**A Festa do Rei Assuero e a Desobediência da Rainha Vasti**
No majestoso império da Pérsia, no terceiro ano de seu reinado, o poderoso rei Assuero decidiu demonstrar sua grandeza e esplendor a todos os príncipes, nobres e povos sob seu domínio. A capital, Susã, brilhava como uma joia sob o sol, seus palácios adornados com colunas de mármore, cortinas de linho fino e tapeçarias bordadas a ouro e púrpura. O rei, sentado em seu trono de marfim incrustado de pedras preciosas, ordenou que se preparasse uma festa como nunca antes vista.
Por cento e oitenta dias, os convidados mais ilustres das províncias distantes maravilharam-se com a riqueza do império. Banquetes eram servidos em copos de ouro, cada um diferente do outro, enquanto vinho real era derramado em abundância. Músicos tocavam harpas e címbalos, e dançarinas moviam-se graciosamente entre os convidados, seus véus coloridos esvoaçando ao som das melodias. O aroma de especiarias exóticas e carnes assadas enchia o ar, e risadas ecoavam pelos salões.
Ao final desses dias de esplendor, o rei ordenou uma celebração ainda maior, desta vez para todo o povo de Susã, desde o mais nobre até o mais humilde servo. No pátio do jardim do palácio, sob árvores frondosas e fontes de água cristalina, mesas foram postas com iguarias de todas as nações. O vinho corria livremente, e a alegria do rei transbordava sobre seus súditos.
Enquanto os homens festejavam, a rainha Vasti, conhecida por sua beleza incomparável, realizava seu próprio banquete para as mulheres da corte no palácio real. Seus cabelos negros como ébano eram adornados com pérolas, e suas vestes de seda púrpura destacavam sua formosura. As damas da nobreza admiravam sua graça e sabedoria, enquanto compartilhavam histórias e riam juntas.
No sétimo dia da festa, quando o coração do rei estava alegre pelo vinho, ele ordenou aos sete eunucos que serviam em sua presença—Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas—que trouxessem a rainha Vasti diante dele, usando a coroa real. Ele desejava exibir sua beleza aos príncipes e ao povo, pois ela era a joia de seu reino.
Os eunucos partiram imediatamente, atravessando os corredores de mármore até os aposentos das mulheres. Lá, encontraram Vasti rodeada por suas damas, seu rosto sereno iluminado pela luz dourada das lamparinas. Quando transmitiram a ordem do rei, porém, um silêncio pesado caiu sobre o grupo.
Vasti hesitou. Ela sabia que aparecer diante de uma corte embriagada, exibida como um troféu, não condizia com sua dignidade como rainha. Seu coração bateu forte, mas sua voz manteve-se firme quando respondeu:
—Diga ao rei que não irei.
Os eunucos ficaram atônitos. Nunca antes alguém havia desafiado uma ordem direta de Assuero. Temerosos, retornaram ao banquete e relataram as palavras da rainha.
O rosto do rei, antes rubro de alegria, escureceu de fúria. Seus punhos cerraram-se, e os príncipes ao seu redor recuaram, sentindo o perigo no ar. A recusa de Vasti não era apenas uma afronta pessoal—era uma ameaça à ordem do reino. Se a rainha desobedecia publicamente, o que impediria outras mulheres de fazerem o mesmo?
Imediatamente, Assuero convocou seus sábios conselheiros, homens versados nas leis e costumes da Pérsia. Entre eles estava Memucã, o mais eloquente, que declarou:
—A rainha Vasti não pecou apenas contra o rei, mas contra todos os homens do império. Se seu ato ficar impune, todas as mulheres ouvirão e desprezarão seus maridos. Que se decrete, portanto, que Vasti nunca mais compareça perante o rei, e que seu título seja dado a outra mais digna.
O conselho agradou ao rei, e cartas foram enviadas a todas as províncias, em todas as línguas, proclamando que todo homem deveria ser senhor em sua própria casa. Quanto a Vasti, ela foi banida para sempre dos salões reais, seu nome apagado dos registros de honra.
Assim começou a busca por uma nova rainha, uma mulher que não apenas possuísse beleza, mas também sabedoria e humildade. E nos aposentos das virgens, uma jovem judia chamada Ester aguardava, sem saber que o Senhor a havia escolhido para um propósito maior.
E assim, na corte do poderoso Assuero, a soberania de Deus trabalhava nos bastidores, preparando o caminho para a salvação de Seu povo.