**A Sabedoria que Edifica a Casa**

Na antiga cidade de Jerusalém, sob o calor do sol que brilhava sobre os muros de pedra, vivia um homem chamado Eliabe. Ele era conhecido por sua integridade e sabedoria, pois desde jovem havia se dedicado a meditar nos ensinamentos dos provérbios de Salomão. Seu coração guardava com zelo as palavras de Provérbios 22: *”A boa reputação vale mais que grandes riquezas; desfrutar de boa estima vale mais que prata e ouro.”*

Eliabe não era o homem mais rico da cidade, mas sua honestidade e bondade faziam dele um dos mais respeitados. Ele trabalhava como oleiro, moldando vasos de barro com mãos habilidosas, e em cada peça que criava, via a mão do Criador, que também o formara com propósito. Seu pequeno comércio prosperava, não porque buscava enriquecer a qualquer custo, mas porque tratava cada cliente com justiça, nunca usando medidas falsas ou enganando os mais pobres.

Certo dia, um mercador estrangeiro chegou à sua loja, vestido com roupas finas e carregando uma bolsa repleta de moedas de prata. Seu nome era Arão, e ele vinha de uma terra distante, onde o comércio era regido pela astúcia e não pela honestidade.

— *”Eliabe, ouvi falar de tua habilidade como oleiro. Quero encomendar centenas de vasos para meu palácio, mas preciso que sejam entregues em um mês. Pagarei bem, desde que aceites meu preço,”* disse Arão, com um sorriso que não alcançava os olhos.

Eliabe olhou para o homem e sentiu um desconforto em seu espírito. Sabia que, para cumprir o prazo, teria que trabalhar dia e noite, talvez até negligenciar a qualidade de suas peças. Além disso, o preço oferecido era injusto, deixando pouco para o sustento de sua família.

— *”Meu irmão Arão, agradeço tua proposta, mas não posso aceitar condições que me obriguem a sacrificar a excelência do meu trabalho ou a justiça no ganho. O Senhor nos ensina que ‘o rico e o pobre têm isto em comum: o Senhor é o Criador de ambos’. Não posso explorar minhas mãos nem o teu bolso.”*

Arão riu, incrédulo.

— *”Falas como um homem que não conhece o valor do ouro! No mundo dos negócios, só os espertos prosperam.”*

Eliabe respondeu com calma:

— *”A verdadeira prosperidade não está no acúmulo de riquezas, mas na paz que vem de andar nos caminhos do Senhor. Como está escrito: ‘O homem generoso prosperará; quem dá alívio aos outros, alívio receberá’.”*

O mercador partiu, aborrecido, e muitos na cidade cochicharam que Eliabe havia perdido uma grande oportunidade. Mas ele não se abalou. Continuou seu trabalho com dedicação, e logo outros compradores, que valorizavam sua integridade, encheram sua loja de encomendas justas.

Algumas semanas depois, uma grande tempestade atingiu a região, e as chuvas torrenciais inundaram as casas próximas ao vale. O mercador Arão, que havia contratado oleiros apressados e gananciosos, viu seus vasos se quebrarem facilmente, pois haviam sido feitos com pressa e material fraco. Já os vasos de Eliabe, cuidadosamente moldados e queimados no tempo certo, resistiram.

Quando a tempestade passou, Arão voltou humildemente à loja de Eliabe.

— *”Eu ri da tua sabedoria, mas agora vejo que tua integridade preservou o que meu dinheiro não pôde comprar. Ensina-me, pois quero aprender a viver como tu.”*

Eliabe sorriu e respondeu:

— *”Não são minhas palavras, mas as do Altíssimo. ‘Instrui a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.’ A verdadeira sabedoria começa no temor ao Senhor.”*

Daquele dia em diante, Arão tornou-se não apenas um cliente, mas um discípulo das verdades eternas. E a casa de Eliabe, embora simples, foi abençoada, pois ele entendia que *”quem é misericordioso para com o pobre ao Senhor empresta, e Ele lhe retribuirá o seu benefício.”*

Assim, a sabedoria de Provérbios 22 não eram apenas palavras antigas, mas verdades vivas que moldavam destinos e edificavam lares na graça do Eterno.