**A Justiça de Deus: Um Estudo sobre Jó 34**
Na vastidão das terras de Uz, onde o sol poente tingia os campos de ouro e púrpura, um homem chamado Eliú, jovem mas cheio de fervor, levantou sua voz para falar. Ele havia ouvido os longos debates entre Jó e seus amigos, e seu coração ardia com um desejo profundo de declarar a verdade sobre a justiça de Deus.
Eliú começou com palavras ponderadas, dirigindo-se não apenas a Jó, mas a todos os que estavam presentes:
— Ouvi-me, homens sábios; prestai atenção, vós que conheceis a verdade. Pois o ouvido prova as palavras, como o paladar prova o alimento. Escolhamos o que é reto e conheçamos entre nós o que é bom.
O vento suave agitava as vestes dos ouvintes enquanto Eliú prosseguia, sua voz ecoando com convicção:
— Jó afirmou: ‘Sou justo, mas Deus me negou justiça’. Ele diz: ‘Não há proveito em agradar a Deus’. Mas eu pergunto a vós: Pode Deus cometer injustiça? Pode o Todo-Poderoso perverter o direito?
Os olhos de Eliú brilhavam com intensidade enquanto ele expunha a soberania divina:
— Se Deus retribuísse ao homem conforme as suas obras, se Ele decidisse recolher o espírito e o fôlego de vida de toda carne, toda a humanidade pereceria juntamente, e o homem voltaria ao pó.
Ele ergueu as mãos para o céu, como se invocasse testemunhas celestiais:
— Considerai isto, ó Jó! Deus não é homem para agir com parcialidade, nem filho do homem para se arrepender. Ele governa com perfeição, e os reinos da terra tremem diante dEle. Quando Ele cala os lábios dos governantes e torna desprezíveis os nobres, é porque conhece os caminhos deles e vê cada passo. Não há trevas nem sombra de morte onde os malfeitores possam se esconder.
Eliú fitou Jó com compaixão, mas sem hesitação:
— Deus não precisa examinar o homem repetidamente; Ele vê tudo de uma vez. Ele quebra os poderosos sem inquérito e põe outros em seu lugar. Pois Ele conhece as obras deles, e numa só noite os transtorna. Ele os atinge por sua impiedade, à vista de todos, porque se desviaram dEle e não consideraram nenhum de Seus caminhos.
O silêncio era profundo, como se a própria criação aguardasse uma resposta. Eliú continuou, sua voz agora mais suave, mas não menos firme:
— Se Deus ficasse em silêncio, se escondesse Sua face, toda a humanidade pereceria. Ele não é obrigado a prestar contas a ninguém, pois governa com justiça infinita. Mas Ele ouve o clamor dos oprimidos e não despreza o pobre. Se Ele reter o fôlego de vida, tudo volta ao pó; se Ele enviar Seu espírito, a criação se renova.
Eliú concluiu com um apelo solene:
— Portanto, Jó, ouve-me! Se tens entendimento, escuta. Pode alguém que odeia a justiça governar? Condenarás o Justo, o Todo-Poderoso, que diz aos reis: ‘Vós sois ímpios’? Ele não faz acepção de príncipes, nem estima o rico mais que o pobre, pois todos são obras de Suas mãos.
Jó permaneceu em silêncio, seu coração ponderando cada palavra. O sol já se pusera, e as primeiras estrelas cintilavam no firmamento, como testemunhas da grandeza dAquele que governa todas as coisas com perfeita justiça.
E assim, naquela noite em Uz, a verdade ecoou: Deus é santo, reto e justo em todos os Seus caminhos. E embora o homem não compreenda plenamente Seus desígnios, uma coisa é certa — Ele jamais erra.