**O Homem Bem-Aventurado**

Era uma vez, em uma terra antiga banhada pelo sol dourado e regada por rios que serpenteavam entre vales férteis, um homem chamado Eliabe. Ele não era rei, nem guerreiro, nem mesmo um sacerdote de grande renome. Eliabe era um homem simples, um lavrador que trabalhava a terra com mãos calejadas, mas seu coração era como um jardim bem cuidado, onde a Palavra do Senhor brotava com vida.

Desde a sua juventude, Eliabe ouvira os sábios de Israel recitarem as palavras do Salmo primeiro: *”Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.”* Essas palavras ecoavam em sua alma como um riacho fresco em meio ao deserto, e ele decidira viver por elas.

Enquanto muitos em sua aldeia seguiam os conselhos dos mercadores astutos que enganavam os pobres, ou se reuniam nas tavernas para zombar dos piedosos, Eliabe mantinha-se distante. Seus amigos eram os homens que se reuniam ao pôr do sol para meditar na Lei do Senhor. À noite, enquanto outros se perdiam em festas e farras, ele se deleitava nos rolos das Escrituras, lendo e relendo as palavras de Moisés e dos profetas. Sua esposa, Ana, muitas vezes o via murmurando os salmos enquanto preparava a terra para a semeadura, como se cada verso fosse uma semente plantada em seu coração.

Os anos passaram, e enquanto os ímpios ao seu redor floresciam como o joio, crescendo rapidamente apenas para serem consumidos pelo fogo da decadência, Eliabe permanecia firme. Sua vida não era isenta de dificuldades—havia secas que ameaçavam suas colheitas, doenças que assolavam seu rebanho, e até mesmo a zombaria daqueles que o chamavam de “fanático” por sua devoção. Mas ele era como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, cujas raízes bebiam da fonte invisível da graça de Deus.

Um dia, uma grande tempestade varreu a região. Ventos furiosos arrancaram as casas daqueles que construíram sobre a areia da vaidade e do pecado. Os que confiavam em sua própria astúcia viram suas riquezas se dissiparem como fumaça. Mas a casa de Eliabe, embora sacudida, permaneceu firme. Seus filhos, criados nos caminhos do Senhor, não se desviaram, e sua colheita, embora modesta, nunca faltou.

No final de seus dias, já idoso e de cabelos brancos como a neve do Monte Hermom, Eliabe reuniu seus netos ao redor de si e, com voz serena, recitou mais uma vez o Salmo que guiara sua vida:

*”Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.”*

E assim, quando ele fechou os olhos pela última vez, não foi com medo, mas com a certeza de que suas raízes estavam firmes no rio da vida eterna. Sua história não foi escrita em monumentos de pedra, mas nas vidas daqueles que, como ele, escolheram o caminho da bem-aventurança—o caminho daquele que ouve, ama e obedece à voz do Senhor.

E até hoje, quando o vento sopra suave sobre os campos daquela região, dizem que ainda se pode ouvir o sussurro das folhas das árvores plantadas junto às águas, testemunhando que a verdadeira prosperidade não está no ouro, mas na fidelidade.