**O Julgamento de Jerusalém: Uma História Baseada em Isaías 3**

Nos dias em que o rei Uzias havia descansado com seus pais e o reino de Judá caminhava sob a liderança de homens fracos e orgulhosos, o Senhor levantou o profeta Isaías para anunciar um severo julgamento contra Jerusalém. A cidade outrora gloriosa, que deveria ser farol de justiça, havia se corrompido, e o peso dos pecados do povo clamava aos céus.

Era uma manhã cinzenta quando Isaías subiu às praças da cidade, seu manto de pelos de camelo balançando ao vento seco que soprava do deserto. Seus olhos, cheios do fogo da visão divina, percorreram as ruas apinhadas de mercadores, sacerdotes indiferentes e nobres vestidos de púrpura, mas vazios de virtude. O ar pesava com o cheiro de incenso misturado ao odor de injustiça.

— *Ouvi, ó líderes de Jerusalém!* — bradou o profeta, sua voz ecoando como um trovão. — *Eis que o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, tira de Judá e de Jerusalém o sustento e o apoio: todo recurso de pão e toda reserva de água!*

O povo começou a se aglomerar, alguns com curiosidade, outros com desdém. Homens que outrora se apoiavam em suas riquezas e posições trocaram olhares nervosos. Isaías prosseguiu, apontando para os anciãos e guerreiros, para os juízes e profetas mentirosos, para os artífices de encantamentos e os sábios em suas próprias astúcias.

— *O Senhor fará com que meninos se tornem vossos príncipes, e com que crianças governem sobre vós!*

Risadas incrédulas surgiram entre a multidão, mas o profeta não se abalou. Seu rosto permaneceu sério como a pedra talhada do Templo.

— *O povo se oprimirá uns aos outros, cada um contra seu próximo. O jovem se levantará contra o ancião, o vil contra o nobre. E quando um homem, em sua desesperança, se agarrar a seu irmão, dizendo: “Ao menos tu tens um manto, sê nosso líder!”, este responderá: “Não posso ser vosso guia, pois em minha casa não há pão nem vestes!”*

O tom de zombaria cessou. Um silêncio pesado caiu sobre a praça. Até os vendedores ambulantes interromperam seus pregões. Isaías ergueu as mãos, como se carregasse o peso da palavra divina.

— *Jerusalém está arruinada, e Judá caiu, porque as suas palavras e as suas obras são contra o Senhor, desafiando os olhos da Sua glória! A altivez dos seus rostos testemunha contra eles, e, como Sodoma, publicam o seu pecado sem o disfarçar. Ai da sua alma! Porque eles preparam mal para si mesmos.*

Entre a multidão, algumas mulheres ricas, adornadas com braceletes de ouro e véus bordados, riam com afetação, seus passos soando como címbalos enquanto se apoiavam em seus servos. Isaías voltou-se para elas, e seu olhar era como uma espada flamejante.

— *E quanto a vós, filhas de Sião, que andais altivas, com olhares lascivos, pisando com pés delicados e tilintando ornamentos nos tornozelos… O Senhor rapará a cabeça das soberbas e lhes tirará as vestes luxuosas! Em lugar de perfume, haverá mau cheiro; em lugar de cinto, corda; em lugar de belos penteados, calvície; em lugar de vestes finas, cilício; e queimadura em lugar de beleza!*

Gritos de indignação surgiram, mas o profeta já se virava, seu manto esvoaçando como uma bandeira de luto. Ele deixava para trás uma cidade que, em breve, conheceria o gosto amargo do juízo.

E assim se cumpriu.

Não muitos anos depois, os exércitos da Babilônia marcharam sobre Jerusalém. Os líderes, outrora orgulhosos, foram arrastados em correntes. As mulheres que se adornavam com vaidade agora choravam sobre os escombros. Os nobres, que antes se banquetearam em salões dourados, mendigavam migalhas nas terras estrangeiras.

Pois o Senhor havia falado. E Sua palavra nunca volta vazia.

**Moral da História:**
O orgulho precede a queda, e a justiça divina não pode ser desafiada. Jerusalém, que deveria ser luz, tornou-se trevas por sua soberba e opressão. Mas mesmo em meio ao julgamento, a misericórdia de Deus aguarda os que se arrependem e voltam a Ele.