**O Batismo de Jesus e a Pregação de João Batista**
Era uma manhã fresca no deserto da Judeia, onde o sol nascente pintava o céu com tons de ouro e púrpura. O vento suave agitava as folhas secas das árvores esparsas, e o rio Jordão corria sereno, suas águas límpidas refletindo a luz do novo dia. Ali, junto às margens, um homem vestido com uma túnica de pelos de camelo e um cinto de couro atraía multidões com sua voz poderosa. Era João, conhecido como *o Batista*, aquele que fora enviado para preparar o caminho do Senhor, conforme profetizado por Isaías.
João pregava com fervor, exortando o povo ao arrependimento, pois o Reino dos Céus estava próximo. Suas palavras eram como um fogo consumidor, queimando a complacência e despertando os corações endurecidos.
— *Arrependei-vos!* — bradava ele, erguendo as mãos para o céu. — *Porque o machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não produz bom fruto será cortada e lançada ao fogo!*
As pessoas vinham de Jerusalém, de toda a Judeia e das regiões próximas ao Jordão. Homens e mulheres, ricos e pobres, fariseus e publicanos, todos eram confrontados pela mesma mensagem. Muitos, tocados em suas consciências, confessavam seus pecados e eram batizados por João nas águas do rio, simbolizando a purificação de suas almas.
Mas nem todos recebiam suas palavras com humildade. Alguns fariseus e saduceus aproximaram-se, observando com desdém. Eles vestiam túnicas finas e carregavam consigo a certeza de sua própria justiça, confiando em sua linhagem abraâmica. João, porém, percebendo a hipocrisia em seus corações, voltou-se para eles com severidade.
— *Raça de víboras!* — exclamou, fixando neles um olhar penetrante. — *Quem vos ensinou a fugir da ira que está por vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento! E não penseis que basta dizer: “Temos Abraão por pai”, porque eu vos digo que Deus pode fazer surgir destas pedras filhos a Abraão!*
Sua voz ecoava como um trovão, e os líderes religiosos recuaram, perturbados. João continuou, anunciando que aquele que viria após ele era muito mais poderoso.
— *Eu vos batizo com água, para arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu; não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo!*
E então, naquele mesmo dia, enquanto João ainda falava, um homem aproximou-se silenciosamente da margem do rio. Seus olhos eram profundos como o céu noturno, e em seu rosto havia uma serenidade que transcendia a compreensão humana. Era Jesus de Nazaré.
João, reconhecendo-o imediatamente, ficou perplexo.
— *Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?* — disse, hesitante.
Mas Jesus, com um sorriso gentil, respondeu:
— *Deixa por agora, pois assim nos convém cumprir toda a justiça.*
E então, sob o olhar atento da multidão, Jesus entrou nas águas do Jordão. João, com mãos reverentes, o batizou. No momento em que Jesus emergiu, os céus se abriram, e o Espírito Santo desceu como uma pomba, pousando sobre ele. E uma voz ressoou do alto, tão clara e majestosa que todos os presentes tremeram:
— *Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.*
Naquele instante, a missão de João se cumpria, e o ministério terreno de Jesus começava. O Salvador havia sido revelado, e o caminho para a redenção estava aberto a todos os que cressem.