Bíblia em Contos

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Bíblia

**Justiça e Misericórdia no Deserto** (96 caracteres)

**A Justiça e a Misericórdia no Deserto**

O sol escaldante do deserto ardia sobre as vastas extensões de areia, onde o povo de Israel acampava ao pé do monte sagrado. Moisés, homem escolhido por Deus para guiar aquela multidão, sentia o peso da responsabilidade em seus ombros. O Senhor lhe havia dado leis e ordenanças, não apenas para governar o povo, mas para revelar Seu caráter santo e justo. Entre essas leis, uma em especial ecoava em seu coração: *”Não espalharás falsos rumores, nem te coligarás com o ímpio para seres testemunha maldosa.”* (Êxodo 23:1).

Num dia como qualquer outro, enquanto Moisés ensinava os juízes e anciãos sob a tenda da congregação, um caso difícil foi trazido à sua presença. Dois homens, Zebulom e Eliabe, disputavam a posse de um carneiro. Zebulom, um homem de semblante severo, afirmava com veemência:

— Este animal é meu! Eliabe o roubou de meu rebanho quando passávamos pelo vale!

Eliabe, um homem mais jovem e de expressão angustiada, protestava:

— Mentira! Este carneiro nasceu em meu aprisco. Zebulom só o cobiça porque é o mais forte do rebanho!

Os olhos de Moisés percorreram os rostos daqueles homens, buscando a verdade além das palavras. Ele sabia que, segundo a lei do Senhor, não poderia se deixar influenciar pela multidão nem inclinar-se para o pobre em seu juízo (Êxodo 23:2-3). A justiça deveria ser imparcial.

— Tragam testemunhas — ordenou Moisés.

Vários homens se apresentaram, mas suas histórias eram contraditórias. Alguns, claramente intimidados pela presença de Zebulom, murmuravam respostas evasivas. Outros, amigos de Eliabe, exageravam em sua defesa. Moisés então lembrou-se das palavras do Senhor: *”Se encontrares o boi do teu inimigo ou o seu jumento desgarrado, sem falta lho reconduzirás.”* (Êxodo 23:4). Ainda que Zebulom fosse acusador e Eliabe, acusado, a misericórdia deveria prevalecer.

— Há alguém que viu o ocorrido com seus próprios olhos? — perguntou Moisés, firme.

Um silêncio pesado pairou sobre a assembleia. Até que uma voz tímida surgiu do fundo. Era uma jovem pastora, Débora, que costumava levar suas ovelhas para beber água no mesmo riacho.

— Eu vi — ela disse, com voz trêmula. — O carneiro sempre foi de Eliabe. Zebulom tentou levá-lo à força, mas o animal fugiu e foi recapturado.

Zebulom, furioso, gritou:

— Esta menina mente! Ela é amiga da família dele!

Moisés ergueu a mão, silenciando-o.

— A lei do Senhor é clara: não favorecerás o pobre, nem serás parcial para com o grande. Julgarás o teu próximo com justiça (Êxodo 23:6). Débora não tem motivo para mentir, enquanto tu, Zebulom, tens cobiça no coração.

O acampamento ficou em silêncio diante da sentença. Zebulom, envergonhado, baixou a cabeça. Eliabe recebeu seu carneiro de volta, mas Moisés o chamou à parte.

— Lembre-se — disse o profeta, com voz suave mas firme —, o Senhor nos ordena a amar até mesmo nossos inimigos. Se vires o animal de Zebulom perdido, não hesites em ajudá-lo.

Eliabe assentiu, compreendendo que a justiça divina não era apenas sobre dar a cada um o que lhe era devido, mas sobre refletir a bondade de Deus.

**O Descanso da Terra e as Festas do Senhor**

Nos dias seguintes, Moisés continuou a ensinar o povo sobre as leis do Senhor. Ele explicou sobre o ano sabático, quando a terra deveria descansar (Êxodo 23:10-11).

— Por seis anos semearás tua terra e recolherás seus frutos — Moisés proclamou, diante da assembleia. — Mas no sétimo ano a deixarás descansar, para que os pobres do teu povo possam comer, e o que restar será para os animais do campo.

Alguns agricultores murmuravam, preocupados:

— E se não tivermos o suficiente?

Moisés sorriu com paciência.

— O Senhor prometeu que no sexto ano haverá colheita abundante para sustentar três anos! (Levítico 25:20-22). Ele nunca falha em Suas promessas.

Além disso, Moisés anunciou as três festas sagradas que o povo deveria celebrar todos os anos: a Festa dos Pães Ázimos, a Festa da Colheita (Pentecostes) e a Festa da Sega (Tabernáculos) (Êxodo 23:14-16).

— Em todas elas, nenhum homem comparecerá diante do Senhor de mãos vazias — ele declarou. — Cada um trará ofertas conforme a bênção que recebeu.

O povo ouviu com reverência, entendendo que essas leis não eram apenas regras, mas um convite para viver em comunhão com Deus e uns com os outros.

**A Promessa do Anjo e a Terra Prometida**

No final de seus ensinamentos, Moisés compartilhou uma promessa solene:

— Eis que envio um Anjo adiante de vós, para guardar-vos pelo caminho e vos levar ao lugar que preparei (Êxodo 23:20). Não vos rebeleis contra ele, pois não perdoará vossa transgressão, porque o Meu Nome está nele.

O povo tremeu diante dessas palavras. A presença do Anjo do Senhor era ao mesmo tempo consolo e advertência.

— Se obedecerdes a Sua voz e fizerdes tudo o que Eu disser — continuou Moisés —, serei inimigo dos vossos inimigos e adversário dos vossos adversários.

Os israelitas olharam uns para os outros, corações cheios de esperança. A terra prometida, onde manava leite e mel, estava à sua frente. Mas eles sabiam que a jornada exigiria fé, obediência e um coração disposto a seguir a justiça de Deus.

E assim, sob o céu aberto do deserto, o povo de Israel aprendia não apenas a lei, mas o coração Daquele que os amava e os guiava, passo a passo, em direção à Sua promessa.

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