Bíblia em Contos

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O Sonho de Nabucodonosor e a Sabedoria de Daniel

**O Sonho do Rei Nabucodonosor e a Sabedoria Divina de Daniel**

No segundo ano do seu reinado, o rei Nabucodonosor da Babilônia foi perturbado por um sonho que lhe fugia da memória, deixando seu espírito agitado e seu sono transformado em inquietação. O grande monarca, acostumado a governar com mão de ferro e a ver seus inimigos caírem diante dele, agora se via atormentado por uma visão misteriosa que não conseguia compreender.

Pela manhã, o palácio real acordou com o som de passos apressados e vozes sussurrantes. O rei, com o rosto pálido e os olhos ardendo de insônia, convocou todos os sábios da Babilônia: os magos, os astrólogos, os encantadores e os adivinhos. Quando se reuniram diante do trono, Nabucodonosor ergueu-se com imponência e declarou:

— Tive um sonho, e meu espírito está perturbado porque desejo entender o seu significado!

Os sábios trocaram olhares confiantes e responderam:

— Ó rei, vive para sempre! Conta o sonho a teus servos, e nós te daremos a interpretação.

Mas o rei, com um brilho de suspeita nos olhos, replicou com voz trovejante:

— A palavra saiu de mim, e não a tolerarei ser desafiada! Se não me declararem o sonho e sua interpretação, sereis despedaçados, e vossas casas serão transformadas em montes de ruínas! Mas, se me revelardes o sonho e o seu significado, recebereis ricos presentes, grandes honras e posição elevada em meu reino.

Os sábios ficaram pasmos. Nunca haviam enfrentado tal exigência. Como poderiam adivinhar o sonho do rei se ele mesmo não o lembrava? Tentaram argumentar:

— Não há homem sobre a terra que possa revelar o que o rei pede! Nenhum rei, por maior e mais poderoso que seja, jamais exigiu tal coisa de seus magos ou astrólogos. O que o rei pede é impossível!

A fúria de Nabucodonosor explodiu como um vulcão. Ele ordenou que todos os sábios da Babilônia fossem executados. Quando o decreto foi anunciado, os soldados saíram para matar não apenas os magos e adivinhos, mas também Daniel e seus amigos — Hananias, Misael e Azarias —, pois eles também eram considerados sábios do reino.

Ao saber da sentença, Daniel, com sabedoria e serenidade, procurou Arioque, o capitão da guarda real, e perguntou:

— Por que o rei decretou uma sentença tão severa?

Quando Arioque explicou a situação, Daniel pediu tempo ao rei para que pudesse buscar a interpretação. Em seguida, correu para sua casa e contou tudo a Hananias, Misael e Azarias, exortando-os a orarem ao Deus dos céus para que lhes revelasse o mistério e poupasse a vida dos sábios da Babilônia.

Naquela noite, enquanto Daniel dormia, o Senhor lhe revelou o sonho e seu significado em uma visão. Ao acordar, Daniel ergueu as mãos aos céus e louvou a Deus, dizendo:

— Bendito seja o nome de Deus para todo o sempre, pois a sabedoria e o poder lhe pertencem! Ele muda os tempos e as estações, remove reis e estabelece reis. Ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o oculto; conhece o que está nas trevas, e com Ele mora a luz!

Imediatamente, Daniel foi levado à presença de Arioque e pediu para ser conduzido ao rei. Quando chegou diante de Nabucodonosor, o rei perguntou com ceticismo:

— Podes tu me declarar o sonho que tive e a sua interpretação?

Daniel, com humildade e firmeza, respondeu:

— O mistério que o rei exige, nem sábios, nem astrólogos, nem magos podem revelar. Mas há um Deus nos céus que revela os mistérios, e Ele fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos dias.

Então, Daniel começou a descrever o sonho:

— Ó rei, tu viste uma grande estátua, imensa e de extraordinário esplendor. Sua cabeça era de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e os quadris de bronze, as pernas de ferro, e os pés, em parte de ferro e em parte de barro. Enquanto contemplavas a estátua, uma pedra foi cortada, não por mãos humanas, e atingiu os pés da estátua, esmiuçando-os. Então, o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram reduzidos a pó, como a palha debulhada no verão, e o vento os levou sem deixar vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua tornou-se uma grande montanha e encheu toda a terra.

O rei ficou imóvel, os olhos arregalados, pois Daniel havia descrito exatamente o que ele vira em seu sonho. Então, Daniel continuou:

— Esta é a interpretação, ó rei: Tu és a cabeça de ouro, pois sobre ti Deus estabeleceu um reino poderoso. Depois de ti, surgirá outro reino inferior ao teu, representado pela prata. Em seguida, um terceiro reino, de bronze, dominará sobre toda a terra. O quarto reino será forte como o ferro, mas, assim como o ferro quebra tudo, ele mesmo será dividido, representado pelos pés de ferro e barro. Nos dias desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído, nem dominado por outra nação. Esse reino esmiuçará e consumirá todos os outros, mas ele mesmo subsistirá para sempre.

Nabucodonosor caiu de rosto no chão, prostrado diante de Daniel, e exclamou:

— Verdadeiramente, o vosso Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis, e o revelador de mistérios, pois conseguiste revelar este segredo!

O rei cumulou Daniel de presentes, tornou-o governador de toda a província da Babilônia e o fez chefe de todos os sábios do reino. E, por pedido de Daniel, seus amigos Hananias, Misael e Azarias também receberam altos cargos na administração real.

Assim, o nome do Deus de Israel foi glorificado na Babilônia, e todos viram que a verdadeira sabedoria não vem dos homens, mas do Senhor, que revela os mistérios mais profundos àqueles que O buscam com fé.

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