**O Artesão e o Deus Verdadeiro**
Na antiga cidade de Babilônia, sob o sol incandescente que fazia brilhar os tijolos dourados de seus templos, vivia um homem chamado Nabu-iddin. Ele era um artesão habilidoso, conhecido por suas esculturas de deuses e deusas, esculpidas em madeira e adornadas com prata e ouro. Seus ídolos eram cobiçados pelos sacerdotes e nobres, que os colocavam em altares suntuosos, queimando incenso e prostrando-se diante deles em reverência.
Nabu-iddin trabalhava em sua oficina, cercado por lascas de madeira e o brilho metálico de suas criações. Com mãos calejadas, ele talhava um tronco de cedro, transformando-o na figura de Marduque, o deus patrono da Babilônia. Metade da madeira ele usava para alimentar o fogo, assando carne e se aquecendo nas noites frias. A outra metade, ele esculpia cuidadosamente, até que uma forma humana emergisse. Com cinzel e martelo, dava-lhe rosto, braços e pernas. Depois, cobria-o com folhas de ouro, adornando-o com pedras preciosas.
— “Salva-me!” — o artesão dizia, ironicamente, à sua própria criação, enquanto a levantava sobre um pedestal. — “Pois tu és o meu deus!”
Mas o ídolo não respondia. Não se movia. Não via, não ouvia, não falava. Era apenas madeira e metal, obra de mãos humanas.
Enquanto isso, nas ruas estreitas da cidade, um profeta hebreu, enviado por Deus, pregava com voz forte as palavras do Senhor:
— “Assim diz o Senhor, o Rei de Israel, o seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último; além de mim não há Deus. Quem é como eu? Que o proclame e o exponha perante mim! Não tremem diante de mim todos os ídolos dos artesãos, obras sem valor, que eles mesmos adornam?”
As palavras ecoavam, mas muitos riam, apontando para seus deuses de pedra e metal, confiantes em sua falsa proteção.
Nabu-iddin, ouvindo o profeta, sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele olhou para suas mãos, sujas de serragem e pó de ouro, e depois para os ídolos que havia feito. Pela primeira vez, questionou-se:
— “Como pode algo que eu mesmo criei ter poder sobre mim?”
Naquela noite, enquanto a lua banhava a Babilônia em luz prateada, Nabu-iddin teve um sonho. Ele viu um homem sentado em um trono elevado, cercado por serafins que clamavam:
— “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória!”
E uma voz trovejou:
— “Eu sou o Senhor, que fiz todas as coisas, que sozinho estendi os céus e espalhei a terra. Quem anuncia o futuro desde os tempos antigos? Quem o faz conhecer? Não sou eu, o Senhor? Fora de mim não há Deus!”
Ao acordar, o coração de Nabu-iddin ardia. Ele correu para sua oficina e, com um grito de angústia, derrubou os ídolos que havia feito. A prata e o ouro se espalharam pelo chão, e a madeira rachou com um som seco.
No dia seguinte, ele procurou o profeta hebreu e caiu de joelhos.
— “Ensina-me sobre o Deus verdadeiro!” — suplicou.
O profeta sorriu e respondeu:
— “Assim diz o Senhor: ‘Não temas, pois eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas, eu serei contigo; e, quando pelos rios, eles não te submergirão. Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador.'”
Daquele dia em diante, Nabu-iddin não mais esculpiu ídolos. Em vez disso, usou suas mãos para contar a outros sobre o único Deus que ouve, que vê, que fala e que salva. E assim, a verdade de Isaías 44 se cumpriu mais uma vez: os ídolos são nada, mas o Senhor é tudo.