Bíblia em Contos

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A Última Aliança de Josué com Israel (49 caracteres)

**A Última Aliança de Josué**

O sol poente tingia o céu de dourado sobre a terra de Canaã, lançando sombras alongadas sobre as colinas de Siquém. O povo de Israel havia se reunido ali, diante da presença de Josué, seu líder envelhecido, mas ainda vigoroso. Homens, mulheres, crianças e anciãos formavam uma multidão que se estendia até onde a vista alcançava. O ar estava carregado de um solene respeito, pois todos sabiam que aquela seria uma das últimas vezes que ouviriram a voz daquele homem que os conduzira com mão firme desde os dias de Moisés.

Josué, vestido com um manto simples, mas digno, ergueu-se diante deles, apoiando-se em um cajado de madeira envelhecida. Seus olhos, ainda cheios de fogo, percorreram a assembleia antes de ele começar a falar. Sua voz, embora marcada pelos anos, ecoou com clareza:

— Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Há muito tempo, os vossos antepassados, incluindo Terá, pai de Abraão e de Naor, viviam além do Eufrates e serviam a outros deuses. Mas Eu tirei Abraão daquela terra e o conduzi por toda Canaã, multiplicando a sua descendência.’

O povo ouvia em silêncio, imaginando os dias antigos, quando o patriarca Abraão caminhara pela mesma terra sob a promessa divina. Josué continuou, descrevendo como Deus libertara Israel do Egito com mão poderosa, como abrira o Mar Vermelho e os sustentara no deserto.

— Lembrai-vos das pragas que caíram sobre o Egito! — exclamou Josué, erguendo as mãos. — Lembrai-vos de como o Senhor fez o sol parar em Gibeão e a lua no vale de Aijalom, para que vencêssemos os amorreus! Foi Ele quem lutou por vós!

O coração do povo ardia ao recordar os milagres que testemunhara. Mas então, a voz de Josué tornou-se ainda mais solene:

— Agora, pois, temei ao Senhor e servi-O com sinceridade e verdade. Lançai fora os deuses que os vossos pais serviram além do Eufrates e no Egito, e servi somente ao Senhor.

Uma onda de murmúrios percorreu a multidão. Alguns baixaram os olhos, lembrando-se dos ídolos que ainda escondiam em suas tendas ou das práticas herdadas de nações vizinhas. Josué, percebendo a hesitação, ergueu o cajado e declarou com firmeza:

— Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem servireis: se aos deuses a quem os vossos pais serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Porém, eu e a minha casa serviremos ao Senhor!

Aquelas palavras caíram como um desafio sagrado. O povo, comovido, começou a clamar:

— Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir a outros deuses! Foi o Senhor quem nos tirou da escravidão, quem realizou grandes sinais e nos guardou por todo o caminho! Nós também serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus!

Josué, porém, conhecia a instabilidade do coração humano. Fixando neles um olhar penetrante, advertiu:

— Não sereis capazes de servir ao Senhor, pois Ele é Deus santo e zeloso! Não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. Se abandonardes o Senhor para servir a deuses estranhos, Ele se voltará contra vós e vos consumirá, depois de vos ter feito o bem.

Mas o povo insistiu:

— Não! Serviremos ao Senhor!

Então Josué, com um gesto solene, ergueu uma grande pedra e a colocou debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do Senhor.

— Esta pedra será testemunha contra nós — declarou —, pois ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos falou. Será testemunha contra vós, para que não negueis o vosso Deus.

E assim, naquele dia, Josué renovou a aliança entre Israel e o Senhor, escrevendo os estatutos no Livro da Lei de Deus. O povo dispersou-se, mas a pedra permaneceu ali, muda e firme, lembrando a todos da promessa feita sob o céu aberto de Siquém.

Pouco tempo depois, Josué, filho de Num, servo do Senhor, faleceu com cento e dez anos de idade. Foi sepultado nos limites da sua herança, em Timnate-Sera, nas montanhas de Efraim. E enquanto Israel ainda honrava a memória de seu líder, os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, também foram enterrados em Siquém, cumprindo-se assim o juramento feito séculos antes.

E por muitos anos, Israel serviu ao Senhor, enquanto viveram os anciãos que sobreviveram a Josué e que ainda se lembravam de todas as obras que o Senhor fizera por Israel. Mas a pedra sob o carvalho continuava ali, uma testemunha silenciosa de um compromisso que, cedo ou tarde, seria colocado à prova.

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