Bíblia em Contos

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A Redenção de Rute e a Justiça de Boaz (96 caracteres)

**A Aliança de Boaz: A Redenção de Rute**

O sol começava a se erguer sobre Belém, tingindo os campos de dourado e anunciando um novo dia. A cidade, ainda envolta na tranquilidade da manhã, despertava lentamente. Boaz, homem de grande integridade e riqueza, já estava de pé, preparando-se para um encontro que mudaria não apenas sua vida, mas também o destino de uma família inteira. Ele sabia que aquele dia não era comum—era o dia em que cumpriria seu dever como *go’el*, o resgatador, conforme a Lei de Moisés.

Vestindo seu manto mais digno, Boaz dirigiu-se ao portão da cidade, o centro das decisões importantes. Ali, os anciãos se reuniam para julgar causas, resolver disputas e validar acordos. O portão não era apenas uma estrutura de pedra, mas um símbolo de justiça e comunidade. Enquanto caminhava, Boaz sentia o peso da responsabilidade. Ele não estava apenas negociando um pedaço de terra, mas assumindo o legado de Elimeleque, seu parente falecido, e o cuidado de Noemi e Rute, a moabita que havia demonstrado lealdade extraordinária.

Ao chegar, Boaz avistou o homem que tinha prioridade no direito de resgate, um parente mais próximo do que ele. Chamando-o pelo nome, Boaz convidou-o a sentar-se junto aos anciãos, que observavam com interesse.

— “Meu irmão”, começou Boaz, sua voz firme e respeitosa, “Noemi, que voltou da terra de Moabe, está vendendo a porção de terra que pertencia a nosso irmão Elimeleque. Eu vim informar-te, pois, como parente mais próximo, tens o direito de resgatá-la antes de qualquer outro. Se desejas fazê-lo, compra-a na presença destes homens. Mas se não quiseres, declara-me, para que eu saiba, pois não há ninguém além de ti para exercer esse direito, e eu sou o próximo depois de ti.”

O homem, considerando a oferta, respondeu prontamente:

— “Eu a resgatarei.”

Mas Boaz, conhecendo plenamente as implicações da Lei, acrescentou:

— “No dia em que comprares a terra das mãos de Noemi, também tomarás Rute, a moabita, viúva do falecido, para suscitar o nome do morto sobre a sua herança.”

Ouvindo isso, o parente hesitou. Resgatar a terra era uma coisa, mas assumir Rute e garantir que o nome de Malom, seu falecido marido, continuasse em Israel, era um compromisso ainda maior. Ele ponderou por um momento, calculando os custos e as responsabilidades. Finalmente, sacudiu a cabeça e disse:

— “Não posso resgatá-la para mim, para que não prejudique a minha própria herança. Toma para ti o meu direito de resgate, porque eu não o posso fazer.”

Era costume naqueles dias que, para confirmar um acordo, um homem tirasse a sandália e a entregasse ao outro como testemunho perante Israel. Assim, o parente descalçou a sandália e a entregou a Boaz, diante dos olhos atentos dos anciãos.

Boaz, então, ergueu a voz para que todos ouvissem:

— “Hoje, sois testemunhas de que comprei tudo o que pertencia a Elimeleque, Quiliom e Malom, das mãos de Noemi. Também tomo Rute, a moabita, viúva de Malom, por esposa, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança, a fim de que o nome do morto não seja eliminado dentre os seus irmãos e da porta da sua cidade. Sois hoje testemunhas!”

Os anciãos e todo o povo que estava no portão responderam em uníssono:

— “Somos testemunhas! Que o Senhor faça esta mulher, que entra na tua casa, como Raquel e como Lia, que juntas edificaram a casa de Israel. Seja tu poderoso em Efrata e celebre o teu nome em Belém. E que a tua casa seja como a casa de Perez, que Tamar deu a Judá, por meio da descendência que o Senhor te der por esta jovem.”

E assim, diante de toda a congregação, Boaz tomou Rute por esposa. O Senhor abençoou a união deles, e Rute concebeu um filho. Quando o menino nasceu, as mulheres de Belém disseram a Noemi:

— “Bendito seja o Senhor, que não deixou de te dar hoje um resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! Ele será para ti um restaurador da vida e um sustento na tua velhice, pois a tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos.”

Noemi tomou o menino nos braços e tornou-se sua ama. As vizinhas lhe deram o nome, dizendo:

— “A Noemi nasceu um filho!” E chamaram-lhe Obede.

Obede foi o pai de Jessé, que foi o pai de Davi. Assim, a fidelidade de Rute e a justiça de Boaz foram entrelaçadas no grande plano de Deus, preparando o caminho para o nascimento do futuro rei de Israel e, muitos séculos depois, do Messias prometido.

A história de Rute e Boaz não foi apenas um conto de amor e redenção, mas um testemunho do cuidado fiel de Deus, que honra os que O temem e cumpre as Suas promessas através da obediência e da graça.

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