias, Isaías… Mas o povo ainda aguardava *Aquele* profeta, o prometido por Moisés.

Até que, numa noite silenciosa em Belém, sob o brilho de uma estrela incomum, nasceu um menino. E muitos séculos depois, quando João Batista viu Jesus aproximar-se do Jordão, exclamou:

— Eis o Cordeiro de Deus!

E então, as palavras de Moisés se cumpriram. Jesus, o Profeta maior que Moisés, veio não apenas para falar as palavras de Deus, mas para ser a própria Palavra feita carne. E todos os que nEle creram encontraram, enfim, a verdadeira voz do Pai.

Assim, a promessa de Deuteronômio 18 se cumpriu: Deus nunca abandonou Seu povo. Ele sempre lhes deu a luz da verdade, até que a Luz do Mundo resplandeceu nas trevas.