**O Dia do Senhor em Jerusalém**
Nos últimos dias, quando o sol se levantava como brasa sobre os montes de Judá, uma agitação começou a se espalhar entre as nações. O Senhor havia falado por meio do profeta Joel, e agora suas palavras estavam prestes a se cumprir com poder e glória.
O vale de Josafá, que significa “O Senhor julga”, começou a ecoar com os passos de exércitos vindos de todas as partes da terra. Reis e comandantes, orgulhosos de sua força, traziam consigo soldados armados com lanças reluzentes e escudos pintados com os símbolos de seus deuses falsos. Eles murmuravam entre si, cheios de arrogância:
— Por que temeremos o Deus de Israel? Seus muros estão quebrados, e seu povo está disperso. O que Ele pode fazer contra nós?
Mas o Altíssimo, sentado em Seu trono celestial, observava com olhos de fogo. Seu coração ardia de zelo por Sião, e o tempo da colheita havia chegado.
**O Chamado das Nações**
O Senhor bradou com voz que fez tremer os céus:
— Reunam-se todos os povos e venham ao vale da decisão! Ali sentarei para julgar as nações que espalharam Meu povo, que dividiram Minha terra e venderam crianças por um par de sandálias.
Os mercadores de Tiro e Sidom, que haviam trocado jovens de Judá por vinho e riquezas, sentiram um frio percorrer suas espinhas. Os filisteus, que zombavam de Israel em suas fortalezas, olharam para o horizonte e viram nuvens negras se formando.
**A Colheita da Maldade**
Então, o Senhor levantou Sua mão, e a terra estremeceu. Os céus se enrolaram como um pergaminho, e o sol escureceu. De repente, no meio do vale, surgiu um lagar imenso, e dele saía o cheiro de vinho fermentado, mas não era vinho—era sangue.
— Pressionem o lagar, pois as nações estão maduras para o juízo! — declarou o Senhor.
Os exércitos que antes marchavam com orgulho agora corriam em desespero. Suas espadas se quebravam como gravetos, e seus cavalos tropeçavam, ensanguentados. O vale de Josafá se encheu de um mar vermelho, não das uvas da terra, mas do sangue daqueles que desafiaram o Deus de Israel.
**A Restauração de Sião**
Enquanto a ira do Senhor consumia os ímpios, um novo dia raiava para o Seu povo. As fontes de Jerusalém, que haviam secado durante o tempo da provação, começaram a jorrar águas límpidas. Os campos, antes devastados por gafanhotos, agora verdejavam com trigo e cevada.
O Senhor declarou:
— Nunca mais permitirei que Meu povo seja humilhado. Habitarei no meio de Sião, e ela será santa.
E assim, enquanto os montes tremiam e o sol se recolhia atrás das nuvens da justiça divina, os sobreviventes das nações caíam de joelhos, reconhecendo que só o Senhor é Deus. E em Jerusalém, os filhos de Judá cantavam um cântico novo:
— Grande é o Senhor, que julga as nações e salva o Seu povo!
E a glória do Senhor cobriu a terra como as águas cobrem o mar.
**Fim.**