**O Cântico de Davi: A Vitória do Ungido do Senhor**

Naquele dia, quando os últimos raios do sol dourado se escondiam atrás das montanhas de Judá, o rei Davi se encontrava em seu palácio em Jerusalém. Os anos havemarcado seu rosto, mas seu coração ainda ardia com a mesma paixão de quando era um jovem pastor, enfrentando leões e gigantes em nome do Senhor. Agora, cercado por seus homens de confiança e pelos levitas que tocavam harpas, Davi ergueu as mãos aos céus e começou a cantar. Sua voz, grave e cheia de autoridade, ecoou pelos átrios do palácio, e todos silenciaram para ouvir as palavras que brotavam de sua alma.

— **”O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador!”**

E assim começou o cântico de Davi, um hino de vitória e gratidão que narrava os feitos poderosos de Deus em sua vida. Ele recordou os dias sombrios em que Saul o perseguia como uma fera faminta, quando se escondera em cavernas escuras e em terras distantes. Mas mesmo ali, no abismo do desespero, o Senhor ouvira seu clamor.

— **”Das cordas da morte me envolveram; torrentes de destruição me aterrorizaram. Laços do Sheol me cercaram; armadilhas de morte me surpreenderam.”**

Davi fechou os olhos, e em sua mente revivia os momentos em que a morte parecia inevitável. Mas então, como um trovão que rasga o céu, o Senhor agira.

— **”Na minha angústia clamei ao Senhor; gritei por socorro ao meu Deus. Do seu templo Ele ouviu a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos!”**

Com gestos amplos, Davi descreveu como a terra tremera quando o Senhor descera em seu auxílio. Fumaça subira de suas narinas, e fogo consumidor saíra de sua boca, carbonizando seus inimigos. Os céus se escureceram, e nuvens espessas cobriram o firmamento quando o Todo-Poderoso montou em um querubim e voou, veloz como o vento.

— **”Ele inclinou os céus e desceu; trevas espessas estavam debaixo de seus pés. Cavalgou um querubim e voou, planando nas asas do vento!”**

Os presentes estavam maravilhados, pois Davi não apenas cantava, mas vivia novamente cada milagre. Ele descreveu como Deus lançara flechas contra seus inimigos, como relâmpagos que os dispersavam. O mar se abrira, e os fundamentos da terra foram revelados pela repreensão do Senhor.

— **”Ele estendeu a mão desde o alto e me segurou; tirou-me das águas profundas. Livrou-me do meu inimigo poderoso, daqueles que me odiavam, pois eram mais fortes do que eu!”**

Davi então ergueu a voz em triunfo, declarando como o Senhor o resgatara porque nele havia prazer. Ele guardara os caminhos do Altíssimo, não se desviando para a idolatria nem para a injustiça.

— **”O Senhor me tratou conforme a minha justiça; retribuiu-me conforme a pureza de minhas mãos, pois guardei os caminhos do Senhor e não me afastei iniquamente do meu Deus!”**

E então, com um fervor ainda maior, Davi proclamou os atributos de Deus:

— **”Com o fiel Tu Te mostras fiel; com o puro, Tu Te mostras puro; mas com o perverso, Tu Te mostras astuto!”**

Os levitas acompanhavam sua melodia com harpas e címbalos, e o coro respondia em uníssono, celebrando a fidelidade divina. Davi sabia que não fora sua própria força que o levara à vitória, mas a mão do Senhor, que o treinara para a guerra e o fizera invencível.

— **”É Deus que me reveste de força e aperfeiçoa o meu caminho. Ele faz os meus pés como os da corça e me firma nas minhas alturas. Treina as minhas mãos para a batalha, e os meus braços vergam um arco de bronze!”**

E assim, o cântico de Davi se encerrou com uma declaração solene de louvor:

— **”Viva o Senhor! Bendita seja a minha Rocha! Exaltado seja o Deus da minha salvação!”**

Todos caíram de joelhos, reconhecendo que não havia outro como o Deus de Israel. Davi, com lágrimas nos olhos, sabia que cada palavra daquele cântico não era apenas sua história, mas um testemunho eterno do poder, da justiça e da misericórdia do Senhor.

E assim, naquela noite, enquanto as estrelas cintilavam sobre Jerusalém, o cântico de Davi ecoou como um lembrete eterno: **o Senhor é a fortaleza de Seu povo, e em Seu nome, os fracos se tornam gigantes.**