Bíblia em Contos

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O Cântico da Cidade Fortificada de Judá (96 caracteres)

**O Cântico da Cidade Fortificada**

Era uma noite escura sobre a terra de Judá, e o povo, cansado de tanto sofrer sob o jugo de nações opressoras, suspirava por alívio. Os velhos se lembravam dos dias de outrora, quando o Senhor operara maravilhas, e os jovens, embora sem ter visto tais glórias, ouviam as histórias com corações ardentes de esperança. Foi então que o profeta Isaías, movido pelo Espírito do Senhor, ergueu sua voz e proclamou uma mensagem que ecoaria por gerações: um cântico de justiça, de confiança e da promessa de uma cidade inabalável.

— **”Naquele dia, este cântico será cantado na terra de Judá!”** — anunciou Isaías, sua voz grave como o trovão, mas suave como o orvalho da manhã.

Os ouvintes se reuniram em volta dele, seus rostos iluminados pelas lamparinas tremeluzentes. O profeta fechou os olhos, como se visse além do tempo, e começou a descrever o que o Senhor lhe revelara:

— **”Nós temos uma cidade forte! O Senhor estabelece nela muralhas e baluartes para nossa salvação!”**

Era como se os céus se abrissem, e os anjos descessem para erguer uma cidade gloriosa, não feita por mãos humanas, mas pela própria mão de Deus. Suas muralhas não eram de pedra comum, mas de justiça divina; seus portões, não de bronze, mas de misericórdia eterna. Nenhum inimigo, por mais feroz que fosse, poderia derrubá-la, pois o Senhor era sua fundação.

Um homem idoso, de barbas brancas e mãos calejadas, perguntou com voz trêmula:

— **”Mas, profeta, como entraremos nessa cidade? Nem todos são justos…”**

Isaías sorriu, pois a pergunta tocava no coração da revelação.

— **”Abri as portas, para que entre a nação justa, que guarda a verdade!”** — declarou ele. — **”O Senhor guarda em perfeita paz aquele cujo propósito está firme, porque confia nEle.”**

Houve um silêncio solene, pois muitos ali haviam vacilado em sua fé, temendo mais os exércitos assírios do que confiando no poder de Deus. Mas o profeta continuou, sua voz agora mais suave, como um pai que consola seus filhos:

— **”Confiai no Senhor para sempre, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna!”**

E então, como se o próprio céu se inclinasse para ouvir, Isaías descreveu o destino dos arrogantes, daqueles que oprimiam o povo de Deus:

— **”Ele humilha os que habitam no alto; abate a cidade elevada, derruba-a até o pó, e os pés dos pobres a pisam, os passos dos necessitados a esmagam.”**

Os ouvintes imaginaram Babilônia, a grande opressora, cujas torres pareciam tocar os céus, sendo reduzida a pó. Imaginaram os tiranos, outrora intocáveis, agora prostrados, enquanto os humildes, que haviam confiado no Senhor, eram exaltados.

Uma jovem, que havia perdido seu pai para a espada dos inimigos, perguntou em voz baixa:

— **”Mas quando, profeta? Quando viremos essa justiça?”**

Isaías olhou para ela com compaixão e respondeu:

— **”Vem, ó meu povo, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas; esconde-te só por um momento, até que passe a indignação.”**

Era um chamado à paciência, à perseverança. Ainda que a noite fosse longa, o amanhecer da redenção certamente viria.

— **”Pois eis que o Senhor sairá do seu lugar para castigar os moradores da terra por sua iniquidade; a terra descobrirá o seu sangue e não encobrirá mais os seus mortos.”**

Houve um arrepio na multidão, pois sabiam que o juízo de Deus era tanto terrível quanto necessário. Mas para os fiéis, havia uma promessa final, uma esperança que nenhuma tribulação poderia apagar:

— **”Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão! Despertai e exultai, vós que habitais no pó, porque o teu orvalho é como o orvalho das ervas, e a terra dará à luz os seus mortos!”**

Era a promessa da ressurreição, um vislumbre da vitória final sobre a morte. Os olhos dos ouvintes se encheram de lágrimas, não mais de tristeza, mas de uma alegria profunda.

Assim, naquela noite, sob um céu estrelado, o povo de Judá recebeu não apenas uma profecia, mas um cântico para sustentar suas almas nos dias difíceis que viriam. Uma cidade forte os aguardava, não apenas em sonhos, mas na promessa do Deus eterno, cuja fidelidade era mais firme que as montanhas.

E enquanto se dispersavam, alguns começaram a cantar baixinho, como que ensaiando para o dia em que toda a terra ecoaria esse hino de vitória.

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