**A Visão do Rolo Voante e do Cesto de Medida**

Naquela noite, o profeta Zacarias estava em profunda oração, buscando a face do Senhor no seu aposento simples em Jerusalém. O ar era fresco, e a lua prateada lançava sua luz suave sobre a cidade que ainda carregava as marcas da reconstrução após o exílio. De repente, como que em resposta às suas súplicas, o Espírito do Senhor o envolveu, e ele foi transportado em visão para um cenário sobrenatural.

Diante dele, os céus pareciam se abrir, e um vento divino soprava com força. Seus olhos se fixaram em algo extraordinário: um grande rolo voando pelo ar, pairando sobre a terra como uma sentença divina. O rolo era imenso, tão largo que parecia cobrir o horizonte, e seu material brilhava como fogo purificador. Zacarias sentiu um temor reverente ao perceber que aquilo não era obra humana, mas uma mensagem direta do Altíssimo.

Então, a voz do anjo que sempre o acompanhava em suas visões ressoou ao seu lado:

— O que você vê, Zacarias?

O profeta, ainda maravilhado, respondeu:

— Vejo um rolo voando, enorme, pairando sobre a terra.

O anjo explicou com solenidade:

— Essa é a maldição que sairá sobre toda a terra, pois todo aquele que roubar, conforme está escrito de um lado, será eliminado; e todo aquele que jurar falsamente, conforme está escrito do outro lado, também será eliminado. O Senhor dos Exércitos declara que fará esta maldição entrar na casa do ladrão e na casa do que jura falsamente pelo Seu nome, e permanecerá nela até consumi-la, até mesmo suas vigas e pedras.

Zacarias sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A justiça de Deus não era apenas promessa, mas um decreto imutável. O rolo simbolizava a Palavra do Senhor, que não voltaria vazia, mas cumpriria tudo o que determinasse. A maldição não era por capricho, mas por causa da iniquidade que contaminava o povo.

Antes que ele pudesse assimilar completamente aquela revelação, a visão se transformou. Agora, ele via um grande cesto de medida, como aqueles usados no comércio, mas com uma aparência sinistra. A tampa de chumbo que o cobria parecia pesada, como se contivesse algo terrível.

O anjo perguntou novamente:

— O que você vê agora?

Zacarias respondeu:

— Vejo um cesto de medida, e algo está dentro dele.

O anjo então declarou:

— Essa é a iniquidade de todo o povo nesta terra.

Num instante, a tampa de chumbo se levantou, e Zacarias viu, para seu horror, uma figura feminina sentada dentro do cesto. Ela não era uma mulher comum, mas uma representação da maldade personificada. Seus olhos eram cheios de astúcia, e suas mãos pareciam sempre prontas para o engano. O anjo explicou:

— Essa é a impiedade.

Antes que Zacarias pudesse questionar, dois seres alados, mulheres com asas como de cegonha, desceram do céu com vento forte em suas asas. Elas pegaram o cesto e o elevaram entre o céu e a terra. Zacarias, perplexo, perguntou:

— Para onde elas estão levando o cesto?

O anjo respondeu com firmeza:

— Para a terra de Sinear, onde lhe será construída uma casa. Quando estiver preparada, o cesto será colocado sobre o seu próprio lugar.

Zacarias compreendeu então o significado profundo. Sinear era a terra da antiga Babilônia, símbolo da rebelião contra Deus. A iniquidade não seria tolerada na terra santa, mas removida para um lugar de juízo. O Senhor não permitiria que o pecado permanecesse entre o Seu povo sem consequências.

Ao despertar da visão, Zacarias caiu de joelhos, tremendo diante da santidade de Deus. Ele sabia que essas revelações não eram apenas para ele, mas para todo o Israel. O Senhor estava purificando o Seu povo, chamando-o ao arrependimento antes que o juízo fosse inevitável.

E assim, com o coração cheio da mensagem divina, Zacarias se levantou para proclamar a verdade: Deus é justo, mas também misericordioso. A escolha era deles — continuar na iniquidade e enfrentar a maldição, ou voltar-se para o Senhor e experimentar o Seu perdão restaurador.

E a Palavra do Senhor permanecia firme:

— Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo.