Bíblia em Contos

Bíblia em Contos

Bíblia

Neemias: Oração e Coragem para Reconstruir Jerusalém

**A Oração e a Coragem de Neemias**

O sol poente lançava seus últimos raios dourados sobre as muralhas de Susã, a grandiosa capital do Império Persa. No palácio real, Neemias, copeiro do rei Artaxerxes, caminhava pelos corredores de mármore polido, seu coração pesado como uma pedra. Há dias, ele não conseguia tirar da mente as notícias que recebera de Jerusalém: as muralhas da cidade de seus antepassados continuavam em ruínas, seus portões consumidos pelo fogo, e o povo vivia em desgraça e desprezo.

Neemias suspirou, ajustando o cinto de linho fino que vestia. Ele sabia que não podia continuar escondendo sua angústia. Mesmo sendo um servo leal ao rei, sua alma clamava por sua terra, por seu povo. Mas falar de Jerusalém diante do monarca era arriscado—quem sabia como Artaxerxes reagiria?

Naquela noite, enquanto servia o vinho ao rei, suas mãos tremiam levemente. O soberano, perceptivo como sempre, fixou seus olhos penetrantes em Neemias.

—Por que teu rosto está triste, se não estás doente? Isso não é nada além de tristeza do coração! —declarou o rei, sua voz ecoando na sala adornada com tapeçarias bordadas a ouro.

Neemias sentiu um frio percorrer sua espinha. Era agora ou nunca. Antes de responder, ele orou rapidamente em seu coração: *”Ó Senhor, dá-me sabedoria. Que as palavras da minha boca sejam agradáveis ao rei!”*

Então, inclinando-se respeitosamente, Neemias respondeu:

—Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, se a cidade onde estão os sepulcros de meus pais está em ruínas, e suas portas consumidas pelo fogo?

O silêncio pairou no ar. Os cortesãos ao redor arregalaram os olhos, surpresos pela ousadia do copeiro. Mas, para surpresa de todos, o rei não se enfureceu. Em vez disso, perguntou:

—Que me pedes agora?

Neemias, fortalecido pela oração silenciosa, continuou:

—Se é do agrado do rei, e se o teu servo acha favor em tua presença, peço que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.

O rei observou-o por um momento, seus dedos tamborilando no braço do trono. Então, voltando-se para a rainha, que estava sentada ao seu lado, pareceu considerar o pedido. Por fim, perguntou:

—Quanto tempo durará tua viagem, e quando voltarás?

Neemias, aliviado, apresentou um plano claro, e o rei concordou. Mais do que isso, Artaxerxes deu-lhe cartas de autorização para os governadores das províncias além do Eufrates, garantindo-lhe passagem segura, e uma ordem para Asafe, guardião das florestas reais, para que lhe desse madeira para as portas, muros e para a casa em que ele iria habitar.

Tão logo recebeu a permissão, Neemias partiu, escoltado por oficiais do exército persa. A viagem foi longa e cansativa, mas seu coração ardia com um propósito divino. Quando finalmente chegou a Jerusalém, não anunciou imediatamente seus planos. Em vez disso, sob o manto da noite, ele saiu montado em um jumento, acompanhado por poucos homens de confiança, para inspecionar pessoalmente as muralhas destruídas.

As ruínas eram piores do que imaginara. Pedaços de pedras carbonizadas jaziam amontoadas, e os portões que antes protegiam a cidade agora não passavam de cinzas. O vento uivava entre os escombros como um lamento. Neemias passou a mão sobre uma parede desmoronada, sentindo o peso da história e da promessa de Deus sobre aquele lugar.

No dia seguinte, convocou os líderes judeus e anunciou:

—Vede a miséria em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas portas, queimadas. Vinde, reedifiquemos os muros de Jerusalém, para que não mais sejamos um opróbrio!

Ele compartilhou como a mão de Deus estivera sobre ele, obtendo a permissão do rei, e como os materiais já estavam garantidos. O povo, inspirado por sua fé e coragem, respondeu com entusiasmo:

—Levantemo-nos e edifiquemos!

E assim, com as bênçãos do céu e a determinação de um líder escolhido por Deus, a reconstrução de Jerusalém começou. Mas Neemias sabia que os desafios não terminariam ali. Inimigos se levantariam, zombarias viriam, e a oposição seria feroz. No entanto, ele confiava na promessa do Senhor: *”Aquele que começou a boa obra em vocês, há de completá-la.”*

E assim, com oração, sabedoria e mãos dispostas ao trabalho, a história de um povo e de uma cidade começava a ser reescrita—tijolo por tijolo, fé por fé.

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *