**A Parábola dos Dois Alicerces**
Era uma tarde quente na Galileia, e uma grande multidão se reunira ao redor de Jesus, ansiosa por ouvir Seus ensinamentos. O Mestre, sentado sobre uma rocha lisa, olhou para o povo com compaixão enquanto o vento suave agitava Suas vestes simples. Ao Seu redor, os discípulos observavam atentos, sabendo que cada palavra que saía de Seus lábios era como semente lançada em solo fértil.
Jesus começou a falar com autoridade, Sua voz ecoando pelas colinas:
— Não basta dizer: ‘Senhor, Senhor!’ para entrar no Reino dos Céus. O que importa é fazer a vontade do meu Pai que está nos céus.
O povo se entreolhou, alguns murmurando, outros refletindo profundamente. Havia entre eles fariseus que confiavam em suas longas orações e rituais, mas o coração deles estava distante de Deus. Jesus, conhecendo seus pensamentos, prosseguiu:
— Muitos virão a Mim no último dia, dizendo: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em Teu nome? Não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres em Teu nome?’ Mas Eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de Mim, vocês que praticam o mal!’
Um silêncio pesado caiu sobre a multidão. As palavras de Jesus eram como uma espada afiada, cortando através das aparências e revelando a verdade dos corações. Ele não queria apenas ouvintes, mas seguidores que vivessem Suas palavras.
Então, para ilustrar Seu ensino, Jesus contou uma parábola:
— Dois homens decidiram construir suas casas. O primeiro, sábio, escolheu um terreno firme e cavou fundo até encontrar a rocha. Com suor e paciência, ele alicerçou sua casa sobre a pedra sólida. Quando veio a tempestade, os ventos rugiram e as águas subiram, mas a casa permaneceu inabalável, pois estava fundada na rocha.
O segundo homem, porém, era imprudente. Querendo economizar tempo e esforço, construiu sua casa sobre a areia, sem alicerce firme. Quando a chuva caiu torrencialmente e os rios transbordaram, os ventos sopraram com fúria contra aquela casa, e ela desabou com um estrondo terrível, sendo totalmente destruída.
Os olhos de Jesus percorreram a multidão, fixando-se em cada rosto.
— Quem ouve as Minhas palavras e as pratica é como o homem sábio que construiu sua casa sobre a rocha. Mas quem ouve e não obedece é como o insensato que edificou sobre a areia. A tempestade virá para todos—aflições, tentações, provações—e só os que estão firmados na Minha palavra permanecerão de pé.
Enquanto Jesus falava, alguns na multidão se lembraram das palavras dos profetas, que também alertaram sobre a importância de obedecer a Deus de todo o coração. Outros, talvez convictos de sua própria hipocrisia, baixaram os olhos, sentindo o peso da verdade.
Ao final, Jesus se levantou, e o povo começou a se dispersar, alguns correndo para contar o que tinham ouvido, outros caminhando em silêncio, ruminando cada ensinamento. Os discípulos, porém, permaneceram perto dEle, sabendo que aquela lição era fundamental.
— Mestre — disse Pedro, admirado —, Tuas palavras são vida. Quem puder entender, que entenda.
Jesus olhou para ele com um sorriso sereno.
— Sim, Pedro. Mas lembre-se: não é o que dizemos que nos salva, mas o que fazemos pela fé. A obediência é o alicerce de tudo.
E assim, sob o céu que começava a se tingir de dourado com o pôr do sol, o Filho de Deus deixou uma lição eterna: a verdadeira sabedoria está em ouvir e praticar a vontade do Pai, pois somente assim resistiremos às tempestades da vida.