Bíblia em Contos

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De Lamento a Louvor: A Fé de Ezequias (96 caracteres)

**O Lamento que se Transforma em Louvor**

No coração de Jerusalém, em meio às ruínas que testemunhavam dias melhores, um homem se ajoelhava sobre as pedras frias do templo destruído. Seu nome era Ezequias, um dos últimos fiéis que ainda se lembrava das promessas de Deus em meio ao exílio e à desolação. Seu rosto estava marcado pela angústia, e seus olhos, embora secos, carregavam o peso de incontáveis lágrimas derramadas em segredo.

Ezequias ergueu as mãos para os céus, onde as nuvens pesadas pareciam ecoar sua dor. “Ó Senhor, escuta a minha oração, e chegue a Ti o meu clamor!” Sua voz era rouca, como a de um homem que já havia gritado até não restar mais força. “Não escondas de mim o Teu rosto no dia da minha angústia! Inclina para mim os Teus ouvidos; no dia em que eu clamar, responde-me depressa!”

Seus dedos tremiam enquanto folheava os salmos antigos, escritos por Davi em tempos de guerra e arrependimento. Ele sabia que não era o primeiro a sentir-se assim—abandonado, consumido como feno queimado pelo sol do deserto. Seus dias se dissipavam como fumaça, e seus ossos ardiam como brasa. Até seu coração estava murcho como a erva, tão seco que ele mal conseguia lembrar o sabor da alegria.

Mas então, como um raio de sol furando as nuvens negras, uma verdade mais profunda começou a brilhar em seu espírito. Ele levantou os olhos para além das muralhas caídas, para além do presente amargo, e fixou-os na eternidade. “Tu, porém, ó Senhor, permaneces para sempre, e a Tua memória não será apagada!”

Ezequias começou a ver com os olhos da fé. O mesmo Deus que havia estabelecido os fundamentos da terra, que cobria os céus com as vestes de Sua glória, era Aquele que agora ouvia seu lamento. Ele não era um Deus distante, mas o Redentor que prometera restaurar Sião, que um dia viria em glória para consolar Seu povo.

“Os servos do Senhor habitarão nesta terra outra vez,” murmurou Ezequias, sentindo uma centelha de esperança acender-se em seu peito. “Os filhos dos Teus servos terão uma morada, e a sua descendência será estabelecida perante Ti!”

E então, algo extraordinário aconteceu. O lamento que começara em desespero transformou-se em louvor. Suas palavras, antes carregadas de dor, agora ecoavam a certeza da fidelidade divina. “Desde o princípio Tu fundaste a terra, e os céus são obra das Tuas mãos. Eles perecerão, mas Tu permanecerás; todos eles envelhecerão como uma veste, e Tu os mudarás como um manto, e serão transformados. Mas Tu és o mesmo, e os Teus anos não terão fim!”

Quando Ezequias se levantou, seu rosto já não estava marcado pelo desespero, mas por uma quieta confiança. Ele sabia que sua aflição era passageira, mas a Palavra do Senhor permanecia para sempre. E assim, naquele lugar de ruínas, nasceu um cântico novo—um salmo de dor transformada em esperança, de lamento convertido em adoração.

Pois ele entendera que, mesmo quando o coração se quebra, Deus ouve. E quando o mundo parece desmoronar, Ele ainda reina.

E essa verdade era suficiente.

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