A Cura do Paralítico e os Milagres de Jesus em Cafarnaum (96 caracteres, sem símbolos ou aspas)
**A Cura do Paralítico e Outras Maravilhas de Jesus**
Na poeirenta cidade de Cafarnaum, o sol escaldante do meio-dia lançava sombras alongadas sobre as estreitas ruas de terra batida. As casas de pedra, humildes e acolhedoras, abrigavam famílias que viviam sob o jugo do Império Romano e das rigorosas interpretações da Lei pelos fariseus. Era um tempo de esperança misturada com desespero, e foi nesse contexto que Jesus, o Rabi da Galileia, realizou obras que ecoariam por toda a região.
Naquele dia, enquanto Jesus ensinava em uma casa simples, ajuntou-se uma multidão tão grande que nem mesmo a porta conseguia conter todos os curiosos e necessitados. Homens, mulheres e crianças se apertavam para ouvir as palavras cheias de autoridade que saíam de Seus lábios. Entre eles, quatro homens carregavam um paralítico em uma maca de pano, determinado a levá-lo até Aquele que diziam ser o Messias.
Vendo que não conseguiriam passar pela porta, os quatro subiram ao telhado da casa, feito de vigas de madeira e palha entrelaçada. Com cuidado, removeram parte da cobertura, fazendo cair pequenos pedaços de barro e palha sobre os que estavam dentro. O barulho interrompeu momentaneamente o ensino de Jesus, e todos olharam para cima, surpresos.
Os quatro homens, suando pelo esforço, começaram a baixar o paralítico lentamente, até que a maca repousou diante de Jesus. O paralítico, de olhos cheios de esperança e medo, fitou o Mestre. A multidão emudeceu, aguardando o que aconteceria.
Jesus, conhecendo os corações daqueles homens e vendo a fé que os movia, olhou para o paralítico e disse com voz serena, mas poderosa: **”Tem bom ânimo, filho; os teus pecados estão perdoados.”**
Um murmúrio de espanto e indignação percorreu a multidão, especialmente entre os escribas e fariseus que ali estavam. Eles pensaram consigo mesmos: **”Quem é este que blasfema? Só Deus pode perdoar pecados!”**
Jesus, percebendo seus pensamentos, fixou neles Seu olhar penetrante e perguntou: **”Por que cogitais o mal em vossos corações? Pois, qual é mais fácil? Dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?”**
O silêncio tomou conta do lugar. Então, para mostrar que tinha autoridade na terra para perdoar pecados, Jesus voltou-Se para o paralítico e ordenou: **”Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa.”**
Imediatamente, como se um rio de força invadisse seus membros antes inertes, o homem se ergueu. Seus músculos, há tanto tempo sem uso, responderam ao comando divino. Ele dobrou a maca, colocou-a sob o braço e, diante dos olhos atônitos de todos, saiu andando, louvando a Deus.
A multidão, tomada de temor e admiração, glorificou a Deus, dizendo: **”Nunca vimos coisa assim!”**
**A Chamada de Mateus**
Mais tarde, ao passar pela coletoria de impostos, Jesus viu um homem sentado à mesa, cercado de moedas e registros. Era Mateus, também chamado Levi, um publicano desprezado pelos judeus por colaborar com Roma e muitas vezes extorquir o próprio povo.
Jesus, sem hesitar, aproximou-Se e disse apenas: **”Segue-Me.”**
Mateus ergueu os olhos, surpreso. Ninguém jamais o havia chamado para algo maior do que contar dinheiro. Seu coração, talvez cansado da vida vazia que levava, moveu-se diante daquele convite. Sem pensar duas vezes, levantou-se, deixou tudo para trás e seguiu Jesus.
Para celebrar sua nova vida, Mateus preparou um grande banquete em sua casa, convidando outros publicanos e pecadores para conhecerem Jesus. Os fariseus, vendo isso, murmuravam aos discípulos: **”Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?”**
Jesus, ouvindo, respondeu com sabedoria: **”Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos. Ide, porém, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifício’. Pois Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.”**
**A Filha de Jairo e a Mulher com Fluxo de Sangue**
Enquanto Jesus ainda falava, chegou um dos principais da sinagoga, chamado Jairo. Seu rosto estava marcado pela angústia, e ele prostrou-se aos pés de Jesus, suplicando: **”Minha filha acabou de morrer; mas vem, impõe a Tua mão sobre ela, e viverá.”**
Jesus, compadecido, levantou-Se para segui-lo. No caminho, uma mulher que há doze anos sofria de um fluxo de sangue, gastando todos os seus recursos com médicos inúteis, aproximou-se por trás e tocou a orla de Seu manto. Ela pensava consigo mesma: **”Se eu apenas tocar em Sua veste, ficarei curada.”**
No mesmo instante, o fluxo estancou, e ela sentiu em seu corpo que estava curada. Jesus, percebendo que poder havia saído dEle, voltou-Se e perguntou: **”Quem tocou na Minha veste?”**
Os discípulos, confusos, disseram: **”Vês a multidão que Te aperta e perguntas quem Te tocou?”**
Mas Jesus continuou olhando ao redor, até que a mulher, tremendo, caiu aos Seus pés e confessou o que havia acontecido. Ele então lhe disse: **”Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. Vai em paz.”**
Enquanto isso, chegaram notícias da casa de Jairo: **”Tua filha já morreu; não incomodes mais o Mestre.”**
Jesus, porém, ouvindo, disse a Jairo: **”Não temas; crê somente, e ela será salva.”**
Ao chegar à casa, já havia choradores e flautistas fazendo o lamento fúnebre. Jesus disse: **”Retirai-vos, porque a menina não está morta, mas dorme.”**
Eles riram dEle, mas Ele, entrando, tomou a menina pela mão e disse: **”Talitá cumi”** (que significa: “Menina, a ti te digo, levanta-te”).
Imediatamente, a menina se levantou e começou a andar, deixando todos maravilhados. Jesus, então, pediu que lhe dessem de comer e ordenou que não contassem a ninguém o que havia acontecido.
**A Visão do Reino**
À medida que Jesus continuava Sua jornada, curando os cegos, expulsando demônios e ensinando sobre o Reino dos Céus, as multidões O seguiam, mas os fariseus O acusavam de expulsar demônios pelo poder de Belzebu. Jesus, porém, revelou a insensatez dessa acusação, mostrando que um reino dividido não pode subsistir.
Ele também ensinou que a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos, e pediu que Seus discípulos orassem ao Senhor da seara para que enviasse mais obreiros.
Assim, naquele dia, muitas vidas foram transformadas. Os doentes foram curados, os pecadores foram chamados, e os mortos voltaram à vida. Tudo isso revelava que o Reino de Deus havia chegado, e Jesus era o Seu Rei.