Bíblia em Contos

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A Sabedoria de Jesus e a Parábola dos Lavradores Maus

**A Parábola dos Lavradores Maus e a Sabedoria de Jesus**

No calor do pôr do sol em Jerusalém, o Templo brilhava como uma joia dourada, refletindo os últimos raios do dia. As ruas estavam repletas de peregrinos, comerciantes e doutores da Lei, todos agitados pela recente chegada de Jesus, cujos ensinamentos e milagres haviam despertado tanto admiração quanto ódio entre os líderes religiosos.

Foi nesse cenário que os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos se aproximaram de Jesus com olhos afiados como lâminas. Eles não suportavam sua autoridade, sua popularidade entre o povo e, acima de tudo, suas palavras que expunham a hipocrisia deles.

—**”Dize-nos, com que autoridade fazes estas coisas? Ou quem te deu tal autoridade?”**— perguntaram, tentando armar-lhe uma cilada.

Jesus, conhecendo os corações deles, fitou-os com um olhar penetrante e respondeu:

—**”Também vos farei uma pergunta: O batismo de João era do céu ou dos homens?”**

Os líderes ficaram perplexos. Sussurraram entre si, calculando suas palavras. Se dissessem que era do céu, Jesus lhes perguntaria por que não creram nele. Mas se dissessem que era dos homens, temiam a multidão, que considerava João um profeta.

—**”Não sabemos”**— responderam, envergonhados.

—**”Então, Eu também não vos digo com que autoridade faço estas coisas”**— declarou Jesus, deixando-os sem resposta.

### **A Parábola dos Lavradores Maus**

Sem se intimidar, Jesus começou a contar uma parábola, usando imagens vívidas que todos entenderiam:

—**”Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a lavradores e viajou para longe por muito tempo. Na época da colheita, enviou um servo para receber os frutos. Mas os lavradores o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. O dono enviou outro servo, mas também o feriram e o humilharam. Um terceiro foi enviado, e este foi gravemente ferido e expulso.”**

O povo ouvia em silêncio, enquanto os líderes religiosos cerravam os punhos, sentindo o peso daquela história.

—**”Então o dono da vinha pensou: ‘Enviarei meu filho amado; talvez o respeitem.’ Mas quando os lavradores o viram, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro! Vamos matá-lo, e a herança será nossa.’ E, lançando-o fora da vinha, o assassinaram.”**

Jesus então fixou os olhos nos sacerdotes e perguntou:

—**”O que, pois, fará o dono da vinha? Virá, destruirá aqueles lavradores e entregará a vinha a outros.”**

Os ouvintes, chocados, exclamaram:

—**”Deus nos livre!”**

Mas Jesus, sem hesitar, citou as Escrituras:

—**”A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a principal pedra angular. Quem cair sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.”**

Os líderes religiosos compreenderam que a parábola falava deles: eles eram os lavradores maus, e o filho assassinado representava o próprio Cristo, que seria rejeitado e morto. Furiosos, queriam prendê-lo na mesma hora, mas temiam o povo, que o considerava um profeta.

### **A Pergunta Sobre o Tributo a César**

Não desistindo, os inimigos de Jesus enviaram espiões que fingiam ser homens justos, esperando pegá-lo em alguma palavra contra o governo.

—**”Mestre, sabemos que falas e ensinas corretamente e não te deixas influenciar por ninguém. Dize-nos, pois: É lícito pagar tributo a César ou não?”**

Jesus, percebendo a astúcia deles, pediu uma moeda:

—**”Mostrai-me um denário. De quem é esta imagem e inscrição?”**

—**”De César”**— responderam.

Então, com voz serena e poderosa, Jesus proclamou:

—**”Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”**

Maravilhados com sua sabedoria, os espiões calaram-se, sem ter como contestá-lo.

### **A Questão da Ressurreição**

Em seguida, os saduceus, que negavam a ressurreição, aproximaram-se com uma pergunta capciosa:

—**”Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer deixando mulher sem filhos, seu irmão deve casar-se com ela para dar-lhe descendência. Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo, depois o terceiro, até o sétimo, todos morreram sem deixar descendência. Por fim, a mulher também morreu. Na ressurreição, de quem ela será esposa, visto que os sete a tiveram por mulher?”**

Jesus, com paciência divina, respondeu:

—**”Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que são considerados dignos da ressurreição e do mundo vindouro não se casam nem são dados em casamento, pois serão como os anjos, filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.”**

E, para confirmar a realidade da ressurreição, Ele citou o próprio Moisés:

—**”Que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o mostrou na passagem da sarça ardente, quando chama o Senhor de ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Ele não é Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos vivem.”**

Alguns dos escribas, impressionados, disseram:

—**”Mestre, bem disseste!”**

E ninguém mais ousava interrogá-lo.

### **Jesus Questiona os Escribas**

Então, Ele mesmo lhes fez uma pergunta:

—**”Como dizem que o Cristo é filho de Davi, se o próprio Davi, no Livro dos Salmos, declara: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como estrado dos teus pés’? Portanto, se Davi o chama de ‘Senhor’, como pode Ele ser seu filho?”**

O povo ouvia com grande atenção, enquanto os líderes, envergonhados, não conseguiam responder.

### **A Advertência Contra os Escribas**

Dirigindo-se a todos, Jesus advertiu:

—**”Acautelai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, de ser saudados nas praças e de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. Estes receberão condenação mais severa.”**

E assim, com palavras de sabedoria e autoridade, Jesus deixou claro que Seu reino não era deste mundo, e que aqueles que se exaltavam seriam humilhados, enquanto os humildes seriam elevados.

O sol já se punha, e as sombras se alongavam sobre Jerusalém. Mas a Luz do Mundo continuava a brilhar, desafiando as trevas da hipocrisia e revelando o caminho da verdade.

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