**A Justa Medida da Terra Prometida**

Num tempo em que o povo de Israel ainda se lembrava do exílio e das promessas de restauração, o profeta Ezequiel recebeu uma visão divina que revelava não apenas a reconstrução do templo, mas também a justa distribuição da terra. Era um plano sagrado, meticuloso, que refletia a santidade e a equidade do Senhor.

### **A Visão da Terra Dividida**

Ezequiel se viu diante de uma vasta extensão de terra, que se estendia desde as fronteiras do norte até os confins do sul, uma herança sagrada para as tribos de Israel. O Senhor lhe ordenou:

*”Esta terra será dividida por sorteio entre as tribos de Israel, e vós a repartireis como herança, para vós e para os estrangeiros que habitam no meio de vós e que gerarem filhos entre vós. Eles serão para vós como naturais entre os israelitas; convosco participarão da herança no meio das tribos de Israel.”* (Ezequiel 47:22-23)

Mas antes que a divisão fosse feita, o Senhor estabeleceu uma porção sagrada, separada para Ele.

### **A Porção Sagrada**

No centro da terra, uma faixa de vinte e cinco mil côvados de comprimento e dez mil de largura seria consagrada ao Senhor. Dentro dela, um quadrado perfeito de quinhentos côvados de cada lado formaria o santuário, o lugar mais santo de todos. Ao redor, haveria um espaço aberto, uma fronteira sagrada que separaria o divino do profano.

*”Será terra santa, pertencente aos sacerdotes, ministros do santuário, que se aproximam do Senhor para servi-Lo. Eles terão ali suas habitações, e o santuário estará no meio.”* (Ezequiel 45:4)

Ao lado da porção sacerdotal, outra faixa de igual tamanho seria destinada aos levitas, os servos do templo, que não receberiam herança própria, pois o Senhor era sua porção.

### **A Herança do Príncipe**

Além disso, uma porção seria reservada para o príncipe, o líder designado por Deus para governar com justiça. Sua herança ficaria em ambos os lados da porção sagrada, estendendo-se desde o limite oriental até o ocidental.

Mas o Senhor advertiu:

*”Basta, ó príncipes de Israel! Afastai a violência e a opressão, praticai o direito e a justiça, cessai de desapossar o meu povo, diz o Senhor Deus.”* (Ezequiel 45:9)

O príncipe não deveria oprimir o povo, mas governar com equidade, seguindo as ordenanças divinas. Ele seria responsável por prover os sacrifícios e ofertas em nome do povo, garantindo que a adoração fosse feita conforme a lei.

### **As Festas e os Sacrifícios**

A visão também detalhava como as festas solenes seriam celebradas. No primeiro mês, no décimo quarto dia, seria observada a Páscoa, um memorial da libertação do Egito. Por sete dias, o povo comeria pães sem fermento, símbolo de pureza.

O príncipe ofereceria um novilho em sacrifício pelo pecado de toda a nação, e nos sete dias da festa, ele traria holocaustos e ofertas de cereal, cumprindo a expiação perante o Senhor.

Da mesma forma, na Festa dos Tabernáculos, no sétimo mês, o povo se reuniria para lembrar-se da provisão de Deus no deserto. Ofertas seriam queimadas no altar, e o cheiro suave subiria aos céus como aroma agradável ao Senhor.

### **A Justiça nas Medidas**

Ezequiel viu ainda que o Senhor exigia honestidade em todas as coisas.

*”Tereis balanças justas, um efa justo e um bato justo.”* (Ezequiel 45:10)

Nada de fraudes, nada de medidas falsas. O povo deveria agir com integridade, pois o Deus que os redimira era santo e justo.

### **O Cumprimento da Promessa**

Ao final da visão, Ezequiel entendeu que esta divisão da terra não era apenas sobre limites físicos, mas sobre o coração de Deus. Ele desejava um povo que vivesse em santidade, com líderes que governassem com retidão, sacerdotes que ministrassem com pureza e um povo que O adorasse em verdade.

E assim, o profeta registrou fielmente todas as palavras do Senhor, sabendo que um dia, quando Israel fosse restaurado, esta seria a medida da terra prometida—não apenas em côvados e limites, mas em justiça, santidade e temor ao nome do Senhor.

*”E o nome da cidade, desde aquele dia, será: O SENHOR ESTÁ ALI.”* (Ezequiel 48:35)

E assim, a visão se cumpriu não apenas no retorno do exílio, mas na promessa eterna de que Deus habitaria para sempre no meio do Seu povo.