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O Chamado de Tito em Creta: Missão e Fé (96 caracteres)

**O Chamado de Tito em Creta**

A ilha de Creta banhava-se sob o sol dourado do Mediterrâneo, suas colinas verdejantes e cidades movimentadas testemunhavam séculos de história e cultura. Mas, por trás da beleza natural, havia um povo dividido entre tradições humanas e a verdade do Evangelho. Foi nesse cenário que o apóstolo Paulo, já idoso e experiente, sentiu o peso do Espírito Santo em seu coração: era necessário estabelecer líderes firmes na fé, homens que pudessem guiar a igreja cretense com integridade e sabedoria.

E assim, ele chamou Tito, seu filho na fé, um grego convertido que havia se tornado um dos seus mais confiáveis cooperadores. Enquanto caminhavam pelas ruas de pedra de Gortina, Paulo colocou a mão sobre o ombro de Tito e falou com seriedade:

— Tito, deixei-te em Creta para que pusesses em ordem o que ainda falta e constituísses anciãos em cada cidade, conforme te ordenei.

Tito olhou para o horizonte, onde o mar brilhava sob a luz da tarde. Ele sabia que a tarefa não seria fácil. Os cretenses eram conhecidos por sua rebeldia, gulosos e mentirosos, como até mesmo um de seus próprios poetas dissera: *”Cretenses, sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos.”* A igreja precisava de homens que fossem diferentes, que vivessem de modo irrepreensível, fiéis à doutrina de Cristo.

Paulo continuou, sua voz firme como a rocha:

— O ancião deve ser irrepreensível, marido de uma só mulher, com filhos crentes que não sejam acusados de dissolução nem desobediência. Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus, não arrogante, nem irascível, nem dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância.

Tito assentiu, gravando cada palavra em seu coração. Ele já conhecia alguns homens piedosos entre os irmãos, como Ariston, um ex-mercador que abandonara sua ganância para servir aos pobres, ou Epafras, um homem de oração cuja casa sempre estava aberta para os necessitados. Mas também havia os falsos mestres, que perturbavam as famílias com fábulas judaicas e mandamentos de homens, corrompendo a verdade pelo lucro.

Paulo, com olhar penetrante, advertiu:

— Aos puros, todas as coisas são puras, mas aos corrompidos e incrédulos, nada é puro; antes, tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas.

O vento soprava suave entre as oliveiras enquanto Tito refletia sobre essas palavras. Ele sabia que deveria confrontar os enganadores com ousadia, calando-lhes a boca, pois estavam arruinando casas inteiras com seus ensinos perversos.

Nos dias que se seguiram, Tito percorreu as cidades cretenses — Cnossos, Festos, Cidônia — reunindo os fiéis e examinando cada candidato ao presbitério. Havia histórias de transformação: como a de Lúcio, um antigo soldado romano que agora ensinava as crianças com paciência, ou a de Marta, uma viúva cuja fé era conhecida por todos. Mas também havia decepções, como o caso de Hermas, que, embora eloquente, era dominado pela avareza e teve de ser repreendido.

Uma noite, enquanto Tito orava à beira-mar, sentiu a presença de Deus confirmando sua missão. Ele não estava sozinho. O Senhor levantaria pastores segundo o Seu coração, homens que apascentariam o rebanho com amor e firmeza.

E assim, com determinação, Tito continuou sua obra, sabendo que, embora Creta fosse uma terra de contradições, a Palavra de Deus era mais poderosa do que qualquer mentira humana. A igreja não seria construída sobre a areia movediça das tradições vãs, mas sobre a Rocha Eterna, Jesus Cristo, o único digno de toda honra e glória.

E os dias se passaram, e a semente do Evangelho, regada com oração e fidelidade, começou a frutificar em Creta, para a glória de Deus.

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