**A Noite das Trevas e a Fidelidade dos Santos**
Na antiga cidade de Éfeso, onde o comércio fervilhava e os deuses pagãos eram adorados em magníficos templos, um grupo de cristãos perseverava em meio à crescente apostasia. Eles haviam recebido o evangelho pelas mãos do apóstolo Paulo anos antes, e agora, sob a liderança do ancião Tércio, mantinham-se firmes na fé, mesmo enquanto falsos mestres se infiltravam entre eles como lobos em pele de ovelha.
Entre esses enganadores estava um homem chamado Hermógenes, que outrora havia professado Cristo, mas agora distorcia a graça de Deus em libertinagem. Ele ensinava que, uma vez salvos, os crentes poderiam viver como bem entendessem, pois Deus não os julgaria. Seus seguidores, embriagados por essa falsa doutrina, entregavam-se a festas imorais e zombavam daqueles que ainda guardavam os mandamentos do Senhor.
Numa noite escura, enquanto os cristãos fiéis se reuniam secretamente na casa de uma viúva chamada Lídia, Hermógenes e seus adeptos marcharam pelas ruas, carregando tochas e invocando os nomes de deuses estranhos. Eles haviam decidido que aquela seria a noite em que ridicularizariam publicamente os “fracos na fé”, como chamavam os que se recusavam a se juntar a seus pecados.
Quando chegaram diante da casa de Lídia, bateram com força nos portões, gritando:
— Saiam, santarrões! Por que se escondem? Se o vosso Deus é tão poderoso, por que não O vemos agir?
Dentro, os crentes tremeram, mas Tércio, um homem de cabelos brancos e olhos cheios do fogo do Espírito, levantou-se e disse:
— Irmãos, lembrai-vos das palavras do apóstolo Judas: *”A estes homens compete a condenação pronunciada há muito tempo, pois transformaram a graça de nosso Deus em libertinagem e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.”* Não temais, pois o Senhor julgará os ímpios no tempo devido.
Enquanto isso, do lado de fora, Hermógenes ordenou que seus seguidores arrombassem a porta. Mas, no momento em que tocaram na madeira, um vento forte surgiu do nada, apagando todas as suas tochas e lançando-os para trás. Um silêncio pesado caiu sobre eles, e então, do céu, veio um trovão que ecoou como a voz do próprio Deus.
Hermógenes, antes arrogante, caiu de joelhos, seu rosto pálido de terror.
— O que foi isso? — sussurrou um de seus seguidores, tremendo.
Antes que pudessem fugir, uma luz brilhante iluminou o céu, e uma figura angelical apareceu, não para os crentes dentro da casa, mas para os ímpios do lado de fora.
— Ai daqueles que seguem o caminho de Caim, que se extraviam no erro de Balaão, que perecem na rebelião de Coré! — declarou o anjo com voz que parecia consumir a própria escuridão. — O Senhor conhece os que são seus, mas a vós, filhos da perdição, aguarda o juízo eterno!
Naquela mesma hora, Hermógenes e seus seguidores fugiram em desespero, alguns caindo enfermos, outros enlouquecidos pelo temor que se apoderara deles.
No dia seguinte, a notícia se espalhou por toda Éfeso. Muitos daqueles que haviam se desviado voltaram arrependidos, clamando por misericórdia. Os fiéis, fortalecidos, louvaram a Deus, sabendo que Ele preserva os seus e pune os que insistem em blasfemar contra a verdade.
E assim, mais uma vez, cumpriu-se o que está escrito: *”Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém.”* (Judas 1:24-25)
E os santos perseveraram, sabendo que, mesmo nas noites mais escuras, o Senhor não abandona os que O amam.