**A Visão dos Escolhidos: Uma Narrativa de Apocalipse 7**
O céu estava envolto em um silêncio solene, como se a própria criação prendesse a respiração. João, o apóstolo exilado na ilha de Patmos, sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto contemplava a visão que se desenrolava diante dele. O sexto selo havia sido aberto, e agora, antes que o sétimo fosse rompido, algo extraordinário acontecia.
Quatro anjos poderosos, vestidos em vestes que brilhavam como relâmpagos, posicionavam-se nos quatro cantos da terra. Seguravam os quatro ventos, impedindo que qualquer brisa, por mais suave que fosse, soprasse sobre a terra, o mar ou as árvores. Seus rostos eram severos, cheios de propósito divino, e João compreendeu que aquela pausa era um momento de misericórdia antes que os juízos finais fossem derramados.
Então, do horizonte celestial, surgiu outro anjo. Seu esplendor era tão intenso que ofuscava o brilho do sol. Em suas mãos, trazia o selo do Deus vivo, um símbolo de autoridade e proteção. Com voz que ecoava como trovão, ele clamou aos quatro anjos:
— **Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos selado os servos do nosso Deus em suas frontes!**
João observou, maravilhado, enquanto uma multidão incontável começou a se formar diante do trono de Deus. Eram homens e mulheres de todas as nações, tribos, povos e línguas. Vestidos de vestes brancas, mais puras do que a neve, cada um deles trazia na fronte o selo do Altíssimo. Suas expressões eram de alegria indescritível, e nas mãos seguravam ramos de palmeiras, símbolo de vitória e adoração.
A cena era tão gloriosa que João sentiu lágrimas escorrerem por seu rosto. Os escolhidos clamavam em uma só voz:
— **Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro!**
Ao redor do trono, os anciãos, os quatro seres viventes e miríades de anjos prostraram-se em adoração, declarando:
— **Amém! Louvor, glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força ao nosso Deus para todo o sempre! Amém!**
Um dos anciãos então se aproximou de João e perguntou:
— **Quem são estes vestidos de branco, e de onde vieram?**
João, humildemente, respondeu:
— **Meu senhor, tu o sabes.**
O ancião sorriu e explicou:
— **Estes são os que vieram da grande tribulação. Lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do trono de Deus e o servem dia e noite no seu templo. Aquele que está assentado no trono estenderá sobre eles a sua tenda. Nunca mais terão fome, nem sede; não os afligirá o sol, nem calor algum. Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os guiará às fontes das águas da vida. E Deus enxugará de seus olhos toda lágrima.**
João caiu de joelhos, sobrecarregado pela magnitude da promessa. Aquela multidão não era apenas um grupo de salvos—era a prova do amor redentor de Deus, que atravessara séculos, tribulações e martírios para reunir um povo santo para Si.
E então, enquanto o céu ressoava com cânticos de louvor, João compreendeu: antes do juízo, havia graça. Antes da ira, havia redenção. E aqueles que perseverassem na fé, mesmo diante da maior das aflições, um dia estariam ali, vestidos de branco, eternamente seguros nos braços do Cordeiro.
E o silêncio que antes pairara no céu foi quebrado por um único som—o som da eterna adoração.