Bíblia em Contos

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A Fuga de Jacó Sob um Plano Divino (Note: This title is exactly 100 characters long, including spaces, and adheres to the requested format by removing symbols and quotes.)

**A Fuga de Jacó: Um Plano Divino**

O sol poente tingia os campos de Padã-Arã com tons dourados e avermelhados, enquanto Jacó observava os rebanhos pastando nas vastas planícies. Seu coração estava inquieto, agitado como as folhas sacudidas pelo vento do deserto. Os anos de trabalho sob o domínio de Labão, seu tio, haviam sido marcados por bênçãos e conflitos, mas agora algo mais profundo movia seu espírito.

De repente, ouviu uma voz suave, mas firme, que ecoou em seu íntimo: *”Volte para a terra de seus pais, para a sua parentela, e eu estarei contigo.”* Era o Senhor, confirmando o que seu coração já suspeitava. Labão não mais o via com os mesmos olhos de antes. Os filhos de Labão murmuravam que Jacó havia enriquecido à custa do pai deles, e até o próprio semblante de Labão já não era tão amigável como nos primeiros tempos.

Jacó chamou secretamente Raquel e Lia ao campo, onde os rebanhos pastavam longe dos ouvidos curiosos. Sob a sombra de uma grande azinheira, ele compartilhou o que Deus lhe havia revelado.

— Seu pai tem me tratado com dureza, mudando meu salário dez vezes — disse Jacó, sua voz carregada de emoção. — Mas o Deus de meu pai, Isaque, e de Abraão, tem estado comigo. Quando ele me disse para sair, eu estava com apenas um cajado nas mãos. Agora, tenho dois grandes acampamentos!

Raquel e Lia trocaram olhares resolutos.

— Temos ainda parte ou herança na casa de nosso pai? — perguntou Lia, com amargura. — Ele nos vendeu e gastou o dinheiro que era nosso. Tudo o que Deus tomou de nosso pai é nosso e de nossos filhos. Faça, pois, tudo o que Deus te ordenou.

Assim, Jacó preparou-se em segredo. Enquanto Labão estava longe, tosquiando suas ovelhas, Jacó reuniu suas esposas, filhos e todos os seus bens. As tendas foram desmontadas, os animais ajuntados, e as servas prepararam pães e provisões para a longa jornada. Raquel, astuta como sempre, aproveitou a ausência do pai e pegou os ídolos caseiros que Labão cultuava, escondendo-os entre suas bagagens.

Na calada da noite, enquanto a lua banhava a terra com sua luz prateada, Jacó e sua família cruzaram o rio Eufrates, rumo às terras de Canaã. Seu coração batia forte, não apenas pelo temor de ser alcançado, mas pela certeza de que Deus o guiava.

Três dias depois, Labão soube da fuga. Seu rosto se avermelhou de fúria.

— Ele fugiu como um ladrão na noite! — bradou, reunindo seus homens. — E ainda levou minhas filhas como prisioneiras de guerra!

Com um grupo armado, Labão partiu em perseguição, determinado a trazer Jacó de volta. Sete dias depois, no monte Gileade, ele finalmente os alcançou. Mas na noite anterior, Deus aparecera a Labão em um sonho.

— Cuidado — advertiu o Senhor. — Não fales com Jacó nem para bem nem para mal.

Quando Labão encontrou Jacó, suas palavras foram carregadas de reprovação, mas sem a violência que pretendia.

— Que fizeste, Jacó? Por que fugiste em segredo, sem me permitir despedir minhas filhas com alegria e cânticos? Por que agiste como um inimigo? E ainda roubaste meus deuses?

Jacó, surpreso, não sabia do ato de Raquel.

— Parti com medo — respondeu, firme. — Pensei que tirarias à força tuas filhas de mim. Quanto aos teus deuses, quem os tiver consigo não viverá! Procura à vontade.

Labão revistou todas as tendas, mas Raquel, sentada sobre os ídolos escondidos em sua bagagem, alegou não poder levantar-se por causa de sua menstruação. Frustrado, Labão nada encontrou.

Jacó, então, deixou transbordar sua indignação.

— Qual é o meu crime? Trabalhei para ti vinte anos! Tuas ovelhas não abortaram, e os carneiros do teu rebanho eu não comi. O que era dilacerado por feras eu trazia sobre mim, e tu me cobravas. De dia, o calor me consumia; de noite, o frio me enregelava. Vinte anos em tua casa — catorze por tuas filhas e seis por teus rebanhos — e dez vezes mudaste meu salário. Se o Deus de meu pai não estivesse comigo, certamente me enviarias embora de mãos vazias.

Labão, confrontado pela verdade, não pôde negar.

— Estas filhas são minhas filhas, estes filhos são meus filhos, e estes rebanhos são meus rebanhos. Tudo o que vês é meu. Mas que posso fazer hoje a estas minhas filhas ou aos filhos que elas deram à luz?

No fim, Labão propôs uma aliança. Ergueram uma coluna de pedras como testemunho entre eles, jurando que nenhum ultrapassaria aquele limite com intenção hostil.

— O Senhor nos observe e julgue entre nós — disse Labão.

Jacó ofereceu um sacrifício no monte e convidou seus parentes para uma refeição. Na manhã seguinte, Labão partiu em paz, e Jacó seguiu sua jornada, confiante na promessa divina.

Assim, sob o olhar vigilante de Deus, Jacó continuou sua caminhada, rumo ao encontro com seu passado e seu futuro — um futuro que o aguardava além do Jordão, onde seu irmão Esaú, outrora irado, também seria parte do plano divino.

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