**O Ano do Jubileu do Senhor**
Num pequeno vilarejo nos montes de Judá, chamado Anatote, vivia um homem chamado Jarede. Ele era um dos muitos que, após o exílio babilônico, retornara à terra de seus pais com esperança renovada. No entanto, os anos se passaram, e a pobreza, a desolação e o peso das dívidas oprimiam o povo. Jarede, outrora um tecelão habilidoso, agora mal conseguia sustentar sua família. Sua esposa, Raquel, passava noites em claro, orando por um milagre.
Certo dia, um profeta desconhecido chegou à aldeia. Seu nome era Eliab, um homem de cabelos grisalhos e olhos cheios de fogo, vestido com um manto simples, mas sua presença irradiava uma autoridade divina. Ele se postou na praça central e, com voz que ecoava como um trovão, proclamou as palavras do Senhor:
*”O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para levar boas-novas aos quebrantados; enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos encarcerados; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram.”*
Jarede, que passava pelo local, sentiu seu coração arder. Aquelas palavras eram como água fresca em sua alma ressequida. Ele se aproximou e perguntou:
— Mestre, essas palavras… são para nós?
Eliab fixou nele um olhar penetrante e respondeu:
— Sim, filho de Judá. O Senhor não esqueceu o seu povo. Este é o ano do Jubileu, o tempo em que as dívidas são perdoadas, os escravos são libertos e a terra descansa. O Altíssimo está restaurando o que a locusta devorou.
Naquela mesma semana, algo extraordinário aconteceu. Um grupo de mercadores ricos, movidos por um sonho que tiveram em comum, chegou à vila trazendo provisões: sacos de trigo, azeite, vestes novas e até moedas de prata. Eles declararam que estavam ali para cumprir uma ordem divina — devolver aos pobres o que lhes havia sido tirado.
Jarede, que devia muito a um credor de Jerusalém, recebeu a notícia de que sua dívida havia sido perdoada. Sua família caiu de joelhos, louvando a Deus. Raquel, com lágrimas nos olhos, abraçou os filhos e disse:
— O Senhor transformou nosso pranto em dança!
Mas a restauração não foi apenas material. Muitos na aldeia carregavam feridas mais profundas: ódio, vergonha, culpa. Eliab reuniu o povo e os ensinou sobre o perdão.
— Assim como Deus vos perdoou, perdoai uns aos outros. A verdadeira liberdade começa no coração.
Aos poucos, famílias reconciliadas se abraçaram. Inimigos de longa data apertaram as mãos. E a alegria, como um rio transbordante, encheu Anatote.
No final daquele ano, Jarede e seus vizinhos construíram um altar de pedras não lavradas, como nos dias antigos. Eles ofereceram sacrifícios de gratidão, e Eliab profetizou:
— Esta é apenas a primeira colheita. O Senhor fará de vocês *carvalhos de justiça*, plantados para a sua glória. E todos saberão que foi a mão do Eterno que os restaurou.
E assim, a promessa de Isaías 61 se cumpriu naquela pequena vila — um sinal do Reino que há de vir, onde não haverá mais lágrimas, nem dor, mas apenas a eterna alegria do Jubileu do Senhor.